domingo, março 13, 2011

Semanada

De um Presidente da República espera-se honestidade política, de um economista exige-se rigor e honestidade intelectual e se o Presidente da República for economista espera-se rigor, honestidade política e honestidade intelectual. Ao ignorar a crise internacional para explicar a actual situação económica do país, ao manipular os indicadores económicos para levar a água ao seu moinho e ao fazer tudo isto para desencadear um ataque ao governo Cavaco Silva não foi nem politicamente ou intelectualmente honesto nem sequer foi rigoroso. Se Cavaco é, como se viu nos resultados das eleições presidenciais, o pior Presidente da República inicia o seu segundo mandato como um pequeno presidente de alguns portugueses e, como se isto não fosse suficientemente grave, decidiu dividir os portugueses entre os que o entendem (isto é os que concordam com ele ainda antes de saberem o que vai dizer) e os que dele discordam ou não o interpretam como ele desejam, os primeiros são os portugueses que ele designa de boa-fé, os outros são isso mesmo, os outros, os que não votam nele, os que não concordam com ele, os que ousam discordar, em suma, os outros.

Com a imagem de um Cavaco que depois de não explicar os seus negócios deixou de ser o referencial a honestidade que pretendia ser contrasta a de Ramalho Eanes, um ex-presidente que o apoiou mas que pela segunda vez se vê obrigado a explicar-lhe o que é a honestidade, durante a campanha explicou que por ser honesto recusou ofertas de negócios favoráveis como as das acções da SLN, depois do discurso da tomada de posse o velho general deu uma lição de rigor e honestidade em análise económica ao professor de economia que nunca se engana e raramente tem dúvidas.

Se Cavaco pensava que Sócrates se encolhia com receio de eleições enganou-se, na mesma semana da tomada de posse avançou com mais um programa de austeridade sem dar cavaco a Belém, dispensando os conselhos e solidariedade do Presidente e evitando que um programa económico servisse de instrumento de intriga nas mãos dos assessores anónimos de Belém. Dias depois de encher o peito no discurso da posse Cavaco Silva foi reduzido ao que e até parece um dos líderes da oposição na Líbia, comunica com o mundo através do Facebook e manda os assessores contar à comunicação social as diatribes que Sócrates lhe faz, como a maldade de nada lhe dizer sobre o PEC IV.

A manifestação dos enrascados lá se fez com a ajuda da comunicação social e dos aparelhos partidários, Foi bonito vez jovens da extrema-direita de braço dado com enrascados da extrema direita, crianças que se querem desenrascar quando chegar a sua vez ao colo de velhotes que andam à rasca dos bicos de papagaio, deputados do PCP porque estão á rasca para chegar à idade de serem líderes do partido de mão dada com deputados do BE que se vêm à rasca para parecem jovens de dezoito anos.

Um jovem que anda mesmo à rasca é o Passos Coelho, o Cavaco não gosta dele, o Sócrates já não lhe pede autorização para adoptar programas de austeridade, o Santana Lopes já a pensar em lançar um novo partido, o Pacheco Pereira demarca-se das suas posições e até o Ângelo Correia já não lhe garante emprego na Fomentivest no dia em que os cavaquistas o tirarem da Santana à Lapa.