Jumento do Dia
Quando um ministro comenta um relatório só tem a fazer uma coisa a fazer, comentar um relatório e isso implica comentar o que ele tem de bom e o que tem de mau, a recusa é inaceitável, revela fraqueza e pouca coragem. Nem há dois governos, nem dois ministros, a ministra da Administração Interna pode ter saído mas o ministério e o governo são os mesmos.
Eduardo Cabrita não fala em nome dele ou da ex-ministra, fala em nome do seu ministério e do seu governo, nada mudaria, se os fatos tivessem ocorrido anteriormente, mesmo assim representaria o ministério, ainda que fosse mais fácil. Os ministros servem para assumir as responsabilidades, tomar posições e dar a cara.
Desta vez esperava-se de Cabrita a mesma coragem que teve quando suspendeu uma análise de imprensa que mandou investigar mal saiu a notícia de que alá se fazia uma referência a este modesto palheiro. Era desse corajoso e tão frontal ministro que o país estava e está à espera nas situações menos fáceis.
«É quarta-feira, mas o ministro diz que não vai "fazer a táctica de segunda-feira", como fazem os comentadores de futebol que avaliam os jogos de fim-de-semana, e analisar o que já aconteceu, antes de ter assumido a pasta. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, recusou por várias vezes fazer uma avaliação do que falhou a nível superior, nomeadamente no Governo, que recusou várias vezes reforços de meios pedidos pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, tal como escreveu o PÚBLICO na edição desta quarta-feira.
Numa declaração à imprensa, o ministro referiu por várias vezes o que já está a ser feito pelo Governo, na sequência dos incêndios do ano passado, e admite que o executivo pode "revisitar" as "experiências" com base numa análise mais profunda do relatório da Comissão Técnica Independente, que foi ontem entregue. Apesar de momentos antes o Presidente da República ter admitido que poderia aprovar alterações a leis já aprovadas, dando a entender que estava a falar da lei que obriga à limpeza das florestas bastante criticada no relatório, o ministro não foi mais longe do que prometer que vai "revisitar" e "aprofundar" a leitura deste relatório. "Teremos oportunidade de nos próximos dias aprofundar a reflexão sobre este relatório e já na próxima semana iniciar o debate sobre este tema", disse em respostas aos jornalistas.
Na sua declaração, Eduardo Cabrita disse que o Governo vai ser muito "exigente com as obrigações que estão na lei". Em causa está o facto de um dos incêndios, o maior que teve início na Lousã, ter sido identificada a falha com a queda de uma linha de telecomunicações. Questionado sobre esse assunto, Cabrita respondeu: "Não somos juízes. (...) Todas as entidades devem agir" em conformidade com a lei "relativamente a essa entidade e a outras entidades concessionárias do serviço público".» [Público]
Partidas do destino
«A comissão científica do Departamento de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa reuniu na terça-feira sobre o “caso Feliciano” e decidiu criar um grupo de trabalho para analisar os documentos relativos a Berkeley e outras eventuais falhas no currículo entregue pelo aluno. O administrador da UAL Reginaldo Rodrigues de Almeida, responsável pela administração escolar, explicou ao Observador que “o grupo de trabalho tem por objetivo elaborar um parecer sobre se o doutorando mantém as mesmas condições ou se é convidado a fazer a parte escolar“. O grupo terá, entre outras verificações, de avaliar se o estatuto de “visiting scholar” — que efetivamente o aluno não tem — terá sido preponderante para Feliciano dispensar a frequência de aulas de doutoramento.
O grupo de trabalho tem, segundo deliberou a comissão científica, até 18 de abril para emitir um parecer e devolver a questão à comissão científica do departamento de Direito, que irá fazer uma proposta de decisão. Três dias depois, a 21, será a vez de o Conselho Científico da Universidade tomar a “decisão final”. Nesse dia, Feliciano Barreiras Duarte saberá se terá de voltar a sentar-se numa sala de aula como aluno.» [Observador]
Parecer:
Pobre Nanito.
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
A culpa será mesmo do Estado
«O dono do complexo Hospitais Senhor do Bonfim (HSB), em Vila do Conde, admite fechar aquele que é o maior hospital privado do país. Em declarações ao Negócios, Manuel Agonia confessa andar “vermelho de vergonha” por não conseguir pagar os salários que deve aos cerca de 350 funcionários, que não recebem desde janeiro — e não têm garantias de vir a receber. Para isso, diz Agonia, é necessário que o Estado salde uma dívida para com o HSB e que se consiga garantir a entrada de um investidor. Sem isso, fecha “o hospital em abril”, garante.
