quarta-feira, março 21, 2018

O NOVO NACIONALISMO TUGA

O Cristiano protestou porque em Portugal se valorizavam os estrangeiros e se ignoravam os portugueses, as câmaras apontaram para o Presidente e vimos um Marcelo embevecido, o mesmo sorriso ternurento que as câmaras mostraram na Georgina quando o seu apaixonado se gabou de mais um dos seus estonteantes recordes, que tinha feito três filhos em três meses.

Graças à bola o país vive momentos de grande exaltação nacionalista, o próprio Presidente já nos disse, a propósito do título europeu, que quando queremos somos os melhores, ainda que não tenha explicado porque não queremos ser os melhores em muitos outros domínios. Ai de quem duvide desta, como das muitas outras opiniões de Marcelo ou se lembre de questionar os muitos recordes de Ronaldo. Não importa se somos dos últimos em tanta coisa, somos os melhores no futebol, que se lixem os recordes olímpicos, ficamos sastifeitos com os recordes ronaldianos e ficamos todos com aquele ar de Georgina extasiada.

Além de sermos os melhores sempre que nos dá na gana, uma qualidade que temos desde que fomos inoculados com os genes do Viriato, também temos de nos por a pau com os estrangeiros, as nossas mulheres são mais bonitas, os nossos trabalhadores mais dedicados, os nossos estudantes mais inteligentes, a nossa pele mais branquinha. A única exceção neste cuidado que devemos ter com os estrangeiros está na preferência dos nossos futebolistas de trabalharem no estrangeiro, de se escaparem aos impostos no estrangeiro, de arranjarem mulheres estrangeiras.

Dantes o regime dizia que o vinho dava de comer a um milhão de portugueses e os que se lhe opunham acusavam o futebol de um dos três efes do regime, a que se juntava Fátima e o Fado. Agora já só falta os pastorinhos virem para Santa Engrácia para que os três efes estejam juntos, o vinho já não alimenta um milhão, mas é o futebol que embebeda os 10 milhões. Não admira que em vez de elogiar o vinho o regime promova o nacionalismo da bola com condecorações e comendas a toda a hora.

Os recordes são os do Ronaldo, o nacionalismo tem como referências o senhor engenheiro, o Ederzito e todos os que nasceram com esse dom bem mais importante do que a inteligência, o jeito para dar chutos na bola. É o novo nacionalismo com que alguns acham que vão levar Portugal para a frente, mesmo que de forma pouco subtil e no meio de patacoadas se promova a xenofobia na presença de um Marcelo com ar de Georgina.