FOTO JUMENTO
Flor da Quinta da Bela Vista, Lisboa
JUMENTO DO DIA
Augusto Santos Silva
O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, acha que não se pode discordar da política económica do seu governo e acusa a oposição de deserção. E do que acusa o seu colega Teixeira dos Santos que não acertou uma previsão e que anda a adoptar medidas de austeridade a conta-gotas?
«O dirigente socialista Augusto Santos Silva acusou este sábado, em Bragança, aqueles que não apoiarem as medidas de austeridade anunciadas sexta-feira pelo Governo de estarem a «desertar a meio de um esforço nacional».
Para Santos Silva, «aqueles que a meio de um esforço nacional que está a impor tantos sacrifícios aos portugueses, mas que está a ter a compreensão e a colaboração activa do conjunto dos portugueses, desertarem, desertam de um objectivo nacional e não merecem a confiança das pessoas», escreve a Lusa. » [Portugal Diário]
PORTUGUESES DE BOA-FÉ
Lamentavelmente Portugal tem um Presidente da República que apenas se dirige a alguns portugueses, aos que interpretam o que ele diz de forma a não lhe causar incómodos e que por isso os considera portugueses de boa-fé, os outros não contam. Quais são os portugueses de boa fé, os que como Paulo Portas que ficaram eufóricos com os ataques que fez ao governo ou os que como Ramalho Eanes repararam que Cavaco ignorou premeditadamente a maior crise económica internacional para de forma menos honesta culpar Sócrates por todos os males.
Este presidente é um homem sem grande dimensão político, foi assim enquanto primeiro-ministro, foi-o durante o primeiro mandato presidencial e já não restam dúvidas de que continuará a sê-lo.
CAVACO, EANES E A BOA-FÉ
«1. Tem de se ler, ou ouvir, as declarações de Ramalho Eanes sobre o discurso de Cavaco Silva na tomada de posse para melhor se compreender a real necessidade do apelo agora feito pelo PR aos "portugueses de boa-fé" para que interpretem o seu discurso longe de malignas influências.
Lembro que o antigo ex-presidente, emblema da comissão de honra da recente reeleição presidencial, considerou "excessivas" as "acusações" feitas pelo actual PR ao Governo de José Sócrates. Além do mais, Eanes afirmou que o discurso "esqueceu a crise externa e a (sua) influência na nossa própria crise". Teve mesmo a ousadia de dizer o seguinte a propósito do Governo: "Não pode fazer tudo, porque não faz milagres" - e ainda sobre a tal década perdida: "Não é da responsabilidade deste Governo, ou pelo menos não é da responsabilidade exclusiva deste Governo."
Ramalho Eanes terminou essa sua apreciação, aliás, com uma classificação elucidativa: [o discurso foi] "razoável".
Por tudo isto, repito, o apelo do PR aos portugueses de "boa-fé", para que não se deixem contaminar com "uma interpretação abusiva ou distorcida" do seu discurso, não me deixou indiferente. E foi o que eu fiz ontem. Fui ler o que tinha ouvido na tarde de quarta-feira.
2. E li o quê? Bem, li o que gostaria de ter ouvido na recente campanha eleitoral, até pelo cariz ideológico de algumas passagens, e para que todos os portugueses pudessem ter pesado o seu voto de acordo com o real pensamento político de Cavaco Silva. Quando se diz que a verdade deve estar presente no discurso político - e deve! - isso é válido para todos os actores.
Vou citar algumas frases:
"Não podemos correr o risco de prosseguir políticas públicas baseadas no instinto ou em mero voluntarismo."
"É importante reconhecer as empresas e o valor por elas criado, em vez de as perseguir com uma retórica ameaçadora ou com políticas que desincentivam a iniciativa e o risco."
"(...) Não podemos deixar de ver o potencial e a importância dos chamados sectores tradicionais. As vantagens competitivas adquiridas e aprofundadas por estes sectores, bem como a experiência que já têm do mercado internacional, não podem ser desaproveitadas nem vítimas de preconceitos."
"Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático."
"Os portugueses não são uma estatística abstracta."
"O exercício das funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas."
Ou seja, as críticas ao Governo são constantes e directas no discurso de Cavaco Silva. Não é uma questão de boa ou má-fé entre portugueses bons e portugueses malignos. É, tão-só, uma questão de o PR saber o que disse e, sobretudo, perceber a força das suas palavras.
Desde o tempo de Mário Soares (a propósito dos governos de Cavaco Silva...) e do momento em que Jorge Sampaio despediu Santana Lopes que não se ouviam palavras tão duras de um PR para com um Executivo. Esse é um facto.
