terça-feira, março 08, 2011

Os problemas que o FMI já nos resolveu

O FMI ainda não foi convidado a vir, mas graças à sua preciosa intervenção o país já resolveu muitos dos seus problemas, até programas como o 'Prós & Contras' já estão com dificuldades de agenda e até a Judite Couto nem sabe muito bem quem entrevistar, até porque nas últimas semanas nenhuma personalidade do PSD torceu o pé. Problemas que atormentavam o país, alguns deles há décadas que nos atazanavam o juízo, quase desaparecera. Até o governo quase deixou de ter de se dedicar à árdua tarefa de governar, ministros nem vê-los, apenas Sócrates e Teixeira dos Santos, este apenas quando vai a Bruxelas e usa aquele chapéu à Andropov.

O grande milagre conseguido pelo FMI foi a transformação de um partido que estava de rastos e disponível para eleger qualquer militante num líder num partido disponível para governar e um Pedro Passos Coelho em quem ninguém acreditava tornou-se num candidato a primeiro-ministro que todos bajulam. Até o Miguel Relvas, um modesto gestor tributado numa off-shore de Cabo Verde aparece agora a falar como se fosse vice-predisente do governo.

Os ministros governaram tão tranquilamente como o estão fazendo, para os jornalistas, políticos da oposição e jornalistas este governo resume-se a Sócrates e Teixeira dos Santos, até o coitado do Vieira da Silva, que de vez em quando misturava palpites com bitaites acerca das taxas de juro, desapareceu. Portugal só tem um problema para enfrentar, a falta de pilim, todos os outros estão resolvidos.

Todos os problemas que empolgaram o país desde a corrupção à evasão fiscal, da pobreza à desigualdade na distribuição dos rendimentos, da morte da pesca ao abandono da agricultura, da insegurança À pedofilia, todos foram retirados do debate como se o FMI já os tivesse resolvido. O país tem agora um único problema, saber se deve ou não pedir ao FMI um empréstimo a taxas de juro quase tão elevadas quanto as do mercado a troco de uma cura em que o risco de morte pelo tratamento é tão grande como o da morte pela doença.

Mas para a direita a vinda do FMI resolve o seu maior problema, a falta de um programa, a incapacidade de disfarçar a fome pelos dinheiros dos contribuintes e a ausência de programa.