quinta-feira, março 24, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Danish Siddiqui/Reuters]

«SLEEPING IN A SLUM: A man slept beside a window draped with drying clothes in Dharavi, a Mumbai slum, Wednesday.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Henrique Neto

Henrique Neto é conhecido por um dia alguém o ter convidado para o governo e por ser rico, em termos políticos não vale nada, não pesa nada. Então porque razão Henrique Neto tem hoje um protagonismo político muito superior ao que a sua figura permitiria esperar?

Porque nos tempos de correm basta ser contra Sócrates para se ter tempo de antena e se além disso se puder invocar o estatuto de militante do PS ou em cima disto o de vítima de Sócrates quase se tem direito a cadeira permanente nas duas estações privadas de televisão.

Esta gente começa a enjoar, é uma pena que em Portugal não se siga o princípio que se seguia em Roma, ver-se-iam menos "abutres" a pairar nos céus da política portuguesa.

«"Se eu fosse Presidente da República, não hesitaria hoje quando o primeiro-ministro lá me chegasse com a carta de demissão e dizia-lhe 'não senhor, não aceito. Daqui a um mês, 45 dias ou 80 dias aceito, neste momento não", defendeu Henrique Neto em declarações à Lusa.
"O país não resiste a estar sem Governo num momento em que se vai tratar" de "clarificar a situação política e financeira" de Portugal na União Europeia, sublinhou o socialista.

Embora admita ter dúvidas de que Cavaco Silva tome essa atitude "porque ele não é propriamente uma pessoa muito corajosa nestas circunstâncias", Henrique Neto recomenda que não convoque de imediato eleições caso o Governo se demita hoje na sequência do "chumbo" do Programa de Estabilidade e Cfrescimento (PEC) IV.» [DN]

OPORTUNISMO DESCARADO

O povo costuma dizer que quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é estúpido ou não tem arte, foi precisamente isso que fez o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais com a Portaria n.º 112-A/2011, de 22 de Março, que estabelece as regras de vinculação da administração tributária ao CAAD — Centro de Arbitragem Administrativa.

Primeiro criaram um esquema que permite aos que não querem cumprir com as suas obrigações fiscais negociar a forma como as cumprem num tribunal arbitrário. Agora criaram um novo mercado para a seita do direito fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa que na última década dominou a secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais manipulando a lei tributária de forma a criar soluções de enriquecimento fácil ao cardume de fiscalistas que vivem à custa da evasão e fraudes fiscais.

Desta vez foram mais longe e limitaram o negócio a um grupo restrito de amigos, de que o próprio secretário de Estado e "sus muchachos" fazem parte. Demitido das funções que tem exercido de forma incompetente pode agora exibir o seu diploma de doutorado em direito fiscal mais o currículo de governante do sector para acrescentar aos seus rendimentos uns trocos à conta dos tribunais arbitrais, já que «o árbitro presidente deve ter exercido funções públicas de magistratura nos tribunais tributários ou possuir o grau de doutor em Direito Fiscal.».

Enfim, mesmo a tempo, a portaria tem a data anterior ao dia em que o governo caiu.

A CULPA DA CRISE POLÍTICA É DA NOSSA SENHORA DAS ALFÂNDEGAS

Quando Teixeira dos Santos e o seu secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (um douto rapaz que quando era funcionário da DGCI perdeu os suplementos por ter tido uma má avaliação de desempenho) decidiram acabar com as Alfândegas a comissão de trabalhadores da DGCI foi em romaria a uma capela no Montijo onde está a figura original da Nossa Senhora das Alfândegas.

Agora que tudo estava pronto para acabar com essa instituição que sobreviveu 800 anos até que uns idiotas decidiram poupar no farelo eis que se dá toda esta embrulhada política toda. Eu não sou crente, mas que há aqui a mão da Nossa Senhora das Alfândegas lá isso há, já estou como o outro, “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay"!

COMENTÁRIO DESONESTO

Uma das formas mais baixas e desonestas de desvalorizar as opiniões de algué é atribuir-lhe declarações que não fez ou intenções que não teve, assim basta ajeitar o adversário para mais facilmente atacá-lo.

