Onde é que eu já ouvi isto? Esperem, fiz confusão , ouvi qualquer coisa parecida no caso Freeport, também aqui as investigações foram inicialmente orientadas para a possibilidade de ter havido uma reunião entre um tal secretário de Estado de nome Sócrates e um representante da Freeport de nome Pedro. Para apurar se tal reunião se realizou foram ouviudos um tio, até foi de Bentley, e esperou-se que o primo voltasse da China. Não descobriram luvas de um milhão e meio mas sempre ficaram a saber que o primo teve azar ao não conseguir contratos publicitários, usou o nome do primo mas ao que parece nada conseguiu. Azar, mas os investigadores não ficaram de mãos a abanar pois apareceu um vídeo feito em circunstâncias que ninguém percebeu e que alimentou a telenovela.
Mas eu ouso sugerir que em nome da Nação não investiguem os submarinos, até porque com o Verão a aproximar-se e depois de todo o turismo judicial que já foi feito em Londres é mais interessante investigar as pistas sugeridas por bilhetes que apareceram não se sabe muito bem como e orientar o turismo judicial para as ilhas gregas, bem mais interessantes nesta época do que Munique. Munique até poderia ser uma viagem interessantes para os nossos investigadores, a festa da cerveja é irresistível mas os nossos investigadores são abstémios.
Deixemos os milhões de submarinos e em nome da Nação concentremo-nos no caso Freeport, derrubar Sócrates era um favor que fariam ao país, manchar o nome de Durão Barroso era um desastre para o país, ainda por cima perderíamos a nossa maior cunha internacional.
Portanto, concordo com todos os que têm estado, estão e vão continuar calados em relação a processos que podem prejudicar a Nação, a bem da Nação devemos obrigar a José Sócrates a demitir-se e a proteger os nomes de que depende o bem da Nação. Entre os milhões dos submarinos e os bilhetes de um qualquer administrativo da Freeport, devemos investigar os bilhetes, entre os milhares de milhões do caso BPN e os trocos das contas bancárias do ex-presidente do ICN devemos investigar as contas do funcionário, entre a valorização administrativa das acções de políticos no BPN e os desenhos de casas na Covilhã devemos desconfiar dos desenhos de engenharia.
A bem da Nação sejamos cuidadosos com o que investigamos e selectivos na forma como usamos os parcos recursos do Ministério Público. A bem da Nação usemos as investigações para derrubar uns e manter outros.