3. A legitimidade do PR é absoluta. Ele deve dizer aos portugueses aquilo em que acredita. O País quer isso, e precisa disso. O que a sociedade portuguesa com certeza dispensa são erros de cálculo ao mais alto nível e uma dialéctica que anda para trás e para a frente, oscilante, sem convicção. Que ora ousa, ora recua. Cavar diferenças de comportamento significa assumir o que se diz sem tibiezas. O discurso político já possui tanta hipocrisia e falta de convicção que não precisa de ter em Cavaco Silva mais um desses protagonistas.
O PR pode não gostar mas merece ouvir: foi um erro grosseiro ter "esquecido" o peso da conjuntura internacional no momento que vivemos em Portugal. Teria sido um acto de honestidade intelectual admitir que aos erros da governação se somam muitos outros factos que escapam ao controlo do Governo. Se não tivesse cometido essa maldadezinha (nem comparado números de há dez anos quando podia tê-lo feito com os de há três - no desemprego ou no controlo do défice, por exemplo...), teria sido mais credível e não precisaria de ter de recorrer agora aos portugueses de boa-fé. Admitindo que haja outros - e, até, que Ramalho Eanes possa fazer partes deles...» [DN]
Autor:
Por João Marcelino.
OLHAR O JAPÃO A PENSAR EM LISBOA
«Um dia de imagens. Uma maré de tudo, que avança por campos cultivados como para nos mostrar o significado da palavra "inexoravelmente". Os carros a vogar de pescoço mergulhado e traseira alçada, porque a indústria automobilística japonesa os faz de motor à frente. O patinho de plástico e amarelo apanhado no remoinho de ralo de banheira que não são nem um nem outro: é um barco perdido no remoinho de toda uma baía. Um comerciante agarrado à prateleira da sua loja, como se tudo a salvar fosse ela. Carros que desejamos vazios, sabendo que é voto piedoso: há luzes acesas. Os japoneses de Fukushima na emergência de saber que o horror nuclear não acontece só quando o homem quer. Um aeroporto onde o lodo aterrou. Dois homens abraçados, encostados a um pilar, e, se calhar, foi a Natureza que os apresentou. A torre, símbolo de Tóquio, ontem símbolo de Tóquio ontem: com a antena torta. Num vídeo, a surpresa de no previdente Japão ainda haver um candelabro... Em Cândido ou o Optimista, Voltaire pôs Cândido a chegar a Lisboa no dia do terramoto de 1755. O seu amigo Pangloss dizia-lhe que se vivia no melhor dos mundos e a prova era que Cândido acabava a comer pistácios apesar de toda uma vida infeliz. No fim do romance, Cândido, menos optimista, respondia: "É verdade, mas o melhor é cultivarmos o nosso jardim." Os lisboetas viam as imagens de ontem com a suspeita de que não têm cuidado do seu jardim. » [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
FERREIRA TORRES ANDAVA ARMADO COM PISTOLA DE PLÁSTICO
«Avelino Ferreira Torres foi interceptado pela PSP e levado para esquadra, ontem, quando seguia de carro com um amigo, no Porto. Tudo por causa da queixa de um empreiteiro que diz ter sido ameaçado pelo autarca. Na viatura, levava uma pistola de plástico.
A intervenção policial que visou o ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses, ontem de manhã, junto à Avenida da Boavista, não passou despercebida. "Vi um Mercedes C, cinzento, e outro carro a parar mesmo à porta do Horto da Boavista. Do segundo veículo saíram dois homens, que se dirigiram ao Mercedes. Aí deu para ver que era Ferreira Torres, que seguia no banco de trás. Os agentes passaram uma revista ao carro, incluindo à mala. Depois ficaram todos cerca de meia hora a conversar. Logo a seguir surgiu um carro-patrulha, que levou Ferreira Torres", contou uma testemunha.» [JN]
Parecer:
Este velho amigo de Paulo Portas é uma anedota.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
SILVA LOPES PROPÕE IMPOSTO NO CRÉDITO AO CONSUMO
«O economista Silva Lopes defendeu este sábado, em Santarém, a criação de «um imposto enorme» sobre o crédito ao consumo, criticou os cortes na despesa «de uma forma horizontal» e a influência dos «grupos de interesses».
