quinta-feira, março 22, 2018

A HORA DOS MEDÍOCRES

Esgotado o filão da homossexualidade Sócrates foi massacrado por causa de uma cadeira do curso ou porque assinou projetos de construção civil de qualidade estética muito duvidosa. Foram dedicados milhares de páginas e notícias na televisão ao tema, como se esse fosse o maior problema do país, até o MP investigou a importante cadeira de inglês técnico. Agora, anos depois, sabemos que os que acabaram com as Novas Oportunidades e que tanto se indignaram com o curso e o caráter de Sócrates são promovidos a catedráticos, conseguem cursos à pressa e depois de andarem 11 anos a tirar um curso com média de 11 numa universidade da segunda divisão afirmam-se investigadores em grandes universidades americanas.

Há um surto se sarampo e porque muita gente se esqueceu ou recusou a vacina há duas ou mais décadas atrás, a doença regista algumas dezenas de casos, em consequência de um surto ocorrido na Europa, onde se registam milhares de doentes. De imediato três valorosos deputados se apressam a questionar o governo e até o Montenegro acusa o governo de responsabilidades, como se algum governo pudesse ser acusado.

Os nossos briosos jornalistas andam a vasculhar no seu espólio fotográfico, em busca de fotografias da bancada presidencial do Estádio da Luz, identificando personalidades públicas que certamente beneficiaram de convites, já que para essa bancada não são vendidos bilhetes. À falte de problemas revistas como a Visão andam a vender exemplares à custa deste expediente miserável.

À conta de uma falsa notícia que alguém plantou na comunicação social o MP desencadeia uma megaoperação de buscas no ministério das Finanças, lançando-se a notícia de que o recém-eleito presidente do Eurogrupo ter-se-ia corrompido a troco de um bilhete de futebol.

São quatro exemplos da mesquinhez, da falta de grandeza e da miséria humana de algumas personagens da justiça, da política e do jornalismo que estão promovendo o apodrecimento da democracia portuguesa, sucedendo na vida política um espetáculo tão deprimente e degradante como aquele a que assistimos no mundo do futebol. Não admira que alguém se gabe perante um Presidente do seu recorde de três filhos em três meses, dois dos quais concebidos com a ajuda do express mail.

Tal como na bola se tentam ganhar títulos a qualquer custo e de preferência fora do campo, na política quase não se discutem os problemas e usam-se desde os doentes com sarampo às vítimas de incêndios e manobras de agit prop. Vivemos um momento de pouca grandeza, com os medíocres a tomar conta do país.