quinta-feira, março 31, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




FOTO JUMENTO


Guincho-comum [Larus ridibundus], Terreiro do Paço, Lisboa
  
IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO


Janela em Alcochete [A. Cabral]
JUMENTO DO DIA


Alberto Costa, ministro da Justiça

O ministro Alberto Costa precisou de semanas e de um inquérito criminal para perceber que a situação das remunerações da sua esposa iriam acabar desta forma e fez agora o que devia ter feito no primeiro momento, impedir a situação ou revogar o despacho que favorecia a esposa.
  
«O Ministério Público abriu um inquérito-crime e fez buscas à secretaria-geral do Ministério da Justiça no dia 18 de Março, no âmbito do caso de pagamentos à procuradora Maria Conceição Fernandes, mulher do ministro Alberto Martins.


A abertura do processo-crime por parte do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, cuja existência o Diário de Notícias noticiou no dia 25 de Março, aconteceu três dias depois de a notícia dos pagamentos à mulher do ministro ter sido divulgada pela imprensa. E consta do relatório da Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça a este caso, pedido pelo próprio Alberto Martins.

Este relatório, hoje divulgado, refere que, no dia 18, apareceu nas instalações da Secretaria-geral do Ministério da Justiça uma equipa de magistrados do Ministério Público (MP), juntamente com inspectores da Polícia Judiciária, "munidos de mandato de busca, emitido no âmbito de um inquérito-crime", tendo apreendido vários processos, "dos gabinetes dos membros do Governo e da Direcção de Serviços Jurídicos e de Contencioso". O referido inquérito encontra-se em segredo de justiça.

Entretanto, na terça-feira, o ministro anunciou que decidiu revogar o despacho do ex-secretário de Estado João Correia que autorizou o pagamento de 72 mil euros à procuradora Maria Conceição Fernandes (ver relacionado).» [DN]

 CAVACO, O PSD E OS MERCADOS
  
Se Sócrates é o grande responsável pela situação financeira do país, tal como o acusa Cavaco Silva ao defender uma política de verdade ou ao queixar-se de não ter sido ouvido, seria de esperar que os mercados financeiros reagissem positivamente a uma mudança política. Com as sondagens a darem uma vitória a um partido que espera que o FMI o ajude a rever a constituição, que defende as soluções habitualmente defendida pelos investidores e que a crer na jornalista que mais segredos conhece é um "homem invulgar".
  
Em vez de descerem o rating da república seria de esperar que estivessem na expectativa e perante as sondagens da Marketest até deveriam dar provas de confiança na futura governação do país, até porque Passos Coelho assegurou à Reuters que tinha chumbado o PEC por defender mais austeridade. Mas isso não sucede e vamos aguardar que Cavaco faça uma das suas declarações preferidas, que não devemos criticar as agências de rating. Aliás, espero que se Passos Coelho chegar a primeiro-ministro não se esqueça desta e de outras coisas que tem dito pois corre o risco de os portugueses dizerem que afinal o Pinóquio mora em Belém.

 MAIS UMA DE UM TAL HENRIQUE RAPOSO
  
Vou à coluna de opinião desse tal Henrique Raposo que publica diariamente na página online do Expresso e fico em sobressalto com o que leio, depois deste tempo todo o Supremo Tribunal de Justiça acusa Paulo Pedroso de ter feito tráfico de influências. Fiquei logo com uma ideia no ouvido, o gajo mexeu-se e escapou-se. Interessadíssimo no tema, numa altura em que o Processo Casa Pia se vai desmoronando, vou ler a opinião/novidade:
  
«Em "Lesboa", há uma espécie de código de silêncio que protege os socialistas. E há mesmo silêncios que não se percebem. Na segunda, o telejornal da SIC largou uma notícia que só pode ser considerada uma bomba, mas ninguém pegou na dita bomba política. Parece que anda tudo anestesiado pelo spin socrático. E que bomba é essa? É napalm puro: o Supremo Tribunal de Justiça considera que Paulo Pedroso e/ou pessoas ligadas a Paulo Pedroso tentaram pressionar o normal funcionamento de um processo judicial (Casa Pia, pois claro) . Ou seja, o mais alto tribunal da República acaba de dizer que Paulo Pedroso e/ou pessoas ligadas ao dito tentaram corromper o processo judicial. »
  
Não fiquei esclarecido mas a preocupação aumentou, em "Lesboa" há um código de silêncio, coisa inventada pelos mafiosos sicilianos, a conclusão é óbvia, a omertá socialista protegeu Pedroso e do que protegeu? Ele era pedófilo e ter-se-á escapado, como? Recorrendo ao tráfico de influência. E porque razão ninguém soube? Graças à omertá socialista.
  
