sábado, março 29, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Staticman na Rua Augusta, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Daniel Berehulak/Getty Images]

«The French president and first lady shared a tender moment between official duties in the back of the Aurora Clipper as it headed for Greenwich.» [The New York Times]

JUMENTO DO DIA

Um primeiro-ministro investido de autoridade moral

Sócrates respondeu às críticas de Luís Cunha defendeu que só tem autoridade moral para descer impostos quem criou as condições para o fazer. Se há uma autoridade moral para descer impostos coloca-se a questão de saber quem tem a mesma autoridade moral para os descer. Será quem prometeu não o fazer.

Se Sócrates pretende fundamentar as suas decisões com base na existência de um poder divino resultante de uma suposta autoridade moral é melhor que use capacete pois vão partir-se muitas telhas de vidro por cima da sua cabeça.

ADOLESCENTES INIMPUTÁVEIS E TEVÊS

«Se calhar para Pinto Monteiro é muito mais grave uma aluna de 15 anos fazer uma birra numa sala de aula e cometer um acto de indisciplina, em que não só não se pode falar com propriedade de agressão como nem sequer se ouve um insulto para amostra, e este ser filmado por um colega da mesma idade que a seguir descarrega as imagens na Net, do que haver empresas de TV, incluindo a pública, que usam o vídeo ilegal até à náusea, com a agravante de nas primeiras passagens nem sequer terem tido o cuidado de ocultar as caras dos intervenientes. Se calhar o procurador não vê que a professora é muito mais humilhada pela repetição do vídeo que pelo ocorrido na aula. Ou então vê mas acha que é melhor nem levantar a questão, não vá alguém achar - e há sempre gente a achar estas coisas - que a sua tentativa de defesa da legalidade e dos preceitos constitucionais de direito à imagem seriam uma tentativa de coarctar "a liberdade de expressão e informação" e que "o interesse público" justifica tudo - doa a quem doer. Ainda por cima, o CP diz que o crime previsto no artigo 199.º -"gravação e fotografias ilícitas"-, punido com pena de prisão até um ano e multa até 240 dias (agravadas num terço quando efectuadas para obter recompensa ou enriquecimento ou quando o meio de difusão seja a comunicação social), depende de queixa. E parece que ainda ninguém se queixou - só há uma professora em cacos e uma rapariga tratada como criminosa e transformada em poster girl da "violência escolar" e "do estado a que nós chegámos". Nada que importe quando o que é importante é "dar o exemplo" e "sensibilizar as pessoas". Ou será insensibilizar?» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O NOVO CASAMENTO

«(...) Infelizmente, não ocorreu ao PS (como antes não tinha ocorrido ao Bloco) que o novo casamento, se merece a palavra, só beneficia a classe média próspera. E, dentro da classe média próspera, beneficia o homem mais do que a mulher, porque evidentemente o homem ganha em média mais do que a mulher. Quanto à multidão que sobra, e pela mesma razão, a vantagem do homem é arrasadora. Fora que o mercado de trabalho favorece o homem e desfavorece a mulher (invariavelmente a última contratada e a primeira despedida) e que a mulher fica em geral com os filhos, um encargo sem preço. Dito isto, falta esclarecer um mistério: para que serve agora o casamento de homossexuais? » [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PARQUÍMETROS E VIOLÊNCIA ESCOLAR

«Os jornais davam até há anos regularmente sinal de que os parquímetros, na generalidade das ruas lisboetas, eram vandalizados. A experiência comum de qualquer automobilista que quisesse cumprir os seus deveres, quando estacionava, apontava no mesmo sentido. A opinião dominante era que nada havia a fazer: os "moedinhas" vandalizavam para continuarem a receber gratificações por um serviço que em regra nem era solicitado e, dizia-se, grupos de cidadãos do Leste estavam organizados para abrir com violência as caixas onde se depositavam as moedas e com regularidade (dizia-se que de duas em duas horas) as iam esvaziando. Sem justiça social, nada a fazer, diziam psicológos encartados.

