sábado, abril 11, 2015

Quem se mete com a comunicação social leva

Esta semana a ERC falou de corrupção na comunicação social e questionou a legalidade dos sorteios promovidos a toda a hora nas televisões, incluindo os canis da televisão pública. As televisões superaram a falta de receitas de publicidade transformando-se em casinos ilegais onde a toda a hora se promove o jogo, recorrendo a um marketing mais do que agressivo, enchendo os seus cofrs com lucros fáceis de um jogo em que não há quaisquer contrapartidas sociais. Mas, mais grave do que a denúncia foi o silêncio que se fez.
 
Nenhum membro do governo comentou o assunto, nenhum partido levantou o problema e nem mesmo Santana Lopes, provedor da Santa Casa, abriu o piu, nem sequer no seu blogue, como explicar isto? A explicação é simples, quem abrir a boca e puser em causa um negócio que alimenta os lucros das televisões, que ajuda a enriquecer os apresentadores e a que os comentadores ganhem principescamente assina o fim da sua carreira.
 
Em Portugal quem se mete com a comunicação social leva e o poder que os jornais e televisões têm neste mundo de promiscuidade entre poderes, de acesso fácil aos segredos dessa coisa a que estupidamente insistimos em designar por “Justiça”, de acesso livre aos segredos fiscais de cada um e de generalização de escutas, permite-lhes destruir qualquer político em meia dúzia de dias.
 
Recordo-me da perseguição que alguns membros do blogue Simplex com base na leitura dos emails trocados entre os seus membros e que um asqueroso que tinha participado vendeu aos jornais. Os nossos jornalistas não só não tiveram qualquer pejo em ler correspondência pessoal, como o asqueroso ainda teve direito a uma coluna durante algum tempo no jornal Público. O direito à privacidade e o respeito dos direitos constitucionais é coisa que não assiste aos jornalistas.
 
No país em nem o Presidente d República se escapa à devassa dos seus dados fiscais pela Visão, um órgão de comunicação social pertencente a um antigo presidente do PSD e quem ouse acabar com isso é queimado na praça pública e com aplauso parlamentar o melhor é ficar calado e não ousar atacar um poder que se alimenta da destruição de cidadãos comuns, de políticos e da própria democracia.
 
No passado Portugal teve grande jornais e grandes jornalistas, capazes de ser um contrapoder em tempo de ditadura. Hoje o jornalismo vive em concubinado corrupto com os que estão no poder, ajuda-os a manterem-se ou a derrubá-los se não lhes fizerem a vontade. Sócrates meteu-se com este poder e os resultados estão á vista, entre os primeiros empresários recebidos por Passos a seguir às eleições foram os donos da comunicação social.
 

É por isso que a comunicação social instalou um imenso casino ilegal que não paga impostos sobre o jogo, que não tem percentagens ara prémios, que não dá contrapartidas sociais, que não respeita regras de publicidade e tudo isto à luz do dia e na maior das impunidades.