Tinha lido o artigo de Mário Soares no DN onde este criticou a decisão de Sócrates de não comunicar previamente o PEC ao Presidente da República. Escreveu Soares:

«O primeiro-ministro tem-se esforçado, na resolução da crise, com um zelo patriótico e uma energia pessoal absolutamente excepcionais. Mas cometeu erros graves: não tem informado, pedagogicamente, os portugueses, quanto às medidas tomadas e à situação real do País. Nos últimos dias, negociou o PEC IV sem informar o Presidente da República, o Parlamento e os Parceiros Sociais. Foram esquecimentos imperdoáveis ou actos inúteis, que irão custar-lhe caro. Avisou tão só o líder da Oposição, após a reunião de Bruxelas, pelo telefone. A resposta pública foi-lhe dada no discurso que Passos Coelho proferiu, em Viana do Castelo, muito didáctico, e foi negativa: "Não conte com o PSD para aceitar as novas medidas (negociadas/impostas?) pelos líderes da Zona Euro, reunidos no dia 11 de Março, em Bruxelas." Assim se abre, ao que parece, uma crise política, a juntar às outras que a precederam: financeira, económica (estamos a entrar em recessão), social, ambiental e de valores.»

Henrique Raposo, um militante da causa da direita com residência permanente na edição online do Expresso achou que deveria desvalorizar o apelo feito por Mário Soares a Cavaco. Como dificilmente o poderia fazer com base nos argumentos usados nesse apelo, recorreu ao artigo em que Soares criticou Cavaco:

«Na semana passada, Mário Soares foi bastante duro com José Sócrates . O patriarca disse, e bem, que o comportamento do delfim tinha sido altamente reprovável. E foi mesmo: um primeiro-ministro não pode negociar com Bruxelas nas costas do Parlamento e do Presidente. Isto não é uma mera questão formal. Isto é a essência da democracia. Os ditadores é que despacham sem dar cavaco a mais ninguém. Agora, o dr. Soares vem dizer que isto já não interessa, que não interessa saber quem provocou esta crise . O dr. Soares desta semana está errado. O dr. Soares da semana passada estava certo. Não se pode confiar num primeiro-ministro que por puro autoritarismo ou por mera táctica (quis provocar a crise) não faz aquilo que um líder democrático tem de fazer: respeitar as instituições do seu país. »

No artigo Soares nem assumiu Sócrates como delfim nem considerou os seus actos altamente reprováveis e muito menos permitiu que as suas críticas conduzissem às conclusões a que chegou Henrique Raposo.

Compreendo que Henrique Raposo não goste de Sócrates, acho saudável que o critique, que opine contra ele, que ajude a derrubá-lo. Mas faça-o de forma honesta, sem se socorrer da manipulação de terceiros e, acima de tudo, respeitando a inteligência e a sanidade mental de que o lê. Estou habituado a discordar do que se escreve no Expresso, o que não estou habituado é ter de digerir desonestidade intelectual.

QUE FUTEBOL?! ISTO NÃO É FUTEBOL

«Dois indivíduos encapuzados, à porta de um restaurante do Porto, fazem uma espera e agridem um dirigente do Benfica. Cena seguinte: depois de um jogo da sua equipa no Norte, regressava o presidente do Benfica pela auto-estrada quando alguém lhe lança uma pedra e parte o pára-brisas... Duas hipóteses tolas: o FC Porto (quer dizer, a sua direcção) está por trás das agressões; o Benfica (isto é, a sua direcção) está por trás das agressões... Há explicações plausíveis para qualquer dessas hipóteses. Para uns, os agredidos são do Benfica, logo o culpado é o outro... Para outros, a classificação do FC Porto não precisa destas partes gagas, enquanto o outro clube... Eu tenho outra ideia: o Benfica e o FC Porto (quer dizer, os clubes e quem os representa) não têm nada a ver com aquelas agressões. E tenho um argumento definitivo: porque sim. Esse argumento é que me permite não ser esquizofrénico. No próximo dia 3, estarei na Luz e aplaudirei uma equipa (a minha) ou a outra (a que foi de meu pai) e não me sentirei em qualquer dos casos cúmplice daquelas agressões ou provocações imbecis. Sem um facto ou prova em contrário, recuso- -me aceitar que qualquer dos responsáveis daqueles clubes seja autor daquilo. Sim, eu sei que posso ser surpreendido (já fui algumas vezes ingénuo). Mas sei também que viver em histeria sobre as hipotéticas culpas e maldade dos outros tira-me mais do que me dá.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

VÍTIMA DE BULLYING DESPACHOU O AGRESSOR E TORNOU-SE HERÓI DO YOUTUBE

«O caso ganhou outros contornos devido ao efeito ‘You Tube’: um rapaz norte-americano obeso, farto de ser vítima de bullying na sua escola, resolveu reagir e agredir com violência quem o insultava. O acto ganhou contornos mediáticos quando se tornou êxito na internet, levando professores e pais a discutirem a problemática.