Por outro lado, os graffiti, mais ou menos artísticos (na opinião dos seus autores), inundavam paredes de Lisboa, afectando - por vezes de forma dificilmente reparável - património alheio com valor histórico e dando uma imagem de Lisboa como cidade degradada e porcalhona. Também aqui nada a fazer: a liberdade e a criatividade eram mais importantes do que a propriedade ou a limpeza.

As calçadas de Lisboa, que já estiveram ao rubro, estavam sujas, esburacadas, com passeios destruídos, dando um exemplo de área urbana de Terceiro Mundo, onde não apetece passear porque torcer um pé ou pisar lixo conspurcante eram o pão nosso de cada dia. Ainda aqui, nada a fazer: a CML não tinha dinheiro e os trabalhadores camarários eram excessivos, mas não serviam para este tipo de tarefas.

Apesar disso, dizem-me que está na prática resolvido o problema dos parquímetros, devido ao trabalho de brigadas sistematicamente atentas às reparações, não permitindo a rentável colecta das moedas por gangs mais ou menos organizados, sendo a recolha das moedas feita pelos profissionais para o efeito contratados pela EMEL.

Sei também de casos em que os proprietários de prédios, substituindo-se à ineficácia da CML, mandam limpar os graffiti logo após a sua produção e com isso os "artistas" que dão cabo do património alheio acabam por desistir: gastar tintas para laboriosos desenhos que não duram um dia torna-se desmotivador.

Em algumas zonas de Lisboa começa a notar-se que os buracos são tapados e o lixo é retirado, parecendo que nesses lugares as coisas não voltam ao ponto em que se encontravam, talvez porque a selvajaria dos portugueses se envergonhe quando as autoridades não pactuam com a pouca-vergonha.

Vem tudo isto a propósito da violência sobre professores e da indisciplina reinante nas escolas. Trogloditas de várias idades, selvagenzinhos habituados a que tudo lhes seja tolerado, impunes e com sensação de impunidade, apoiados por psicológos entontecidos e com teorias desculpabilizadoras, mal-educados e habituados à violência, fazem com que se instale nas escolas algo semelhante ao problema dos parquímetros, dos graffiti, e das ruas emporcalhadas.

Também nas escolas se pactua demasiado com esta bandalheira: a pretensa origem social dos problemas, a tese peregrina de que os problemas são "pontuais", a falta de coragem dos responsáveis, o facilitismo e a convicção de que não vale a pena tentar lutar contra isto, tudo se acumula para que o sistema esteja a degradar-se cada dia mais. Como acontecia com os parquímetros, antes de haver quem se tenha convencido de que não se poderia tolerar a situação e com determinação ter atacado o mal e desse modo se resolvendo ou minorando muito os seus efeitos.

E o que ocorre nas escolas é muito mais grave do que nos outros exemplos que trouxe à colação. Em cada ano que passa sem que se crie disciplina, rigor e hábitos de trabalho nas escolas, a degradação acentua-se. A desmotivação dos professores, a convicção dos jovens de que nada lhes pode ser pedido, a diminuição dos graus de exigência estão a destruir o futuro e a consolidar um ciclo vicioso de degradação.

É preciso por isso atalhar e depressa este estado de coisas. É preciso que os professores assumam as suas responsabilidades, que exijam condições para a disciplina, que denunciem a pusilanimidade que exista. É preciso que o absurdo Estatuto do Aluno seja revisto; é inadmíssivel que um estudante que faça o que se fez no Carolina Michaëlis (ou pior) só possa ser punido com dez dias de suspensão (mas com isso nenhum resultado nefasto terá) ou deslocado para outra escola! É preciso que os alunos possam chumbar por faltas, possam chumbar por falta de preparação, sintam na pele (eles e os paizinhos) que as coisas doem e não julguem que tanto faz trabalhar como não trabalhar porque o resultado final é sempre idêntico, a promoção automática para o ano seguinte.

