segunda-feira, março 01, 2010

A bandalheira

Aquilo a que estamos a assistir em Portugal tem uma designação, é uma bandalheira. Bandalheira partidária, bandalheira jornalística, bandalheira judicial, bandalheira presidencial, bandalheira ideológica, o país decidiu esquecer os seus problemas e dedicar-se à bandalheira.

Abate-se uma tragédia sobre a Madeira e assistimos a uma bandalheira, com um Presidente da República a prometer a solidariedade nacional ao mesmo tempo de dá a entender que soube o que o governo tencionava fazer pela comunicação social. A mesma comunicação social a que Fernando Lima recorreu para tentar abandalhar as eleições legislativas promovendo falsas acusações ao governo.

Na justiça e, em particular, no Ministério Público assistimos a uma tal bandalheira que até uma conhecida procuradora-adjunta concluiu que os seus pares deveriam ser escutados para pôr fim à divulgação das escutas de processos manhosos. Por este na dar ainda alguém se lembra de suspender a privacidade, tal como dois deputados queiram que todos os portugueses expusessem na internet a situação fiscal de todos os portugueses, a melhor forma de acabar com a orgia de julgamentos na praça pública promovidos por justiceiros fascistas seria divulgar na internet todas as conversas.

Os jornais decidiram abandalhar-se e os seus directores fazem fila no parlamento para fazerem queixinhas por causa das pressões que supostamente sofreram ao longo destes anos, cada um exibe as cicatrizes resultantes das sevícias a que foram sujeitos. A bandalhice é tal que até o Mário Crespo decidiu armar-se em caga-milhões e foi vender t-shirts aos deputados, parece que quem lhe comprava uma t-shirt a gozar com Sócrates ainda levava um exemplar do seus último artigo sobre a coscuvilhe ocorrida num restaurante de Lisboa.

O maior partido da oposição vive em permanente bandalheira, com candidatos que não são candidatos, não candidatos que se candidatam e mais alguns que ninguém sabe se vão ou não candidatar-se. Uns queriam as directas antes de um congresso que ninguém percebe para que serve, a não ser para eleger Santana Lopes sem directas, outros querem o congresso depois das directas. Todos esqueceram o programa do partido e cada um propõe o que lhe dá na gana para “salvar” o país. Como se tudo isto não bastasse, Manuel Ferreira Leite aproveita o tempo que lhe resta para abandalhar a imagem do país junto de empresários estrangeiros.

A extrema-esquerda, habitualmente muito ciosa dos seus pergaminhos ideológicos, opta agora pela bandalheira ideológica, todas as alianças com a direita têm uma boa justificação à luz dos princípios do marxismo leninismo, agora expurgado do maoísmo e condimentado com o trotskismo. Nem mesmo Alegre escapa a este ambiente de bandalheira, depois de anos a tentar unir a esquerda com a ajuda de Francisco Louçã, namora agora direita de Sócrates para combater a direita de Cavaco que tem tido o apoio parlamentar da mesma esquerda que supostamente queria unir, acabou por ser Ferreira Leite a conseguir no parlamento o que Alegre não conseguiu nos seus fóruns da esquerda, juntar o PCP ao Bloco de Esquerda.