Agora, Casey Heynes, que ficou conhecido por ‘Zangief Kid' por lembrar os golpes da personagem do videojogo ‘Street Fighter', foi ao programa televisivo ‘Today Tonight' explicar o que se passou, dizendo que foi apelidado de ‘gordo'. O jovem diz que chegou a pensar em suicídio por causa dos actos de violência que foi sujeito durante anos e que convive com uma omnipresente "solidão".» [CM]

"JARDIM, A GRANDE FRAUDE"

«"Jardim, a grande fraude" é a visão do jornalista Ribeiro Cardoso da Região Autónoma da Madeira de hoje em que o "modelo de desenvolvimento" imposto por Jardim é um fracasso total. Segundo o autor, a ilha vive muito acima das suas possibilidades e está afogada num mar de dívidas, totalmente dependente do exterior.

Sinopse:

Com 35 anos de autonomia política, Governo próprio e grossas transferências do Orçamento de Estado, a que se juntam 25 anos de generosos fundos comunitários, a Madeira modernizou-se por fora mas não se desenvolveu por dentro.

Apostou no betão (que trouxe grossos benefícios a uma clientela restrita) e «esqueceu-se» do resto. Isto é: tem vias rápidas e túneis, que impressionam turistas e jornalistas apressados, mas apesar de nenhuma região do país ter recebido, proporcionalmente, tanto dinheiro do exterior, a Madeira, ao fim de 35 anos de maiorias absolutas do PSD-M, continua a ser, como antes, uma das regiões mais atrasadas de Portugal, com o maior número de pobres, a maior percentagem de analfabetos e de abandono escolar, as maiores desigualdades sociais, o maior número de funcionários públicos.

Sem indústria, sem agricultura, sem pescas, está de novo a braços com um desemprego e uma emigração maciços. Com a agravante de o regime criado por Jardim ser um simulacro da democracia, uma mancha negra no Portugal de Abril.» [DN]

Parecer:

Mais uma denúncia do jardinismo eleitoralista.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a opinião do Alberto João.»

MANUEL ALEGRE CRITICA CAVACO

«Manuel Alegre quebrou o silêncio e, em plena crise política, lança um duro ataque a Cavaco Silva.

"O Presidente da República, com o devido respeito, fez um discurso que incendiou a vida política e está agora numa estranha passividade", diz ao jornal i o ex-candidato a Belém, referindo-se ao discurso que o chefe de Estado fez na tomada de posse, no qual o governo foi alvo de várias críticas.» [DE]

Parecer:

Pois, mas esquece os seus velhos amigos do BE.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Manuel Alegre porque não critica o BE?»

DÉFICE DE 2010 PODE SER CORRIGIDO

«O défice orçamental de 2010 está em risco de ser corrigido, ultrapassando claramente o valor inferior a 7% que tem sido adiantado pelo Governo, e furando a meta prometida ao país, à Comissão Europeia e aos mercados de dívida. Segundo apurou o Diário Económico, os gastos com as empresas públicas de transporte e o buraco do BPN justificam as dúvidas do Eurostat, que está em conversações com o Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o assunto.

Afinal, o défice do ano passado - o primeiro do longo caminho de consolidação orçamental a que a economia portuguesa está obrigada - poderá superar os 8%, mesmo depois de incorporado o Fundo de Pensões da PT. O Governo poderá ser assim obrigado a reconhecer perante as instituições internacionais que não cumpriu o objectivo do primeiro ano do horizonte de consolidação. Esta má notícia junta-se à crise política instalada, que poderá precipitar a confirmação de eleições antecipadas hoje mesmo, com o chumbo da actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), pelos partidos da oposição.» [DE]

Parecer:

Pobre Teixeira dos Santos, não acerta uma!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se tanta incompetência no Terreiro do Paço.»

