domingo, março 23, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

A Brasileira do Chiado, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Diego Tuson/Agence France-Presse ]

«Sunbathers watched a procession for Christ the Savior and Protector on the beach in Valencia, Spain, one of hundreds of processions taking place in Spain during Holy Week, drawing thousands of visitors.» [The New York Times]

JUMENTO DO DIA

O oportunismo político de Pedro Duarte

Associar o caso ocorrido na escola Carolinha Michaelis com a política do Governo para o ensino é um raciocínio primário e oportunista, basta recordar que antes de as reformas estarem a ser debatidas houve um grande debate em torno da violência sobre os professores. É verdade que esta ministra, como todos os últimos ministros, têm vindo a desvalorizar os professores, é verdade que desde o 25 de Abril a imagem do professor tem vindo a piorar, é também verdade que alguns dos últimos actos públicos promovidos por alguns sindicatos também não beneficiaram a imagem pública do professor.

Mas tentar obter votos à custa deste incidente revela um oportunismo inaceitável por parte do porta-voz do PSD para a educação, revelador que este senhor não teve ideias o que, aliás, não admira ninguém, que se saiba ele nunca teve uma intervenção política de que se possa dizer "benza-te Deus".

FAÇA-SE UMA AUDITORIA À DREN

São vários os comentários e notícias sobre as facilidades concedidas pela DREN aos alunos indisciplinados, o que contrasta com a dureza disciplinar da sua directora para com o professor Charrua. Algo está muito errado se a atitude da hierarquia é de desculpabilizar todos os comportamentos dos alunos, deixando os professores serem ofendidos, agredidos e entregues à sua sorte.

Não bastam estatutos para assegurar que na escola exista respeito pelo professor, é necessário que esse seja um princípio sagrado para a hierarquia do ministério. Impõe-se uma avaliação rigorosa do comportamento dos responsáveis regionais em casos como o que agora ocorreu. Há razões que justificam uma auditoria à DREN para melhor perceber o que sucedeu.

O PARQUE JURÁSSICO DO PCP

Ler o Avante sabe muitas vezes a uma visita a um parque jurássico onde sobrevivem espécimes de espécies que se julgavam extintas. Esta coluna de um tal Jorge Messias até no antigo Luta Popular do MRPP teria sido considerado extremista demais. Enquanto Jerónimo de Sousa vai dando o ar de avô dos pudins Boca Doce no órgão oficial do PCP diz-se aquilo que não se tem coragem de dizer em público:

«Segundo esperam, Sócrates e os seus acólitos, quando chegar a altura própria, a Trilateral, a banca mundial, as gigantescas centrais capitalistas e o Vaticano, correrão a salvar os arrogantes leigos «socialistas». Para já, impõe-se preparar a operação e dar corpo a um movimento que possa articular entre si os partidos políticos da direita, os mercados, a Igreja e a «sociedade civil», tudo com a cobertura fornecida por uma comunicação social politicamente simpatizante e controlada. O plano em mente não é propriamente original. Já foi ensaiado, por exemplo, em Itália, em Espanha e no Brasil, com o seu folclórico «centrão». Nos bastidores da reacção portuguesa trabalha-se aceleradamente nesse mesmo sentido.»

Este Jorge Messias deve ter ficado esquecido num dos hospitais psiquiátricos da ex-URSS e só agora lhe deram alta.

OS VALORES DA CÂMARA

«São as equipas de televisão que presenciam o fenómeno de perto sempre que fazem uma filmagem de rua. O protesto pode constar de uma dúzia de pessoas a conversar na rua mas, mal se liga a câmara, todas se concentram no cone de luz e gritam com exaltação as suas queixas, os seus sofrimentos, as suas palavras de ordem ou o que for. É assim na faixa de Gaza ou na Ribeira. Desliga-se a câmara e dir-se-ia que a multidão também é desligada. As multidões e os indivíduos menos sofisticados tornaram-se media wise, sabem como usar as câmaras. Sabem que quando a câmara é ligada o tempo é de espectáculo e que os quinze minutos de fama estão à espreita.

As razões para a indisciplina nas escolas são inúmeras, desde a inexistência de uma cultura de cidadania, à demissão das famílias e dos professores, à falta de formação dos educadores, à falta de compreensão do papel das regras na educação, à degradação do ambiente físico e social nas escolas onde tudo convida à conflitualidade e nada à reflexão, à confusão entre permissividade e liberdade, à degradação das competências comunicacionais, à influência do entretenimento que enaltece a brutalidade e à ubiquidade da violência, à pressão dos pares, à necessidade de se destacar e de desafiar as regras.

