Ainda bem que não dá muito jeito ler notícias em pé, senão poderia ter caído ao ler a última “lição” do Professor Marcelo dirigida a Luís Filipe Menezes:
«Durante a sessão, ontem à noite e que entrou pela madrugada, Rebelo de Sousa assumiu que o PSD deve “conquistar o eleitorado de centro-esquerda”, de forma a “ter espaço de manobra” para vencer as próximas eleições legislativas, mesmo que tal “repugne as bases do partido”.» [Público]
Que o PSD nunca chegará ao poder apenas com o que resta do seu eleitorado de direita é uma evidência, para se sugerir ao PSD uma viragem à esquerda nem seria necessário recorrer a tão ilustre catedrático. O incrível está no facto de Marcelo ter tido um momento de excessiva honestidade admitindo que um discurso virado para conquistar votos no centro esquerda “repugne as bases do partido”, isso mesmo, Marcelo afirma que um discurso de centro esquerda repugna o partido, já que as bases não são outra coisa senão o que hoje resta do partido.
Não sei de que bases do partido fala Marcelo, se do autarca de Vila Real de Santo António que se transformou num admirador de Fidel Castro, se do Litério da Andia que organiza manifestações populares que contam coma visita de Jerónimo de Sousa ou das que têm organizado manifestações “anónimas” onde se juntam ao PCP para chamarem fascista a Sócrates.
Marcelo já se deixou de preocupar com as propostas ou com a credibilidade dos protagonistas, o que importa é que se consiga enganar os eleitores, mesmo que isso obrigue os seus militantes a desempenhar um papel que lhes repugna.
O problema é que Marcelo está a esquecer um pequeno pormenor, não é no eleitorado de centro esquerda que o PSD perdeu credibilidade, foi no centro-direita, precisamente o terreno que Marcelo dá por conquistado. Na mesma semana em que uma personalidade com Proença de Carvalho disse que não votaria no PSD nas próximas legislativas, Marcelo está preocupado com os votos do centro-esquerda. O CDS evapora-se, o eleitorado tradicional do PSD desorienta-se, o centro-direita apaixona-se e Marcelo preocupa-se com os votos de centro-esquerda. E pior do que isso, acha que com operações de cosméstica são personagens como Santana Lopes, Ribau, Ângelo Correia ou Martins da Cruz que vão conquistar esses votos.
Com estratégias destas Marcelo terá tanto sucesso a conquistar os votos do centro-esquerda, como teve quando deu um banho no meio dos cagalhotos do Tejo para conseguir os votos dos lisboetas. Marcelo ainda não percebeu que está esgotado o tempo das cosméticas e que sem uma profunda mudança o PSD apenas tenderá a desagregar-se.