Mas os que nos vale é a SIC e o Henrique Raposo, se não fossem eles, que nem sequer têem influência para que o país fique a saber destas coisas eu teria ficado na total ignorância. Mas como o Henrique fica pela denúncia terei de seguir o linke para a SIC e fiquei desiludido, ou o tráfico de influências obrigou a SIC a alterar a notícia, ou foi vítima da omertá socialista ou este Henrique é um grande aldrabão. Não li a acusação que ele tão corajosamente denunciou e que o levou a ficar profundamente indignado por os portugueses não terem sido devidamente informado.
  
É assim o jornalismo português, andam por aí uns idiotas que revelam um profundo desprezo pelos que ainda têm a paciência de os ler ajudando-os a  ganhar a vida.


 

 EFERREÁ POR LULA E PELO DR. LACERDA
  
«Diz o reitor que Lula da Silva, tendo 50 convites de todo o mundo, escolheu a Universidade de Coimbra para o seu honoris causa de hoje. Porquê Coimbra? Nem talvez Lula o saiba, mas eu digo: é uma homenagem a Francisco José de Almeida e Lacerda, o brasileiro Dr. Lacerda. Lacerda nasceu em São Paulo e foi para Coimbra estrear, em 1763, o curso de Matemáticas com que o marquês de Pombal quis retirar o monopólio das leis na velha Universidade. Lacerda voltou para a sua terra, já matemático e astrónomo, isto é, com saberes modernos e precisos para o Brasil: durante dez anos, ele andou pelos rios, florestas e sertões da Amazónia e Mato Grosso, e mais tarde, de São Paulo. Andou desenhando o Brasil, que graças a ele, Dr. Lacerda, ficou com quase todas as fronteiras que já teria definido na independência (1822) e ainda hoje guarda. Olhem o mapa do continente sul-americano: foi o Dr. Lacerda, brasileiro nado e coimbrão emprestado, que o marcou no essencial. Coimbra foi boa escolha, Lula da Silva! Mas Lacerda é ainda mais: o príncipe-regente D. João VI convidou o brasileiro para fazer a primeira travessia africana, costa-a-costa (50 anos antes de Livingstone!). Mas em 1798, o Dr. Lacerda morre a meio caminho, entre Moçambique e Angola. Hoje, Lula devia dedicar o seu doutoramente ao Dr. Lacerda e dizer na nossa língua comum: "Que mundo somos!"» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

 CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS?

«Todos são contra a privatização da Caixa Geral de Depósitos, assunto de que se fala sempre a medo. Agora alguém ganhou alguma coragem, embora só tenha falado de "privatização parcial". Mesmo isso faz sentido? Objectivamente, não.
  
Há uns largos anos atrás fui convidado para escrever uma História da CGD e dela apenas sabia que era uma instituição semi-monopolista onde se faziam filas para ser atendido e se pediam empréstimos à habitação. Fui ver, portanto, num projecto que me levou aos dias de hoje, e conclui que estava ali um bocado do Estado português que vale mais do que o seu valor. Sobretudo agora. 
     
Comecei por tentar perceber porque a Caixa foi criada e porque não havia nada como ela no resto da Europa ocidental. Bem, na verdade havia instituições similares, mas nenhuma que juntasse balcões onde se recebiam depósitos dos tribunais a balcões onde particulares colocavam as suas poupanças. Sabendo como sabia que Portugal em 1876 não era um país desenvolvido, não estranhei que a Caixa representasse um desenvolvimento institucional especial. De certo modo, a sua criação culminou a demorada série de reformas que puseram fim ao "antigo regime" nacional, formalmente morto algumas décadas antes.
  
Mas a Caixa cresceu e o que cresceu foi a sua parte dos depósitos particulares. Cada vez mais gente subia a um esconso no Terreiro do Paço ou se dirigia a uma repartição de Fazenda para lá levar algumas poupanças. Não eram os mais pobres, pois esses não iam aos bancos, e também não eram os mais ricos. Eram aqueles que se interessavam por investir na dívida pública, uma das poucas aplicações de largo espectro existentes no país.
  
