A grande diferença entre o Sporting e o Benfica (ou o Porto) reside na relação com os novos jogadores, enquanto o Benfica pode contratar jovens e dar-lhes tempo para evoluírem, conhecer a cultura do clube, adaptar-se ao modelo de jogo tendo tempo para se integrarem na equipa, no Sporting espera-se que jogador resolva os problemas do clube logo no primeiro jogo. Os resultados estão à vista e o Sporting vende jogadores cujo valor nunca chega a conhecer e perde as suas jovens promessas porque os resultados da equipa não são compatíveis com as suas ambições. O Benfica ou o Porto atraem jovens valores, o Sporting vê-se forçado a vendê-los a preço de saldo.
Com uma boa parte das empresas portuguesas sucede o mesmo, quando precisam de um quadro optam por valores seguros, profissionais com alguma experiência e resultados demonstrados, desprezando os jovens licenciados. Em vez de apostarem a longo prazo criando os seus quadros e a sua própria cultura de empresa, as empresas portuguesas optam por trazer para o seu seio os vícios alheios a troco de resultados imediatos.
A curto e médio prazo as empresas alcançam os resultados que os clubes não conseguem pois a nossa economia é menos competitiva do que um campeonato regional, os bons negócios resultam muitas vezes de esquemas, de cunhas e de comissões por fora. Se em vez de empresas fossem clubes de futebol ou teriam a ajuda das arbitragens e os seus jogadores eram especialistas em atirar-se para o chão ou depressa desceriam de divisão.
A consequência disso é o país perder todos os anos alguns, senão mesmo uma boa parte, dos seus jovens quadros, que ao aliciante de melhores remunerações oferecidas noutros países acrescentam a forma como são desprezados e desvalorizados pelos empresários portugueses. O perde não só alguns dos seus melhores jovens como perde os muitos milhões de euros que ao longo de mais de vinte anos investiu na sua formação e as próprias empresas perdem um capital precioso que num futuro próximo lhes poderia proporcionar bons resultados.
E enquanto os empresários portugueses optam pela lógica do pato-bravo e desprezam as potencialidades dos mais jovens vem nos jornais que a economia alemã deseja dar emprego aos nossos licenciados, até porque o seus sistema de ensino está com dificuldades em responder à procura de novos quadros. Chegamos ao ridículo de ver uma Alemanha que nos encomenda austeridade ficar com os quadros formados com o nosso dinheiro, o mesmo país que compras os produtos de baixo valor acrescentado aos nossos empresários empedernidos contrata os jovens que estes rejeitaram, o mesmo país cujos dirigentes nos dão lições contratam os técnicos formados em Portugal.
Não admira que na hora de discutir a competitividade os nossos empresários apenas se preocupem em fazer descer os vencimentos, é como os presidentes dos clubes que querem ganhar pontos e apenas se lembram de pressionar as arbitragens, de vez em quando esta estratégia até dá resultado e alguns árbitros mais medrosos até cedem numa ou outra grande penalidade, mas desta forma nenhuma equipa ganha campeonatos.