sábado, março 29, 2008

A política fiscal da oposição


Se a baixa do IVA decidida pelo governo pode ser criticada por ineficaz e eleitoralista, as posições assumidas pelos partidos da oposição podem ser consideradas ridículas.

É evidente que as políticas dos governos tendem a visar objectivos eleitorais, a sua acção é avaliada nas eleições pelo que não é de admirar que adoptem as medidas simpáticas a tempo de os eleitores se recordarem. É a lógica da democracia, todos os governos que cumpriram legislaturas assim o fizeram, os governos de Cavaco Silva foram disso um bom exemplo.

Parece que para os partidos da oposição o governo deveria ter feito ao contrário, primeiro baixava os impostos e quando se aproximassem as eleições procederiam a um aumento da carga fiscal. Na pior das hipóteses deveria abster-se de descer quaisquer impostos antes das eleições. Mas como não podem assumir esta posição ou exigem uma redução impossível ou assumem uma postura de “responsabilidade” e defendem que este não seria o momento ideal.

A verdade é que a oposição não soube criticar o governo quando este aumentou alguns impostos, como não soube criticar agora que os desceu, pior ainda, foi incapaz de apresentar uma crítica consistente à política económica seguida nestes três anos. Chega-se ao cúmulo de alguns que criticaram a decisão de Pina Moura de reduzir a receita fiscal para manter os preços dos combustíveis, são os que mais criticaram a política económica de António Guterres e agora mais se queixa de alguns portugueses irem abastecer-se de combustíveis a Espanha.

É uma pena que num domínio tão importante como a política fiscal a oposição seja incapaz de apresentar uma política alternativa e, como se isso não bastasse, opta por uma estratégia tão pouco séria como seria o eleitoralismo de que acusa o governo.