BOLSA CAI E JUROS SOBEM

«A esmagadora maioria das empresas cotadas na Bolsa de Lisboa estão a perder valor. Mas entre as 20 que compõem o índice PSI-20 não há nenhuma a valorizar-se.Às 11h30, o índice PSI-20 estava a perder cerca de 1,6%. As maiores descidas percentuais pertencem à Sonae Indústria, Banif, Sonae SGPS, Altri, Brisa, BPI e BES, com quedas superiores a 2%.

No mercado de dívida pública, os juros estão a subir em todos os prazos, à exceção dos 6 anos. No prazo dos 5 anos estavam , pelas 11h, nos 8,226% e nos 10 anos estavam nos 7,8%, de acordo com a Reuters.

Às 9h, também segundo a Reuters (baseada nos dados da Markit), os seguros de crédito relativos à dívida portuguesa estavam a subir. Os CDS subiam 8 pontos base, para os 538 pontos base.» [Expresso]

Parecer:

E Cavaco não previu?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um exame aos conhecimentos de economia de Cavaco Silva.»

PEDRO PASSOS COELHO NÃO GARANTE MANTER IMPOSTOS

«As palavras de Pedro Passos Coelho foram proferidas num jantar com autores de blogues e agora confirmadas à revista "Sábado". Num artigo que será publicado na edição de amanhã, o líder social-democrata afirma que “não pode prometer que não haja aumento de impostos”.

"Ninguém de boa fé pode hoje jurar que não tenha de mexer nos impostos. Eleitoralmente, não vou prometer coisas que não tenha a consciência de poder cumprir. E não são só os impostos", acrescentou Pedro Passos Coelho, justificando esta decisão com a possibilidade "das contas nacionais estarem piores do que informa o Executivo" de José Sócrates.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Vai ter que dizer o que quer.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela campanha eleitoral.»

JÁ FALTOU MAIS PARA FALAREM EM DESPEDIMENTOS

«Criar um “programa atractivo de rescisões por mútuo acordo na função pública”, extinguir governos civis, institutos públicos, fundações e empresas públicas e introdução de limites austeros às remunerações, prémios e indemnizações dos gestores públicos. Estas são algumas das soluções do CDS-PP para ajudar à redução do défice orçamental e da dívida pública para os 4,6% em 2012 e os 3% em 2013, tal como Portugal se comprometeu com Bruxelas. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Andam, andam e chegam lá.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se tempo ao tempo.»

COMISSÁRIO EUROPEU RESPONDE AOS QUE DIZEM QUE PORTUGAL PRECISA DE AJUDA

«“Não está escrito nas pedras que Portugal precisa de recorrer a ajuda financeira”. A afirmação é do comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, numa altura em que o resgate ao país é dado quase como certo, devido à crise política que se sente em torno da discussão parlamentar do novo programa de austeridade. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Cada um que assuma as suas responsabilidades.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pedro Passos Coelho se deseja o FMI ou se agora vai mudar de ideias.»

DESENRASQUEM-SE, DIZ JUNKERS

«O presidente do Eurogrupo deixou esta quarta-feira um aviso a Portugal: se o pacote de medidas que consta do PEC 4, que é votado no Parlamento esta tarde, for chumbado, o país terá de arranjar um PEC com medidas alternativas que garantam a meta de défice para este ano, que é de 4,6%.

Jean-Claude Juncker, que começou a semana a considerar que as medidas apresentadas pelo Governo em Bruxelas eram para cumprir, mesmo que o executivo mudasse, já na terça-feira tinha admitido que, afinal, poderia existir margem para negociar o PEC, podendo substituir-se algumas medidas por outras equivalentes em termos de consolidação orçamental. » [DN]

Parecer:

Ficamos à espera da campanha eleitoral para que Passos Coelho diga como resolveria o problema se vencesse as eleições.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

DESTA VEZ O FCP CONDENOU

«O FC Porto publicou esta quarta-feira um comunicado no seu site oficial sobre o arremesso de pedras à casa do clube em Coimbra.

Na nota, os portistas estranham o silêncio do ministro Rui Pereira sobre o assunto e acrescentam que “estabelecer uma causa-efeito entre o discurso no Estádio da Luz” de Rui Gomes da Silva duas horas antes “e o incidente de Coimbra é mais fácil do que ler nas estrelas o que quer que seja”.» [Público]

Parecer:

Finalmente o FCP condenou a violência!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se a nova postura do FCP de Pinto da Costa e dos Super Dragões.»

O "TRISTE SINA" ESTÁ DE VOLTA!

YVES RUBIN