E a tudo isto vem somar-se a influência nefasta das câmaras de telemóvel, que têm a capacidade de transformar qualquer bulha num espectáculo para a Internet. É nítida no vídeo do Carolina Michaelis essa consciência: quem filma diz aos outros que se afastem, que não entrem em campo, está ali a ser feito um filme e a filmagem inibe ainda mais os que pensassem em intervir - não se estraga o espectáculo, the show must go on. A estranha paralisia dos colegas, que não intervêm para pôr fim ao disparate, tem algo a ver com isto. Será que a protagonista mais jovem do confronto se deu conta de que estava a ser filmada? Será que ela também não quis prejudicar a "acção"? Vídeos destes - muitas vezes mais violentos - são correntes na Grã-Bretanha e nos EUA e pela Internet. Jovens provocam desacatos (na aula, na rua, no centro comercial) para que um/a amigo/a os filme. São encenações para a Web, as lesões um dano colateral. São conhecidas como happy slapping mas não têm nada de happy e já houve alguns que chegaram ao homicídio, num frenesim de violência. Esses jovens sabem que estão a ser filmados e são violentos para ser filmados e porque são filmados, porque a violência lhes garante a visibilidade que nada mais lhes dá e o enquadramento num ecrã lhes dá uma ilusão de idoneidade. O vídeo da Carolina Michaelis tem um triste herói anónimo: o cameraman, o que vai alimentando a acção. É ele, mais que outro, o símbolo da falta de valores que a imagem apenas reflecte. E se os valores da escola não puderem competir com estes, é melhor fechá-la(s).» [Público assinantes]

Parecer:

Por José Vítor Malheiros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A LEI DA RUA

«Na Escola Carolina Michaëlis do Porto, uma escola da classe média e não uma escola "problema" de um bairro popular, a professora de Francês (altamente qualificada, por sinal) confiscou um telemóvel a uma aluna. Quase com certeza porque o telemóvel interferia com a aula (ou porque estava a ser usado, ou porque tocava, ou por uma razão qualquer igualmente grave). A dita aluna berrou e agrediu a professora. Não a deixou sair da sala. À volta, a turma ria e comentava: "Olha que a velha vai cair!", por exemplo. No fim, já havia um molho tumultuário e confuso, que outra criancinha prestavelmente filmava e que dali a pouco apareceu no YouTube e, a seguir, na televisão. Convém acrescentar que a professora era pequena e frágil e a aluna alta, anafada e forte. A brutalidade da coisa constrangia.

Perante isto, os nossos comentadores descobriram logo um culpado: os pais. Toda a gente imagina a cantilena: pais que não se interessam pelos filhos; pais que não "educam" os filhos; pais que não lhes tramitem os "valores" do respeito, da dignidade e da convivência. Muito bem. Mas não me cheira que a aluna do telemóvel bata habitualmente nos pais como bateu na professora. Porquê? Porque não acredito que ela goze em casa a impunidade de que goza na escola. Na escola não lhe podem responder bofetada a bofetada. Não a podem em definitivo pôr fora do sistema de ensino (excepto com a aprovação pessoal do ministro). Não a podem sequer fazer perder o ano por faltas. Não há melhor ambiente para um tiranete. É a lei da rua. Em última análise, é a lei da violência.

OObservatório da Segurança em Meio Escolar (reparem no nome) registou 185 agressões (físicas, como é óbvio) a professores nos 180 dias do ano lectivo. Tirando as que não foram "participadas" por medo ou por vergonha. Mesmo assim: mais de uma por dia. E não se trata, como provou a Escola Carolina Michaëlis, de um fenómeno marginal, atribuível ao analfabetismo e à pobreza. O que essa monstruosidade indica é a profunda corrupção da escola pública. O Governo pretende agora "avaliar" os professores. Se existisse justiça neste mundo, devia "avaliar" primeiro a longa linha de ministros que desde Veiga Simão (um homem nefasto), Roberto Carneiro e Marçal Grilo arrasaram no ensino do Estado a autoridade e a disciplina e o tornaram na trágica farsa que hoje temos.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AUMENTA A POBREZA ASSOCIADA A CONTRATOS PRECÁRIOS