É preciso também que os professores alterem a sua forma de enfrentar este tipo de problemas. O facto da professora ofendida por causa do telemóvel só ter participado depois dos factos surgirem no YouTube é sintomático: quantos professores preferem não fazer ondas, pactuar com a indisciplina, aceitar a anarquia, ceder ao medo e aos selvagens, em vez de os denunciar?

E os conselhos directivos também têm de mudar de vida. É inadmissível que prefiram silenciar as queixas de professores, funcionários e outros alunos, refugiando-se na estúpida teoria de que são situações pontuais, que se não pode criar alarme social, que são coisas de crianças, que o problema é da sociedade. É que esta maneira de agir desmotiva os professores e todos os que estejam dispostos a não ceder aos brutos, aos mal-educados, aos selvagens, aos que destroem a viabilidade de um ambiente que permita o desenvolvimento escolar.

O problema é geral e tem de ser enfrentado. Portugal não pode continuar a ser um território de bandalheira, de falta de rigor, sem exigência, em que se sente que não vale a pena cumprir as regras, respeitar as leis, trabalhar com dedicação. Ou então voltem a deixar rebentar com os parquímetros todos os dias.» [Público assinantes]

Parecer:

Por José Miguel Júdice.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

GRANDE CONQUISTA DA LIBERDADE EM CUBA

«Cuba anunció el viernes que permitirá sin restricciones el uso de la telefonía móvil para los ciudadanos del país, en una de las medidas más recientes del nuevo presidente, Raúl Castro.

La utilización legal de teléfonos móviles estaba exclusivamente reservada hasta ahora para los extranjeros y para los funcionarios gubernamentales.» [20 Minutos]

Parecer:

Terá sido uma consequência da marcha pela liberdade que o senhor Sousa organizou em Lisboa? Depois de os agricultores cubanos poderem comprar botas até já podem usar um telemóvel, com tanta democracia ainda se vão lembrar de eleger os governantes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao senhor Sousa que proponha que esta ampla liberdade do povo cubano também seja concedida ao povo português, que segundo as suas posições vive numa democracia doente.»

ESPANHA NÃO BOICOTARÁ OS JOGOS OLÍMPICOS

«El ministro de Asuntos Exteriores español en funciones, Miguel Ángel Moratinos, ha anunciado que España no boicoteará los Juegos Olímpicos de Pekín por la violencia en el Tíbet y abogó por "recuperar el espíritu olímpico", aunque no aclaró si se participará en la ceremonia de apertura.

"Los Juegos Olímpicos son la mejor plataforma para eliminar controversias, crisis y favorecer el diálogo, por lo que no hay que boicotear, sino precisamente recuperar lo que tiene de fuerza ese espíritu olímpico", defendió Moratinos a su llegada al Consejo informal de Ministros de Asuntos Exteriores que se celebra hoy y mañana en Brdo (Eslovenia).» [20 Minutos]

Parecer:

Bem não foi tão longe como o governo português, talvez não tenham tanta consideração pela bandeira espanhola como o nosso ministro da Presidência parece ter pela bandeira portuguesa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Desaprove-se.»

IGREJA INCOMODADA COM O "FACILITISMO" NOS DIVÓRCIOS

«Questionado pelo DN sobre as iniciativas legislativas do Bloco de Esquerda e do PS, o bispo D. Carlos Azevedo, porta-voz da conferência episcopal, falou em "facilitismo". "Não se pode considerar o facilitismo seja algo construtor de uma sociedade melhor", prosseguiu o bispo. "O facilitismo não ajuda as pessoas. E a lei tem uma função pedagógica nisso, ajuda as pessoas a pensarem bem antes de darem o primeiro passo."» [Diário de Notícias]

Parecer:

Esta posição da Igreja Católica é, no mínimo hipócrita, a igreja opõe-se a que seja facilitada a separação nos casamentos civis que ela própria nem reconhece.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos bispos que se preocupem com os casamentos ministrados pela igreja.»

