A mesma direita que andou desorientada a falar em refundação anda agora numa grande excitação com as sondagens e a possibilidade de reocupar os lugares do Estado, não refundou nada, não alterou qualquer programa partidário, não tem propostas para o país, mas parece que lhe basta as sondagens, um programa imposto pelo FMI e o velho truque de escolher culpados pelos males do país para justificar todas as medidas.
Por mais que me esforce não vejo em Passos Coelho um político com dimensão para ir além de uma associação de estudantes, fico sempre com a sensação de que para o líder do PSD o mais importante na cabeça é o penteado. Bem se esforça por adoptar uma pose de Estado, por falar com o cuidado que deve ter um pré-governante, mas depois de espremer o que vai dizendo não fica nada.
O mais grave é que o mesmo PSD que andava animado com uma revisão constitucional de viraria o país de pernas para o ar, já deixou de ter propostas, Passos Coelho ainda se saiu com o bitaite da extinção das empresas públicas mas foi o desastre que se viu, desde então pouco mais faz do que comentar as sondagens e as viagens do primeiro-ministro.
Para o líder do PSD a situação económica não sugere quaisquer propostas a não ser banalidades ocasionais, parece estar mais interessado em acompanhar as taxas de juro do mercado secundário da dívida soberana, fico mesmo com a ideia de que a primeira coisa que faz todas as manhãs quando acorda é conferir já chegaram aos oito pontos. Convencido de que o seu score eleitoral está indexado à desgraça do país aguarda tranquilamente por eleições antecipadas marcadas por Cavaco Silva a pedido do FMI.
O problema é que não conheço ninguém, incluindo entre os militantes dos PSD e até no meio dos seus próprios apoiantes, que vejam nele alguém com capacidade para governar este país e muito menos na actual situação. Apostando tudo nas sondagens o PSD faz de conta que não o percebe e começam a aparecer cada vez mais personalidades a exigir a queda no governo, sinal de que receiam que os portugueses acabem por perceber o que eles sabem e, pior do que isso, receando que Sócrates consiga superar esta crise.
Passos Coelho não está à altura de Sócrates e depois do que se viu nas sondagens para as presidenciais nem Cavaco Silva está convencido de que Pedro Passos Coelho consiga levar a direita a uma maioria absoluta. Começa a ser tempo de o PSD perceber que com Passos Coelho não vai lá e personalidades como Marques Mendes ou Filipe Menezes em vez de nos tentarem impingi-lo deveriam começar a pensar em encontrar uma alternativa mais credível para o país.