terça-feira, outubro 05, 2010

Centenário

Gosto de ouvir os nossos políticos falarem de coisas belas como unidade, compromisso, responsabilidade e outras banalidades quando se celebra a república, da mesma forma que poderíamos estar a celebrar muitas outras efemérides nacionais, desde a batalha de Aljubarrota à travessia do Atlântico por Gago Coutinho.

Unidade com políticos como o Bernardino que se confessa admirador da Coreia do Norte, republicano como um Jerónimo de Sousa que nos sugere regimes que hoje se converteram em monarquias, compromisso com os que põem acima dos compromissos nacionais os das suas clientelas, responsabilidade como a de Passos Coelho que se comporta como se estivesse a disputar a liderança de uma associação de estudantes, já nem vale apenas falar da famosa ética republicana que nos tempos que correm é medida em cortes salariais e aumentos de impostos.

Na Praça do Município, em Lisboa, esteve a nata da nossa burguesia política, as caras mais conhecidas de uma classe política que não tem estado à altura dos desafios que se colocam ao país e muito menos dos ideais da República, que mais não são os ideais de desenvolvimento e de democracia de qualquer sociedade moderna. Uma burguesia que se juntou numa cerimónia de auto-flagelação depois de esbanjarem os dinheiros públicos com a ajuda dos seus clãs formados por uma imensidão de viciados em dinheiros públicos.

Como será Portugal no bicentenário da implantação da República? Deixem-me adivinhar, naquela praça estarão os bisnetos e os sobrinhos bisnetos dos que lá estavam hoje, poderá terá tido de enfrentar mais quatro crises iguais do que as que está a atravessar agora, continuaremos tão atrasados quanto estamos agora, continuaremos com os mesmos problemas.