À laia de declaração de interesses devo começar por dizer que estou à vontade para opinar sobre a temática das chefias do Estado, nunca fui, não sou nem tenho a intenção de vir a chefiar um serviço do Estado e desde que a nomeação das chefias se processa através de falsos concursos que mais não são do que fraudes pagas com dinheiros públicos nem corro o risco de ser convidado. Além disso, considero que o estatuto das chefias não é assim tão bom como se pode pensar ao ver o ministro das Finanças incluir a redução de 900 chefias no PEC IV, se multiplicarmos essas chefias pelos 300 ou 400 euros que se poupa com cada chefia eliminada percebe-se facilmente que a poupança nem dá para uma decoração pobre da sala de embarque do futuro aeroporto de Alcochete.
A promessa de reduzir 900 chefias é, antes de mais, o reconhecimento do falhanço do PRACE e a garantia da desorganização de muitos serviços públicos que vivem num ambiente de incerteza e de instabilidade desde que Teixeira dos Santos e a sua equipa de fedelhos irresponsáveis, incompetentes, arrogantes e mal educados chegou ao Terreiro do Paço. É também um gesto de oportunismo populista de um ministro desorientado que a dois dias da queda de um governo insiste em exibir grupos profissionais como culpado de todos os males.
Só que em matéria de nomeações de chefias Teixeira dos Santos é um péssimo exemplo para o país, foi ele que criou um lugar de controlador financeiro em cada ministérios que supostamente iriam controlar a despesa e foi o que se viu. Foi ele que criou o “provedor de crédito” duplicando as competências do BdP e colocou um dos seus secretários de Estado. Foi ele que inventou um lugar de subdirector-geral de relações internacionais da DGCI para um amigo que nem sequer se deu ao trabalho de vir para Lisboa e ficou no Porto.
Este tique de exibir cabeças lembra outras revoluções que não deram resultado e exibi-las a dois dias da provável queda do governo revela que não abunda a inteligência na cabeça do ministro que continua a lançar a incerteza em milhares de profissionais. Ainda por cima já se tornou evidente que estes cortes simbólicos nas chefias do Estado visam apenas evitar fazer o que a maioria dos portugueses defende, acabar com a infinidade e institutos, fundações e empresas públicas e municipais que foram criadas na última década pois aí sim que estão os inúteis. E, já agora, acabar com o assalto aos gabinetes por afilhados de que o ministério das Finanças é um dos piores exemplos.
Mas a incompetência de Teixeira dos Santos tem sido tão grande que ao que parece é a sua própria cabeça que parece já ter começado a rolar.