«Os beneficiários que recebem o subsídio social de desemprego inicial são pessoas que não trabalharam (com descontos para a Segurança Social) o tempo suficiente para aceder ao subsídio de desemprego "normal" e que, simultaneamente, vivem em agregados familiares pobres, com um rendimento per capita inferior a 326 euros, no limiar da pobreza. Quatro em dez beneficiários têm idades compreendidas entre 20 e 34 anos - tipicamente, são jovens que não viram renovados os seus contratos a prazo (muitas vezes a seis meses ou a um ano). O crescimento do número de pessoas que vive desta prestação é, assim, um importante indicador que reflecte um agravamento da precariedade dos contratos de trabalhos. Pobreza antes e depois da atribuição do subsídio já que o valor da prestação paga é muito baixo e independente do salário anteriormente declarado, oscilando entre 326 e 407 euros, enquanto o subsídio normal pode chegar a 1221 euros.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É inaceitável que aos contratos precários esteja associado um regime desfavorável de segurança social já que isso significa que também o Estado está a beneficiar da precaridade no emprego. Impõe-se a aplicação de uma taxa adicional a pagar pelos empregadores que recorrem a esta modalidade de emprego, penalizando-os e permitindo ao Estado o pagamento de subsídios mais elevados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se.»

ESPANHÓIS LUTAM POR DIREITOS DOS TRABALHADORES PORTUGUESES

«A Confederação Intersindical Galega promete formas de luta duras a partir de Junho, nomeadamente o recurso à greve e a manifestações de rua, se não forem respeitados os direitos dos trabalhadores portugueses. O aviso foi feito à Inspecção-Geral da Galiza, a quem deram dois meses para exigir o cumprimento do acordo colectivo para o sector.

"Não é a primeira vez que denunciamos a situação dos portugueses que estão a trabalhar em Espanha, sbretudo na Galiza, em condições inferiores às exigidas pelo Convénio Colectivo. E as autoridades portuguesa e espanholas nada fizeram para alterar a situação, o que não pode continuar a acontecer", justifica ao DN Xoan Melon, o responsável da Confederação pela imigração.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Um bom exemplo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao ministro do Trabalho.»

SEGURANÇA SOCIAL COBRA DÍVIDA RECENTE A MULHER QUE MORREU HÁ 25 ANOS

«A Segurança Social (SS) de Setúbal quer cobrar 2963 euros a Celeste Casado, por juros de mora referentes a contribuições em atraso entre 2002 e 2007. No último ano já enviou duas cartas a notificar a contribuinte, mas a única coisa que a SS conseguiu foi indignar a família. É que Celeste Casado, ex-emigrante na Suécia entre 1958 e 1979, morreu há 25 anos.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Em Portugal tudo pode acontecer e em tempo de ressurreição pascal digamos que não é de estranhar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao ministro do Trabalho.»

O VÍDEO PUBLICITÁRIO COM RONALDO QUE IRRITOU OS DEFENSORES DOS ANIMAIS

«O famoso internacional português Cristiano Ronaldo dá a cara em mais uma campanha publicitária. Desta vez é na promoção da marca japonesa Fuji Xerox. No spot, Ronaldo finta alegremente um touro utilizando uma bola. As associações de defesa dos direitos dos animais é que não ficaram contentes.» [Diário de Notícias]

ASAE ENCERRA HIPERMERCADOS QUE ESTAVAM ABEROS SEXTA À TARDE

«São 19.30 horas e o parque de estacionamento do Continente, em Matosinhos, continua cheio. Há pessoas que se encaminham com carrinhos para a entrada do hipermercado. Surpresa está fechado. Ao final da tarde de ontem, o Continente de Matosinhos foi encerrado pela ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica). Na região da Grande Lisboa foram encerrados outros cinco hipermercados, das insígnias Continente, Jumbo e Feira Nova. Até à hora de fecho desta edição, apenas foi possível apurar que, além do Continente de Matosinhos, entre os estabelecimentos fechados estava o Jumbo de Almada. Todos arriscam uma multa que varia entre os 2500 e os 25 mil euros, por estarem de portas abertas durante a tarde de um feriado.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Desta vez tiro o chapéu à ASAE, agora fico a aguardar que intensifique os controlos de qualidade no seu interior tal como faz com todas as outras lojas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