MENEZES CRIA TASK-FORCE PARA O AJUDAR

«Luís Filipe Menezes vai ter uma espécie de task-force a ajudá-lo diariamente. A ideia já está a ser posta em prática e os membros desse órgão informal foram já convidados, sabe o DN. Os pelouros atribuídos a cada um dos membros terão uma repartição de âmbito regional (por zonas, no País todo).

Na segunda-feira, Menezes jantou no restaurante Mercado do Peixe, em Lisboa, com alguns dos membros da nova estrutura e ao café juntou-se a eles Pedro Santana Lopes, líder parlamentar do PSD. O líder laranja explicou os contornos da ideia a Virgílio Costa (vice de Santana na bancada) e Helena Lopes da Costa (antiga vice-presidente de Durão Barroso e candidata derrotada à distrital de Lisboa, contra Carlos Carreiras), dois dos convidados para a task-force. No jantar esteve, para além de Santana Lopes, Rui Gomes da Silva, um dos vice-presidentes do partido, que tem ganho cada vez maior influência.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Pelo padrão do seu discurso político faria mais sentido uma tasca-force, até porque já conta com uma disco-force no parlamento.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Menezes a criação de uma tasca-force.»

JÁ REPARARAM NA CAMPANHA DA TESA

«George W. Bush é um campeão de gaffes, o que é um facto reconhecido a nível internacional. Foi talvez este o ponto de partida para uma campanha publicitária, muito bem humorada da agência brasileira Heads e que dá pelo nome de "Políticos", desenvolvida para a Tesa, empresa fabricante de fitas adesivas. A campanha até já ganhou vários prémios publicitários no Brasil e vai, segundo o Meios & Publicidade, ser levada a concurso ao festival de publicidade de Cannes.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Já há alguns dias que tinha sido colocada neste humilde palheiro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos jornais se andam distraídos.»

NÃO FAÇAS O QUE EU FIZ

«Foi a partir "de dentro", da sua experiência como ministra da Saúde e dirigente do PSD, que Leonor Beleza acusou ontem os chamados "partidos do poder" de se terem entendido na "conveniente posição de que os quadros de topo da administração pública constituem um troféu de quem ganha as eleições". » [Público assinantes]

Parecer:

Leonor Beleza esqueceu-se do que fez enquanto ministra.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Leonor Beleza quantos familiares colocou no ministério da Saúde.»

O EX-GOVERNADOR DE NOVA IORQUE TAMBÉM GOSTAVA DE LOURAS

«A Eliot Spitzer, el recién dimitido gobernador de Nueva York, no sólo le iban las morenas. Sus encuentros con Kristen, una prostituta de lujo de 22 años a quién pagó miles de dólares, desataron la investigación federal que destapó una red internacional de prostitución y acabó en sólo 48 horas con su meteórica carrera.» [20 Minutos]

iPHONE 3G VAI SER LANÇADO EM JUNHO

«Apple espera lanzar un iPhone diseñado para conectarse a Internet de banda superancha en el segundo trimestre de 2008 y tiene previsto producir ocho millones de unidades en el tercer trimestre, según uno de los analistas del Bank of America, Scott Craig.

"Nuestros canales de control indican que habrá una significativa producción de iPhone de tercera generación que comenzará en junio tras una partida inicial de menor magnitud en mayo", asegura esta institución en una nota a sus clientes.» [El Pais]

CARTOON: "A LIBERTAÇÃO DO IRAQUE VAI SER UM PASSEIO"

ELEFANTE PINTA UM AUTO-RETRATO

O. SHELEGEDA

ESCULTURA DE AREIA

MACACO MOTARD

A TAMPAX APOIA HILLARY CLINTON

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