Agonia afirma que os salários dos trabalhadores estão dependentes da regularização da situação do pagamento de uma “dívida de mais de 500 mil euros que o Serviço Nacional de Saúde tem por liquidar há mais de um ano”. De acordo com o Negócios, a dívida é relativa a serviços prestados pelo HSB ao Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, que ainda não teve luz verde para os saldar.» [Observador]
Parecer:
Uma dívida de 500 mil euros não pode explicar tudo, a começar pela incapacidade do hospital obter financiamento junto da banca.
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.
Temos campeão
«Um sobreiro português sagrou-se campeão da Europa esta quarta-feira – Dia Internacional das Florestas. O Sobreiro Assobiador da aldeia de Águas de Moura, no concelho de Palmela, foi distinguido com o título de Árvore Europeia de 2018 numa competição que envolveu mais 12 árvores de diferentes países europeus. A distinção foi anunciada numa cerimónia no Parlamento Europeu, em Bruxelas, depois de uma votação online que decorreu em Fevereiro e contou com cerca de 200 mil votos. Em segundo e terceiro lugar ficaram ulmeiros espanhóis com e um carvalho russo, respectivamente.
“Ficámos muito contentes. Acho que é muito importante para a floresta portuguesa e para o sobreiro, que é o nosso símbolo”, reage à vitória Nuno Calado, engenheiro florestal e secretário-geral da UNAC – União da Floresta Mediterrânea, responsável pela participação portuguesa. “Espero que este prémio alerte para a importância da floresta portuguesa e para os sistemas agro-florestais, como o sobreiro e o montado, porque são muito importantes para o Sul de Portugal.” Ao todo, a árvore portuguesa teve 26.606 votos. O engenheiro florestal, que esteve na cerimónia em Bruxelas, conta que virá para Portugal um troféu feito com madeira de diferentes espécies, que será entregue à Câmara Municipal de Palmela. Ficará um ano em Portugal e, para ano, será passado ao novo vencedor.» [Público]
Parecer:
Como diria Marcelo quando queremos somos os melhores, até os sobreiros.
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
Soldados muito sensíveis
«Ahed Tamimi, a adolescente palestiniana acusada em tribunal por ter dado uma estalada a um soldado israelita em Dezembro, deverá ficar presa oito meses.
Segundo o diário israelita Ha’aretz, Ahed Tamimi terá decidido aceitar um acordo proposto pela autoridade militar israelita.
Como parte do acordo, Ahed Tamimi deverá declarar-se culpada de quatro crimes de agressão e incitamento, incluindo uma estalada a um soldado, que foi filmada. São menos crimes do que os 12 inicialmente previstos.» [Público]
Parecer:
Uma vergonha.
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
Enquanto uns sofrem...
«A Polícia Judiciária apreendeu mais de 400 mil euros numa investigação que levou à detenção, na terça-feira, de um chefe de divisão da Câmara de Pedrógão Grande, suspeito de vários crimes de peculato e de falsificação de documentos.
Além do chefe de divisão, o caso envolve uma contabilista e uma tesoureira desta autarquia do distrito de Leiria, também suspeitas da prática de "vários crimes de peculato e de falsificação de documentos", disse fonte da PJ. Uma das funcionárias foi constituída arguida. O quadro superior da Câmara de Pedrógão namora com uma das suspeitas.
"Não temos ainda um valor final apurado [do dinheiro desviado da autarquia], mas nas diligências de terça-feira apreendemos, em numerário, um valor superior a 80 mil euros", sendo que, juntamente com o saldo bancário, foram apreendidos "mais de 400 mil euros", acrescentou a mesma fonte. Quanto ao valor final do dinheiro desviado, ainda não foi apurado, podendo ser superior ou inferior a este montante. Mas será sempre um valor elevado. » [Público]
Parecer:
E ninguém deu pela falta de tanto dinheiro?
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»
Acabaram-se as jantaradas
«A nova legislação era já conhecida nas suas linhas essenciais desde o final do ano passado; mas ganhou agora o estatuto de lei com a publicação, esta quarta-feira, em Diário da República, do novo Regulamento de Cedência de Espaços patrimoniais dependentes da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) para a realização de refeições e cocktails, de eventos culturais, sociais, académicos ou de outra natureza.
O tema, recorde-se, animou o debate público e político em Novembro passado, na sequência da notícia da realização de um jantar no Panteão Nacional com duas centenas de CEO de empresas e startups que tinham participado na Web Summit, em Lisboa.» [Público]
Parecer:
Se quiserem jantares façam-nos à luz de velas no Cemitério dos Prazeres.
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»