A tese da direita para justificar a pinochetada económica idealizada pelos gurus do catedrático da Ajuda foi a da culpa, os portugueses tinham transformado o país numa Gomorra de orgias consumistas que culminaram com uma bancarrota. Por isso deveríamos aceitar tudo o que os tarados da "austeridade" liderados por essa personagem humorística de nome Gaspar.
Foram vários os economistas que se prestaram a convencer os portugueses da sua culpabilidade e da necessidade de se sujeitarem humildemente e sem pieguices à via sacra das merecida e saudáveis penitências. Personalidades até então discretas no mundo da teoria económica, como Carlos Costa, Vítor Bento ou Teodora , assumiram o estatuto de sacerdotes, de gurus da economia, o seu papel não era decidir, mas sim fazer uma homilias para convencer o pecadores a aceitar a hóstia que lhes era metida pela goela abaixo.
Nesse tempo o catedrático da Ajuda dizia mata e Teodora Cardoso pedia que se esfolasse. Não admira que quando o catedrático tomou posse do lugar de deputado que a sua vitória eleitoral lhe proporcionou, a presidente do Conselho de Finanças Públicas se tornasse na principal referência da oposição. Mas depois de todas as previsões apocalípticas a senhora parece ter perdido gás, agora até já é otimista, mas não se ficou por ser uma otimista moderada como o Presidente ou mesmo uma otimista exagerada como António Costa, é mesmo ainda mais otimista e as suas previsões vão mais longe do que todas as outras.
O problema é que Teodora Cardoso, que em tempos se prestou a fazer uma avaliação prévia das propostas económicas do PS, volta a sentir-se com poderes não só para avaliar as propostas económicas, como para tecer considerações moralistas sobre os políticos. Incapaz de fazer oposição com base em fatos decide tecer considerações políticas típicas de quem se julga com poderes para avaliar o funcionamento da democracia. Pior ainda, sente-se no direito de dizer bitaites sobre a gestão da saúde.