E o Estado cedo percebeu o que tinha ali. E cedo percebeu que tinha de ter cuidado porque a prosperidade da Caixa dependia dos depositantes e, por isso, da confiança que eles nela depositavam. Esse pano de fundo, todavia, não escondeu alguns episódios menos felizes. Aliás, sendo uma instituição pública cada vez com maior peso, a sua vida teria de estar cada vez mais ligada à conturbada vida política e financeira do país.
  
O Estado português funciona mal, sempre funcionou: é uma prerrogativa dos países menos avançados. Mas, através da história da Caixa, podemos ver em que medida esse mau funcionamento é reflexo de condições menos favoráveis. E também como o Estado foi melhorando através de diferentes épocas, desde a monarquia, à República, ao Estado Novo e, claro, à democracia. Não há muitos espelhos institucionais de uma tão rica história.
  
Mas houve momentos menos felizes, para dizer o menos. Momentos que nos podem dar ensinamentos sobre alguns nervosismos actuais.
  
O primeiro foi, naturalmente, o da crise financeira de 1890-1892, durante a qual a Caixa viu os seus activos reduzidos na proporção da bancarrota parcial então declarada, de tal modo que durante quase uma década não apresentou as suas contas no Parlamento, como legalmente era obrigada.
  
O segundo momento menos feliz foi o da República, quando mentes mais optimistas quiseram fazer da caixa uma impossível caixa económica universal, e quando as contas do Estado e do país entraram novamente em dificuldades. Durante esse período, o grau de politização da administração da Caixa subiu a níveis porventura altos demais, mas a ditadura e o Estado Novo encarregaram-se de devolver a disciplina. Como a disciplina se estendeu a tudo o que mexia no país, é natural que a vida da Caixa tenha sido tranquila até às novas fontes de perturbação, da revolução de 1974. 
  
A história da Caixa do período democrático foi todavia indelevelmente marcada pela adesão às Comunidades Europeias, em 1986, e pela criação do Mercado Único, em 1992, que levaram à transformação definitiva de uma instituição ainda com laivos de repartição pública num banco comercial como os demais. A Caixa teve de absorver as regras impostas pela integração europeia e, mais uma vez, a voz dos depositantes venceu, agora com um aliado de peso, o da integração europeia.
  
O rol de momentos menos felizes continuou durante esse período, e incluiu a construção da sede central, a polémica compra do Banco Nacional Ultramarino, e alguns episódios de gestão menos sábia por parte de governos.
  
A Caixa também serviu ao longo da sua história como regulador mais ou menos formal, do mercado bancário e financeiro nacional.
  
Todas as contas feitas, as coisas não têm corrido mal. A Caixa é uma boa fonte de receitas para o Estado e uma boa fonte de política financeira, sendo ao mesmo tempo um banco como os outros. Privatizá-la, para quê? Só se for para pagar uma parte da dívida nacional. Mas isso seria bom?
 
Objectivamente, não, pois seria uma parte diminuta da dívida e, mais importante, o que interessa não é tanto pagar a dívida, mas sim garantir que ela não volte a crescer como até aqui, o que deve ser feito obrigando os mercados a dar os sinais correctos, resultado que não seria seguramente ajudado por um resgate artificial. A história acaba sempre por absolver. Mas quem privatizar a Caixa vai ter algum trabalho em passar pelo crivo. Sobretudo agora, que a venderia com um grande desconto. » [Jornal de Negócios]


Autor:

Pedro Lains




 PSD PEDE A PASSOS COELHO PARA TER CUIDADO COM AS ASNEIRAS
  
«Mas houve múltiplos apelos, apurou o DN, a que a direcção do partido tenha mais cautelas na campanha, com críticas quer ao anúncio de subida do IVA, quer ao travão à avaliação de professores.
  
Paulo Rangel foi um dos que fez críticas e recomendaçoes, apesar de em tom de paz. Pediu atenção de Passos para as propostas que vai fazer na justiça, saúde e educação.
   
