sábado, abril 13, 2013

Ele não sabe o que quer


Esta coisa da economia é como a saúde, quando não se percebe do assunto o melhor é estar quieto e se a doença é grave o melhor é seguir os protocolos cujos resultados são conhecidos do que ir ao endireita, rezar à santinha da ladeira ou fazer experiências clínicas. Ora, o ministro das Finanças parece ser um pouco de tudo o que de mau pode haver num falso médico, é um endireita que acredita na santinha da Ladeira e acha que está habilitado a fazer experiências médicas.
 
Nas previsões e já que os santinhos que o guiaram nas aulas de religião e moral da católica (cadeira que tal como o rancho folclórico de Tomar também contribuiu para a média que terá feito dele o melhor aluno da turma) não são muito dados a promessas pagãs, ficamos com a impressão de que em matéria de previsões económicas é um devoto da Santinha da Ladeira. Toda a gente vê que a santinha não faz milagre mas todos os que acreditam na intercepção divina da santinha, desde os que querem ter filhos macho aos que precisam de ganhar na lotaria, acreditam nos poderes milagreiros da santinha. È o que acontece com o Gaspar, ele acredita nas suas previsões com a convicção fanática de um crente nos milagres da santinha.
 
Quando não reza à santinha o nosso melhor aluno da turma aplica à economia portuguesa e aos portugueses os esticões de um endireita, ele acha que tudo está torto no país e a coisa só lá vai com esticões fortes e bruscos, sem direito a qualquer anestesia e pouco importando se em vez de curar o braço deslocado parte o osso, é tudo à bruta e de uma vez. Se há consumo interno a mais e exportações a menos é dar um esticão, os que trabalham passa a escravos, os que vendem o que os escravos consumiam são forçados à emigração e o Portas vai de continente em Continente vendendo os novos escravos da Europa enquanto por cá exige a demissão do Álvaro e vai-se entretendo com os projectos lançados por Sócrates. Primeiro vendeu o Magalhães, depois elogiou as exportações, mais recentemente inaugurou o contrato da Comporta e acabou tecendo elogios ao Simplex.
 
É com rezas e esticões que o ministro está testando as teses de política económica que foi escrevendo ao longo de anos de obscuridade e cinzentismo, A crise financeira do país, um primeiro-ministro fraco e um presidente contemplador das expressões faciais das vacas (enquanto não as trocarem por cavalos sem o avisarem, é o que está na moda) permitira-lhe imaginar-se num laboratório de testes onde pode fazer a um povo o que nem um Pinochet imaginava possível, mesmo com o apoio da DINA, é como se o Salazar tivesse contratado o Mengele para ministro das Finanças do Estado Novo.