Ou seja, o congresso passou a ser uma mistura entre telejornal e uma ser a versão mafrense do Speaker’s Corner do Hyde Park, o telejornal para os três candidatos assumidos à liderança do PSD, o Speaker’s corner para os militantes anónimos. Primeiro falam os candidatos, depois quem quiser fica sentado para ouvirem os restantes militantes que se inscreverem, os segundos falarão até que a voz lhe doa, os outros ouvi-los-ão enquanto o traseiro suportar o sacrifício.
Um congresso pensado por Santana Lopes para chegar, ver e vencer, fazendo-se eleger por maioria e aclamação acabou por se transformar num comício conjunto das três candidaturas. Só resta saber se a meio desta tarde as cadeiras estarão viradas para o palco, como é costume, ou se estarão viradas para trás, para os delegados verem a porta de entrada.
Santana organizou o congresso para surpreender os delegados no papel de D. Sebastião mas teve azar, o tempo abriu e os cavaquistas, perante a derrota eminente do seu candidato emprestado pelo CDS tiraram outro D. Sebastião da cartola, agora o papel foi atribuído a Marcelo Rebelo de Sousa. Portanto, os militantes do PSD estão agora confrontados com dois grandes problemas do país, saber se o congresso dura um ou dois dias e se Marcelo Rebelo de Sousa aparece ou não.
Ninguém sabe quanto tempo dura o congresso, o que se vai decidir, quem vai aparecer, quem vai estar até ao fim, nem sequer se sabe se vai haver quórum para qualquer decisão. No fim, os organizadores deste espectáculo triste dirão ao país que são capazes de governar o país!
Enfim, mais um espectáculo triste que o cavaquismo proporciona ao país, cavaquismo que confunde os interesses do grupo de amigos da SLN com o interesse nacional.