O ambiente que se vive é de PREC, enquanto uns escolhem ministros outros começam a estudar o mapa da Administração Pública para saberem qual o cargo mais convidativo, faz lembrar o tempo da ocupação das herdades alentejanas ou as corrias do velho oeste, quando os talhões de terreno pertenceriam a quem lá chegasse primeiro. Até parece que a fome vai dar em fartura.
Estão esquecidos das manobras para tentarem destruir Sócrates das mais diversas formas, das exigências de Paulo Portas de saída de Sócrates como condição para aceitar uma coligação envolvendo o PS e de muitas outras manobras para se livrarem de um adversário que temem. A verdade é que a direita sabe muito bem que Pedro Passos Coelho não inspira confiança aos portugueses (nem mesmo a uma boa parte do seu partido) que é um líder com escassos recursos intelectuais, que não tem experiência governativa, que desconhece os dossiers e até duvido que tenha resistência física para uma campanha que vai ser das mais duras a que o país assistiu.
A direita poderá ter vantagem nas sondagens mas agora vai a votos com dois líderes que disputam os mesmos votos, um deles detestado por uma grande parte dos portugueses e odiado, em particular, no PSD e um outro que deve saber melhor as músicas das Doce do que a tabuada orçamental.
Basta observar o ritmo com que Pedro Passos Coelho diz asneiras e é obrigado a recuar, mesmo quando supostamente é bem aconselhado (como sucedeu com o projecto de revisão constitucional) para se perceber que ainda antes da campanha começar já teremos uma colecção de anedotas para contar. Uma coisa é repetir os bitaites do Marco António ou do Miguel Relvas, outra é responder a dezenas de perguntas diárias sob pressão e com um grande cansaço.
Pedro Passos Coelho não está ao nível intelectual de Pedro Santana Lopes, não tem a experiência de Fernando Nogueira nem os conhecimentos de Manuela Ferreira Leite, só para referir os últimos três líderes do PSD derrotados em legislativas, porque é ofensivo para os visados se o compararmos com Sá Carneiro, Sousa Franco, Mota Pinto, Durão Barroso e até mesmo Cavaco Silva, outros cinco dos seus antecessores na liderança do PSD, quatro dos quais foram primeiros-ministros.
Ainda por cima não português que há muito não se tenha apercebido da forma oportunista como Pedro Passos Coelho tem usado a crise internacional em seu favor e, pior do que isso, para chantagear o primeiro-ministro com a realização de eleições antecipadas. Tentou-as com a comissão de inquérito à TVI ou com o orçamento, era evidente para todos os seu desejo de que o país falhasse e acabasse na bancarrota para ganhar eleições e usar o FMI para impor o seu projecto de revisão constitucional e mais algumas parvoíces avulsas que vem dizendo, como o contrato oral ou o fim das empresas públicas.
Agora tem a oportunidade de mostrar o que vale, de propor medidas para cortar a despesa como sempre prometeu, não vai chegar ao poder à custa da bancarrota do país, vai conduzir o país à bancarrota para chegar ao poder, não vai poder encomendar a Sócrates as medidas duras, vai ter que ser ele a propô-las ou a encontrar as alternativas que as evitem.
Estarão os portugueses interessados em entregar o futuro do país a um político tão fraco como Passos Coelho? Tenho muitas dúvidas. Parece-me ser caso para dizer-lhes “Tenham calma!”, tenham calma não vá o Pedro Passos Coelho enterrar o PSD antes de enterrar o país.