ALUNA PODE APANHAR DEZ DIAS DE SUSPENSÃO

«O novo Estatuto do Aluno proíbe os alunos de levar telemóveis para as escolas e, sobretudo, usá- -los de forma perturbadora nas aulas. Só por este motivo, Patrícia - a aluna do 9.º ano do Carolina Michaëlis, do Porto, que entrou em histeria por a professora lhe ter tirado o telemóvel - deveria ser castigada. Pelos berros, empurrões, insultos e total desrespeito pela professora, a aluna, de 15 anos, poderá ser suspensa até 10 dias ou transferida de escola.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

A rapariga até agradece as férias inesperadas, as faltas não vão contra para nada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Altere-se o Estatuto do Aluno e proceda-se a uma auditoria à DREN para analisar a sua actuação noutros casos semelhantes.»

PURO OPORTUNISMO POLÍTICO

«O PSD responsabiliza o Governo pela perda de autoridade dos professores juntos dos alunos e pela violência que se faz sentir nas escolas. Os sociais-democratas apontam o dedo às políticas educativas do Ministério da Educação, dizendo que os docentes são visto pelo Executivo como um «inimigo público». » [Portugal Diário]

Parecer:

Lamentável, de um porta-voz para a Educação seria de esperar mais categoria.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Pedro Duarte que mude de pasta.»

DREN MAIS SIMPÁTICA COM MAUS ALUNOS DO QUE COM PROFESSORES

«A Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, também foi o palco de um episódio de violência ocorrido em Dezembro passado que ninguém filmou. O alvo foi uma professora de Português e a agressora uma aluna, desta feita do 10.º ano. Só que, neste caso, os cabelos puxados pela aluna à professora num corredor da escola, depois de discussão acesa na sala de aula, deram lugar a um processo disciplinar. E por duas vezes o conselho de turma decidiu expulsar a adolescente. Contudo, com base num recurso interposto pelos pais da aluna, a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) decidiu amenizar a medida disciplinar e optou por transferir a jovem de escola. É que a expulsão até foi revogada pelo novo Estatuto do Aluno aprovado por este Governo. » [Diário de Notícia]

Parecer:

Parece que a directora da DREN ficou mais incomodada com o professor Charrua do que fica quando os professores são agredidos pelos professores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demita-se a directora da DREN.»

ESCOLAS: O EXEMPLO QUE VEM DE ESPANHA

«La Audiencia de Sevilla ha condenado a una mujer a pagar 14.000 euros de multa por una agresión de su hijo en el Instituto de Secundaria en el que estudia. El tribunal considera que la "laxitud y tolerancia" de la mujer a la hora de educar al menor han motivado el comportamiento violento del adolescente.

La multa pagará el tratamiento para recomponer los dientes de otro menor, compañero de Instituto Castilla de Castilleja de la Cuesta, Sevilla. En el juicio, la mujer intentó desviar la responsabilidad hacia el centro educativo por no hacer "labores suficientes de vigilancia" de los alumnos, pero la sentencia estima que los adolescentes no necesitan una vigilancia tan rígida, sino que "la brutalidad e intensidad" de la agresión evidencian "una falta de inculcación o asimilación de educación y moderación de costumbrse en el agresor para la convivencia en valores".

La Audiencia confirma así el primer fallo judicial que hablaba de una "incorrecta educación", que los jueces equiparan a aquellas situaciones en las que los progenitores "permiten o no se preocupan de controlar que sus hijos no lleven al centro escolar objetos que puedan resultar en sí mismos peligrosos".» [El Pais]

Parecer:

Há muito que defendo que os pais devem ser responsabilizados pelo comportamento dos filhos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se a alteração do Código Penal.»

O JUMENTO NO TECHNORATI

  1. O "Ovelha Perdida" gostou da comparação do politiquês com o futebolês.
  2. O "Buzeirão" gostou da fotografia de François Benveniste.
  3. O "Vento Quente da Mudança" pescou uma imagem no palheiro e foi incluído na lista de links.
  4. O "Papa açordas" acha que bem prega Frei Tomaz.
  5. O "Burriqueiro" pescou um cartaz de protesto alusivo aos Jogos Olímpicos e foi incluído na lista de links.
  6. O "Carlos Alberto" deu destaque ao post dedicado ao nosso atraso.

RUNNIN THE NUMBERS [Link]

JEDZER

AVISO

RATO ESPERTO E ÁGIL

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