Poucos dias depois das manifestações da geração do desenrasca, jovens dos 20 aos setenta anos desiludidos com a vida, eis que há uma outra geração em fase de agitação, é a geração dos jovens do desenrasca. Destes a comunicação não fale, ainda que entre eles existam muitos jornalistas empregados, não costuma fazer manifestações públicas, muito embora sejam jovens incansáveis como poucos, alguns até já têm cabelos brancos e apesar de tudo quanto deram estão a ficar entradotes e não tiveram sequer direito ao um contrato a recibos verdes.
E ao contrários dos enrascados que protestam contra a precariedade, estes têm como ambição beneficiar de uma oportunidade precária, têm feito de tudo para um dia ascenderem a tal estatuto, lamberam botas, bajularam vários chefes, alguns até foram a uma conhecida universidade que fica em Castelo de Vide de onde saíram com um canudo de boy.
Refiro-me, claro, aos famosos boys, aos que por estes dias estão a passar um período muito difícil, uns porque não sabem qual o seu futuro, outros porque ao fim de mais de uma década de sacrifícios vislumbram uma oportunidade. Se fosse noutros tempos, quando os esgotos eram despejados a céu aberto, seria difícil transitar nalgumas artérias da cidade, com tanto boy a fazer xixi pelas calças abaixo sentir-se-ia um fedor insuportável, imaginem o que sofre a bexiga de alguém que durante uma década puseram e dispuseram dos outros e de repente são despromovidos de brigadeiro a soldado raso. Do outro lado o cheiro a xixi também abunda, a excitação é tanta que a regra é a incontinência, a incerteza não ajuda nada a segurar a bexiga.
Os jovens advogados promissores e filhos das melhores famílias socialistas, laicas e republicanas não para o mercado de trabalho mais cedo do que esperava, os jovens tigres das consultoras, gente agressiva, mal formada e sem educação que dominaram os corredores ministeriais receiam voltar ao antigo patrão com a humildade própria de quem não terá cunhas durante alguns anos.
Mas podemos estar descansados, estes não se vão manifestar, não terão o apoio militante do Pintoo Balsemão nem manifestações de solidariedade de um Presidente da República, sofrem em silêncio, uns porque receiam cair do cavalo, outros porque sabem que são mais dos que os cavalos e alguns ficarão apeados.
Para com estes desenrascados, primos dos outros que se dizem enrascados, aqui fica a minha solidariedade, só não lhes mando umas fraldas para incontinentes porque o Sócrates deu-me cabo do vencimento. Boa sorte e que vão para a mãe que vos fez.