O ex-ministro das Finanças e ex-governador do Banco de Portugal participou no painel «Reformas Económicas/sector produtivo/sector financeiro», no fórum «Reformas Políticas, uma agenda para o futuro», promovido pela JS e pela federação distrital de Santarém do Partido Socialista. » [Portugal Diário]
Parecer:
Faz mais sentido do que aumentar o IVA.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se.»
ANDA GENTE A MAIS À RASCA
«Magalhães de Campos, 79 anos, vendedor reformado, quer um futuro para a juventude. Diana Simões, 19 anos, estudante de Direito, não quer empregos precários, nem recibos verdes. Alcino Pereira, 27 anos, carpinteiro no desemprego, quer um emprego. Estas são as razões de alguns dos manifestantes que abriram o desfile em Lisboa, que foi ganhando corpo à medida que o protesto descia a Avenida.
Com muita música, os manifestantes iniciaram de forma pacifica o desfile em frente ao cinema São Jorge, rumo ao Rossio. A PSP, que marcou presença de forma discreta, com poucos elementos, não quis adiantar qualquer balanço sobre o número de participantes em Lisboa.
Não havia figuras conhecidas da política portuguesa nas primeiras filas do desfile. Mas viam-se alguns políticos em meio aos manifestantes. O PCP fez-se representar pelos seus deputados mais jovens, Rita Rato, João Oliveira, Miguel Tiago e Bruno Dias. Também presentes estavam alguns elementos do Bloco de Esquerda, como a deputada Helena Pinto.» [Público]
Parecer:
A mobilização pelas máquinas partidárias é mais do que evidente.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos deputados que se manifestaram porque razão estão à rasca.»
ALTERADAS AS REGRAS DO FUNDO
«Estas decisões foram assumidas durante uma reunião dos Dezassete países destinada a definir o princípio de uma resposta global para a crise da dívida soberana que só ficará concluída numa cimeira dos Vinte e Sete da União Europeia (UE) a 24 e 25 de Março.
A grande novidade da reunião está no acordo dos Dezassete para autorizar o fundo de socorro (EFSF) a comprar dívida soberana no mercado primário, o que permitirá aliviar a pressão sobre os países mais frágeis e com dificuldades de financiamento.
Em contrapartida, as compras no mercado secundário estão, pelo menos por agora, excluídas, devido à oposição da Alemanha e vários outros países do Norte.
Em paralelo, os dezassete aceitaram alinhar as taxas de juro do programa de assistência definido em Abril para a Grécia com as praticadas pelo FMI, o que representará um corte de 1 ponto percentual em valores que representam actualmente cerca de 6 por cento. Ao invés, os líderes recusaram, por agora, aplicar a mesma medida à Irlanda, que beneficia de um plano de assistência desde Novembro, apesar de esta ser uma grande reivindicação do novo primeiro-ministro, Enda Kenny, que se estreou nesta cimeira. Os irlandeses “não preencheram todas as condições e não podem assim beneficiar por agora de uma taxa reduzida”, explicou Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu. E as concessões alternativas propostas por Dublin “não satisfizeram” os outros países, frisou Angela Merkel, chanceler alemã.
Estas condições têm a ver com as tentativas dos outros países de convencer Kenny a aceitar uma aproximação da base tributável do IRC em todos os países – mas não das taxas – o que este recusou. A sua posição provocou aliás uma violenta disputa durante a cimeira com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que não perde a oportunidade de criticar as taxas de IRC particularmente baixas praticadas por Dublin e acusá-las de concorrência fiscal desleal.» [Público]
Parecer:
A possibilidade de adquirir dívida no mercado primário é positiva.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver a reacção dos mercados.»
O TREINADOR DO BENFICA ACHA QUE OS BENFIQUISTAS NÃO PODEM IR AO PORTO
«No mesmo restaurante almoçava André Villas-Boas, treinador do FC Porto, que cumprimentou Gomes da Silva e abandonou o local antes das agressões terem acontecido. Neste sábado, em conferência de imprensa, Villas-Boas disse que não assistiu a nada, mas lamentou a agressão a Gomes da Silva. "Rui Gomes da Silva, antes de ser um fervoroso adepto, é um cidadão como outro qualquer e, por isso, pode exprimir as suas opiniões livremente. Não sei se é verdade ou não, porque não estava presente, mas, a confirmarem-se as agressões, só posso dizer que é de lamentar", afirmou o técnico.» [Público]
Parecer:
parece que para o treinador do Porto só o estatuto de cidadão é defensável.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se a linguagem pobre de valores do treinador do FCP.»
THE JAPAN EARTHQUAKE AND TSUNAMI AFTERMATH [Link]