As "fontes" são uma das originalidades da vida política portuguesa e um dos sinais óbvios da cobardia de muitas das nossas personalidades políticas, que se socorrem destas forma cobarde de mandar mensagens políticas para atacarem os adversários recorrendo a jornalistas menos escrupuloso que dão cobertura à sua cobardia a troco de outros favores.
Uma das primeiras consequência desta forma suja de fazer política é a promiscuidade corrupta entre políticos e jornalistas, que não raras vezes resulta naquilo a que se designa por "boa imprensa". Neste negócio ninguém dá nada sem receber em troca, se um jornalista faz a um político o favor de fazer uma mensagem sem revelar o seu autor é porque recebe algo em troca, algo que lhe pode dar lucro e que é quase de certeza informação privilegiada.
Aquilo a que se designa por "violações do segredo de justiça" mais não é do que informação privilegiada, ao publicá-la os jornalistas conseguem vantagem sobre a concorrência, isso significa maiores audiências, estas convertem-se em maiores receitas de publicidade que, por sua vez, dão lugar a aumentos salariais e prémios aos jornalistas. Em troca, quem dá a informação recebe o favor de um tratamento favorável na comunicação, que tanto pode ser influenciar a opinião pública a favor da tese da acusação, como dar boa imprensa aos altos responsáveis da justiça.
Desta promiscuidade resulta um debate político podre, não se diz o que uma determinada personalidade pensa, diz-se o que as fontes deste ou daquele palácio, desta rua ou daquele largo atribuem a governantes ou políticos da oposição. É um jogo de falsidades em que temos, por exemplo, de saber o que Marcelo disse e interpretar isso à luz do que dizem as fontes de Belém, o mesmo sucedendo com outras personalidades, algumas da quais nunca aparecem a falar mas de quem se sabe sempre o que supostamente pensam.
Um bom exemplo deste jogo vergonhoso é-nos proporcionado pelo Expresso do passado Sábado. Semanário já nem se dá ao trabalho de citar as famosas "fontes de Belém" do tempo de Cavaco, as tais que Marcelo disse terem acabado. O semanário quase assume o estatuto de prota-voz do Presidente fala quando avisa que:
«Se o PSD não se começa a afirmar nas sondagens até ao verão e António Costa chegar á rentrée a crescer rumo a uma maioria absoluta, o Presidente da República admite ter de entrar mais em cena e voltar a chamar a si momentos de alerta para o que corre pior no país acentuando a demarcação do Governo.»
O que o Expresso diz é que as intervenções de Marcelo cobre os problemas do país não refletem qualquer preocupação com os portugueses, servem apenas para manobras políticas sujas, algo certamente o Presidente da República vai desmentir. O Expresso vai ainda mais longe e acrescenta aspas conclusões de uma reunião entre Marcelo e os seus assessores, que a não ser que sejam desmentidas vinculam a Presidência da República:
“O Presidente sabe que tem de dar mais tempo a Rui Rio e que
não pode sr ele a fazer o que a oposição tem de fazer, mas se Rio não for suficientemente a jogo preenchendo os vazios, terá de ir ele”