Mas se Manuela Ferreira Leite ganhasse as legislativas teríamos um presidente e uma primeira-ministra septuagenários, pessoas que já não estão propriamente na idade com maior vitalidade. A própria Manuela Ferreira Leite percebe-o, ao longo de meses tem vindo a mudar de indumentária par dar um ar de aparentar menos idade do que a que tem, os outdoors de campanha apresentam mesmo alguns retoques de Photoshop para suavizar rugas e disfarçar sinais.
Quer Cavaco Silva, quer Manuela Ferreira Leite mostram sinais evidentes de dependerem cada vez mais dos assessores, a líder do PSD chega a tomar posições que são antecipadas por artigos de Pacheco Pereira e Cavaco Silva evidencia sinais de perda de qualidades intelectuais, as suas intervenções não preparadas chegam a ser anedóticas.
Não será difícil de imaginar o que seriam os diálogos nas reuniões de quinta-feira entre o primeiro-ministro e o presidente, a primeira a queixar-se dos ossos e o segundo a dar conta dos truques para disfarçar dos tremeliques na mão direita. Seriam reuniões assistidas com os assessores a carregar os papéis e a decidirem o essencial, enquanto os governantes entreteriam a tarde a beber um chá e comer umas bolachinhas.
Não é difícil de adivinhar que mais tarde ou mais cedo os portugueses questionar-se-iam sobre quem governa o país, se os políticos eleitos ou assessores desconhecidos. Quer se queira, quer não a idade não perdoa e basta uma ligeira gripe para mandar um primeiro-ministro para a cama. Mais tarde ou mais cedo o país questionará a saúde de Cavaco Silva e a causa dos tremeliques na mão.
Pode dizer-se que quem governa é o primeiro-ministro e que vamos eleger os deputados. Até certo ponto isso é verdade, mas também é verdade que Manuela Ferreira Leite eliminou qualquer hipótese de oposição ou divergência no seu grupo parlamentar e nem sequer tem um número dois no partido. Já quanto à saúde de Cavaco Silva parece ser um tabu, aliás, tudo o que é importante e envolve Cavaco Silva se transforma em tabu.
Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite têm saúde e vitalidade intelectual para governar o país sem serem manietados por assessores? Tenho muitas dúvidas, da mesma forma que duvido que haja vantagem em que o país seja governado por gente que já não é deste tempo.