DOIS PEDIDO DE DESCULPAS
Gostaria imenso de responder a todos os mails que recebi, agradecer aos muitos comentários e fazer referência aos múltiplos gestos de solidariedade na blogosfera, mas tal não é possível, hoje foi um dia muito difícil pois para além das obrigações profissionais tive que fazer vários contactos, ler dezenas de mails e comentários e, ao mesmo tempo, reflectir sobre os contornos da notícia do 'i'.
Prometo responder nos próximos a todos os que foram solidários com a minha pessoa e com este blogue.
Um segundo pedido de desculpas pelo atraso deste post, resultou de um mau agendamento da hora.
FOTO JUMENTO
Passos Perdidos, Assembleia da República, Lisboa
IMAGEM DO DIA
[Uli Deck/DPA/ZUMA Press]
«ALONG CAME A SPIDER: The Porsche 918 Spyder was presented at media day for the Geneva Motor Show in Switzerland Tuesday.» [The Wall Street Journal]
JUMENTO DO DIA
Paulo Pinto Mascarenhas, grande repórter do 'i'
Sempre me interroguei porque razão o 'i' do jornal do grupo Lena se escreve com letra pequena, ontem percebi a razão dessa opção.
ALGUMAS PERGUNTAS A UM CONHECIDO JORNALISTA DO 'i'
A não ser que se seja jornalista durante o dia e blogger à noite, que se denunciem bloggers enquanto jornalista e organizem, ajudem, encubram ou promovam assaltos a edifícios públicos durante a noite, a relação entre jornalistas e bloggers não é fácil, lembra os tempos em que Mário Soares queria ser primeiro-ministro e Cavaco ansiava pela presidência, os jornalistas desejariam ser bloggers e estes ambicionam ser jornalistas.
Um jornalista pode denunciar um blogger e até o pode "interrogar" com uma bateria de perguntas a título de contraditório, pode proteger as suas fontes mesmo que sejam escroques de calibre muito superior aos "criminosos" procurados pela Interpol, pode proteger o que divulga ao abrigo da lei de imprensa, pode violar todas as leis da República, até pode tentar derrubar um governo criando jornais da sexta ou outro programa qualquer. Mas um blogger não tem direitos, se denuncia está a violar o dever de confidencialidade, não pode usar o anonimato, tem de se expor à vingança, começando pela daqueles que sentem a concorrência de milhares de bloggers independentes.
Mas mesmo assim e fazendo de conta que tenciono escrever um post sobre o artigo do 'i' ouso dirigir algumas perguntas a Paulo Pinto Mascarenhas a título do exercício do direito ao contraditório. Até o desafio a ter a frontalidade de responder em condições de igualdade com este modesto blogger, isto é, dando a face e expondo-se no 'i'.
Aqui ficam as perguntas que a bem do esclarecimento público gostaria de ver respondidas pelo "grande repórter" do 'i':
1. Por que razão a notícia não refere a existência de um email que supostamente me identificava? Quem foi a pessoa que violou o meu direito à privacidade? Essa pessoa é um colaborador do 'i'? O que lhe deu em troca o 'i'? quanto ganha esse colaborador?
2. Por que razão o 'i' não mostrou uma das minhas supostas quebras de confidencialidade como prova?
3. Por que razão o 'i' não entrevistou o ex-director de finanças de Lisboa para o questionar se sente que foi substituído no cargo por causa do blogue? Porque razão o 'i' não pediu ao ministério das Finanças as razões para a não recondução do director em causa?
4. Quem lhe facultou elementos dos processo, designadamente, uma exposição referida na "notícia"? Terá sido o autor dessa exposição?
5. Houve alguma alta entidade do PSD (ainda que tenha caído em desgraça) das relações pessoais dos nomes citados na notícia a sugerir ao 'i' uma notícia sobre o assunto?
6. Por que razão a notícia do 'i' não referiu a substituição de dois altos cargos do fisco?
7. Existe alguma relação, ainda que aparentemente remota, entre a notícia do 'i' e as investigações do Caso BPN? Algum ex-accionista ou amigo de ex-accionista colaborou na produção da notícia do 'i'?
8. Sente que alguma vez denegriu a imagem de algum concidadão premeditadamente com as notícias que publicou no 'i'?
9. É prática habitual dos jornalistas do 'i' questionarem os alvos cidadãos que são alvo das suas notícias sobre as suas opções políticas, sobre os seus envolvimentos político-partidários? Houve alguma relação entre o facto de ter participado no SIMplex e a notícia?
10. Tenciona dar continuidade a este tipo de notícias e denunciar a identidade dos seus colegas do blogue "31 da Armada" que assaltaram aCâmara Municipal de Lisboa para retirarem a bandeira da República, já que esses é que são procurados pela polícia?
Tenho uma amiga que me costuma dizer que Portugal é um T0, é um país tão pequeno onde todos nos conhecemos, todos sabemos quem é amigo de quem, quase dormimos todos na mesma cama.
