Com uma dívida soberana de montante próximo do PIB e a crescer alimentada pelo aumento das taxas de juro e pelo défice orçamental, uma balança comercial desequilibrada cujo défice tende a crescer com o aumento do preço do crude, uma banca com dificuldades de financiamento externo e incapaz de se financiar à base da poupança nacional, a economia portuguesa encontra-se num beco.
Os mercados não confiam numa economia em recessão em que os juros que paga pela divida externa são uma parte cada vez mais significativa da riqueza, os investidores não confiam num país de políticos fracos e onde os tribunais levam uma década a decidir um processo, os funcionários não confiam num governo que durante 5 anos só fez asneiras na Administração Pública, os trabalhadores não acreditam numa economia que só se alimenta de reduções salariais e perdas de direitos, os jovens não têm esperança num país que os rejeita ao mesmo tempo que os obriga a pagar a factura de asneiras do passado.
A solução passa pela exportação mas na última década pouco de investiu na capacidade produtiva, transformaram-se os portos em fontes de rendimento para boys, em vez de se ter apostado na produção de bens transaccionáveis investiu-se tudo nos serviços. Uma boa parte do que exportamos tem um reduzido valor acrescentado ou porque são sectores de mão de obra barata ou porque os produtos exportados têm grandes inputs de matérias-primas importadas. Além disso as exportações são fortemente condicionadas pela conjuntura internacional, que desde a invasão do Iraque tem sido marcada por crises sucessivas.
Estimular a procura interna poderia ajudar a evitar a recessão mas seria adiar e agravar os problemas, aumentar-se-ia o endividamento externo do sector privado e reduzir-se-ia a poupança forçando a banca a financiar-se ainda mais no exterior. Mas como a procura interna depende da política orçamental tal saída está vedada pois um orçamento expansionista conduziria o país à bancarrota quase em termos imediatos.
Há solução para que o país saia deste beco? Há.
O Estado deve eliminar imediatamente todos os institutos, grupos, comissões, fundações, empresas públicas e empresas municipalizadas que foram criados com o único intuito de criar empregos bem remunerados para a burguesia política. Devem ser cortadas todas as despesas que sejam desnecessárias ou que não contribuem para a eficácia dos serviços. Deve ser combatida a evasão fiscal e eliminadas as empresas que praticando a concorrência desleal destroem empresas geridas honestamente para serem competitivas. As empresas devem seguir os mesmos critérios do Estado acabando com a teia de mordomias que promoveram e apostar no investimento e na criação de novas empresas.
A actual classe política está à altura dos actuais desafios que se colocam ao país? Não, e é isso que leva a que este beco comece a ser um beco sem saída.