A questão da mensagem ( e da necessidade de cautelas, sem triunfalismos) passou por várias intervençoes. De Calvão da Siva a Fernando Costa, passando por Jaime Ramos, todos criticaram a admissão de subida do IVA. Duarte Marques, líder da Jota, alertou que o PSD não pode ir para o poder apenas para fazer um pouco melhor.» [ Link]

Parecer:

O mais grave não é sugerirem a Passos Coelho que mude de intenções, é pedirem-lhe para esconder o seu verdadeiro programa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «E o outro é que era o Pinóquio?»

 POBRE CARRILHO
«O antigo ministro da Cultura diz que o "PS vai apostar tudo na vitimização". Já o PSD vai jogar na linha da responsabilidade e apostar numa equipa de Governo forte.
 
"Eu penso que o PS vai apostar tudo na vitimização. Até aqui, os mercados eram os culpados de tudo e nós só precisávamos de confiança, agora é o PSD que é culpado de tudo e já não há nada a fazer. É um modo de fazer política que me faz alguma confusão", disse o ex-ministro de António Guterres à TVI24.» [DE]

Parecer:

Mete dó ouvri este Carrilho, alguém que é o que é hoje graças ao PS e à custa do qual está a conseguir o protagonismo que a direita costuma dar a este tipo de gente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se como em Roma, não se pague a traidores.»

 O OPORTUNISMO JÁ ESTÁ À SOLTA
  
«"Entendo que o Governo está fragilizado mas resta ver se esta é uma medida consciente ou se é uma medida de oportunismo eleitoral, mascarada de impedimento jurídico, porque o Governo estava cheio de determinação e convicção, de imposição de uma forma até pouco democrática até há dias".
  
É desta forma que Macário Correia, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, reage à notícia de que o Governo poderá estar a preparar-se para 'congelar' a introdução de portagens nas quatro SCUT que faltavam, incluindo a Via do Infante, no Algarve. » [Expresso]

Parecer:

As saudades que eu tenho de quando Macário er um jovem saloio de Tavira com ambições de lider marxista-leninista do proletariado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo que está a ser dado pelo PSD, lá fora dizem que são rigorosos enquanto cá dentro é o que se vê.»

 A ANEDOTA DO DIA
  
«O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel afirmou hoje o seu partido conta com a solidariedade do Partido Popular Europeu (PPE), acrescentando que a chanceler alemã, Angela Merkel, "quando vir o Governo do PSD vai respirar de alívio".
  
No final da reunião do Conselho Nacional do PSD, em Lisboa, Paulo Rangel defendeu que "tudo o que se está a passar" em Portugal, "incluindo o que se passou hoje, é da responsabilidade exclusiva do engenheiro Sócrates".» [Expresso]
  
Parecer:

Aliás, respirou de alívio logo que soube que o PSD provocou eleições.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada pelas baboseiras deste insperado representante oficioso da senhora Merkel.»

 CONFIANÇA DOS PORTUGUESES AUMENTOU NOS ÚLTIMOS DOIS MESES

«Segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o indicador de confiança dos consumidores aumentou nos últimos dois meses, Fevereiro e Março, interrompendo o movimento negativo que observava desde Novembro de 2009. Passou de -50,6 em Janeiro, para -49,1 em Fevereiro, antes de passar para -48,4 em Março.

  
A evolução do “moral” dos consumidores é um dado qualitativo importante para antecipar o comportamento da economia, já que o consumo explica quase dois terços da formação do Produto Interno Bruto.» [Jornal de Negócios]
Parecer:

Depois veio a bruxa má de Boliqueime e assustou os consumidores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelos dados do mês de Março.»

 JÁ ANDAM ZANGADOS NO BE
  
«A corrente Ruptura/FER (Frente de Esquerda Revolucionária), liderada por Gil Garcia, prepara-se para romper com o Bloco de Esquerda ao fazer depender a sua continuidade de uma aliança com o PCP, cenário que está excluído.
  
Este ultimato político da Ruptura/FER ainda não foi comunicado formalmente à direção do Bloco de Esquerda, mas a linha estratégica foi assumida publicamente sábado passado por Gil Garcia, durante a festa anual desta corrente interna do BE, na Voz do Operário, em Lisboa.» [DN]

Parecer:

Começa a desagregação do BE?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver»



 FACES OF THE DISPLACED [Boston.com]





 MIRCEA COSTINA