UMA HOMENAGEM À MINHA COSTELA ESPANHOLA
Por várias vezes aqui me debrucei sobre o medo na sociedade portuguesa, um país onde há muita gente cobarde que sobrevive à custa dos muitos medos. Não sei se por causa da minha costela espanhola ou se devido a um problema de fabrico se esquecerem do parafuso do medo, não sofro desse mal nacional.
Talvez por isso me apeteça recordar uma música da Guerra Civil de Espanha por onde andou um avô que até era português, dos ancestrais espanhóis o currículo ficou por uma passagem pela guerra de Cuba. Felizmente não passei pela guerra colonial graças a muitos jovens corajosos que deram a liberdade, até a dera a muitos cobardes e vermes que viviam da ditadura.
A minha costela vem da minha mãe, por isso escolho a canção ¡Ay Carmela!, aqui interpretada por Ángel Gómez Naharro , foi dedicada às mulheres que lutavam na guerra.
PERSEGUIÇÕES
Já fui perseguido pelo governo, já fui perseguido por apoiar o governo, "porra", começo a ficar irritado com tanta perseguição!
QUANDO O 'i' AINDA NÃO TINHA NASCIDO
Quando o 'i' era ainda um projecto, nem sequer ainda era 'i' foi sondado sobre a possibilidade de ser colunista daquele jornal, na ocasião foi-me pedido sigilo sobre o projecto do novo jornal. Sendo um anónimo poderia muito bem ter desrespeitado esse pedido, mas nunca o fiz, só agora faço referência a isso.
Infelizmente a direcção do 'i' tem agora menos cuidado com os valores éticos dos seus colaboradores.
O ALBERTO JOÃO JARDIM DE SEMPRE
«No espectáculo Uma flor para a Madeira, Jardim disse: "Portugal é tão grande, o nosso coração é tão grande." Surpreenda- -se quem queira. Eu acho natural ele dizê-lo. Tal como ele dizer as parvoeiras - como nenhum político português moderno jamais disse - com que enfeitou discursos, invectivas e provocações. Só que, como o outro que nunca traiu a mulher sem fortes motivações lúbricas, nunca Alberto João Jardim atacou sem um ganho para os seus. Os seus: os madeirenses. Haja alguém, neste país, tão preso às gentes, não às ideias para elas. Jardim é um político. A minha definição de político é muito económica: é aquele que gere bens escassos. Só os fartos podem dar-se ao luxo da coerência. "Aquele senhor Pinto de Sousa lá do 'contenente'..." de anteontem era ontem o "sr. primeiro-ministro, nós queremos agradecer--lhe..." E ontem Jardim era sincero, como anteontem Jardim não o era. Ontem, no elogio, eu sei que ele não nos piscou o olho; anteontem, no insulto, quem não estivesse agarrado às ideias feitas saberia ver-lhe a traquinice. De todos os políticos portugueses, todos, nenhum me agradaria conhecer mais. Mas eu não sou ninguém: nenhum político português, desaparecendo bruscamente, deixaria saudades fundas a tanta gente. E não era do líder, era do homem que é líder. » [Diário de Notícias]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se ainda que sinta um ligeiro sabor a sapo.»
O PAÍS ONDE VIVEMOS
«Portugal já foi um país com uma imprensa de respeito, livre e independente. Hoje, por diversas razões, estamos rendidos ao imediatismo sensacionalista efémero.
À parangona fácil e à desinformação condicionadora. Pouco importa a veracidade ou a pertinência do objecto noticiado. Pouco importa a legalidade no acesso à informação ou a verificação dos factos.
Esta reflexão resulta da análise às constantes "notícias" sobre os apoios que o Simplex (blogue de apoio ao PS nas eleições legislativas) terá recebido por parte do Governo. Apoios, entenda-se, financeiros e logísticos. Fui, como sabem, um dos coordenadores do Simplex. E não recebi nada por isso. Tive uma participação voluntária num projecto que procurava apoiar a vitória do PS nas recentes eleições legislativas; projecto que hoje voltava a liderar. Admito que causámos "estragos", não só porque dominámos o debate na blogosfera (mais de 5000 visitas/dia contra pouco mais de 2000/dia no Jamais), ou porque escrevíamos no Diário Económico todos os dias (juntamente com o Jamais); mas porque fomos uma voz socialista - com força e ouvida - num espaço de comunicação geralmente dominado pela direita e pela extrema-esquerda. Sobre a questão financeira estamos falados. É mentira que o Simplex tivesse alguma vez sido apoiado.
Sobre a questão logística é verdade que as pessoas que escreveram no Simplex tinham informação política. Informação pública e publicitada, entenda-se. Afinal estamos a falar de um blogue político de apoio a um projecto político. Não seria estranho que tal não acontecesse? Não tem o Pacheco Pereira, por exemplo, acesso a informação, quando escreve? Qual é então a notícia? Nenhuma. O interesse jornalístico deste assunto é, como se vê, zero. Já o interesse político é elevado. Importa atacar o PS e o governo socialista, e contribuir para o clima de suspeição e de conspiração. Só assim se entende que uma prática legítima e expectável como é a utilização de informação pública por parte do Simplex seja motivo de apreciação tão escandalosa.
A verdade é que hoje vivemos num país amordaçado. Novamente amordaçado. Já não nos capa a liberdade o ferro da ditadura ou a guilhotina da censura. Já não nos perseguem nem nos ameaçam nas ruas ou no trabalho. Tudo é mais subtil. Disfarçam-se ataques políticos com peças informativas; e jornalistas e directores de jornais assumem o papel dos novos censores. Publicam, sob o manto da imparcialidade, mentiras, meias-verdades e boatos. Tudo que justifique mais uma venda, mais um ataque ao Governo (que vende). Tudo o que menospreze ou condicione a governança do país e os seus principais actores políticos. E queixa-se a direita (ou alguma desta) que não tem liberdade de expressão? Pois para mim tenho que só a direita (e a extrema-esquerda) têm hoje essa liberdade. Liberdade e impunidade. Ser hoje da esquerda socialista e democrática, do PS, é quase um crime de lesa-pátria, o que prova o sucesso da campanha condicionadora do debate público que referi. O exemplo da perseguição ao Simplex é apenas um, entre muitos. É apenas mais um exemplo do estado do país onde vivemos.» [Diário Económico]
Parecer:
Por José Reis Santos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
SÓ DÓI QUANDO ME RIO
«É mais elegante negar que existem. Mas há heróis. Um dos meus é José Romão, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor. É um médico que luta contra o preconceito contra a morfina e a ideia estúpida e malvada que só se deve receitá-la quando se sabe que o doente vai morrer.
Vinha no PÚBLICO de anteontem, escrito por Catarina Gomes. Portugal tinha ficado em quarto lugar na edição de Março da revista Annals of Oncology, que tentava medir o "bom acesso a medicamentos opióides para o tratamento da dor".
Normalmente, Portugal celebra tais feitos conforme o prestígio que atribui aos vencedores. Neste caso, a Áustria, a Dinamarca e a França. O doutor João Romão teve a coragem de vir dizer que Portugal não merece tal honra, porque quase toda a morfina que cá entra não se destina tanto a aliviar as dores de quem cá sofre mas a ser re-exportada para quem sofre alhures.
Associando o efeito analgésico da morfina à morte, estamos a ceder a uma lógica de drogado: "Já que vais morrer, não faz mal ficares viciado". Mas a dor, como lembra e pratica João Romão, não se limita a fazer parte da morte. Faz parte da vida.
E a morfina alivia as dores dos que estão condenados a ficar vivos. "Pode ser usada no tratamento da dor moderada a severa em algumas doenças crónicas", disse ele, mencionando as lombalgias. Saliente-se a dor moderada. Qualquer preconceito é uma forma de preguiça; uma cedência à estupidez de nem sequer pensar no assunto.» [Público]
Parecer:
Por Miguel Esteves Cardoso.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
CS DO MINISTÉRIO PÚBLICO RECUSA POLITIXAÇÃO
«O Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) reafirmou esta terça-feira a sua determinação em impedir a "contaminação do MP por considerações de ordem política" relativamente às posições processuais do procurador-geral da República ou que cada magistrado entenda tomar relativamente ao caso Face Oculta. » [Correio da Manhã]
Parecer:
Ao ponto que isto chegou.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
AGUIAR-BRANCO JÁ FALA DE NOVO GOVERNO
«"Não é do interesse nacional um país sem rumo, sem comandante, sem Governo. Não é do interesse nacional ficar refém das dramatizações teatrais do Governo. Interesse nacional é que o Governo mude a sua atitude", declarou Aguiar-Branco, durante a inauguração da sua sede de campanha, em Lisboa.
"Se o Governo não mudar, então é do interesse nacional mudar de Governo", completou o líder parlamentar social democrata.» [Diário de Notícias]
Parecer:
O problema é que para o conseguir terá de ganhar as directas e depois as legislativas, mas para ir a eleições terá de ter a ajuda do BE e do PCP ou de Cavaco Silva.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Aguiar-Branco se já sabe como vai chegar lá.»
O BRASIL ANDA MUITO PURITANO
«Um anúncio com Paris Hilton, com um vestido minúsculo, de uma marca de cerveja brasileira foi proibido pela entidade que regula a publicidade no Brasil. Está no Youtube e tem milhares de visitas. Veja o vídeo.
A marca da cerveja, "Devassa", já se presta a segundos sentidos. Do libertino à invasão da privacidade alheia, a "loira", fresca que se bebe, anda nas bocas dos brasileiros à custa de publicidade extra, no Youtube, na sequência da nega à publicidade paga na televisão.» [Jornal de Notícias]
A PRENDA DE SOLIDARIEDADE DO RAIM'S BLOG
CASTING PLAYBOY