sábado, outubro 04, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Pescador na faina da sardinha, Vila Real de Santo António

IMAGEM DO DIA

[REUTERS / Benoit Tessier]

«Un modelo muestra esta creación del diseñador francés Jean-Charles de Castelbajac en la que se muestra una cara del candidato presidencial Obama.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Jerónimo de Sousa

Jerónimo de Sousa decidiu assumir o seu papel de líder da esquerda virgem e enquanto portador do aparelho que mede a virgindade concedeu ao BE um estatuto de esquerda aceitável, até porque agora já vai às manifs da CGTP e no fim o Louçã até é tão educado que não disputa o tempo de antena ao líder do PCP. Quanto a Manuela Alegre só tem direito a um estatuto de observador, enquanto não partir a louça toda não leva o cinto de castidade oferecido por Jerónimo de Sousa.

A jogada de Jerónimo de Sousa até poderia ser brilhante se não fosse ridícula, a um ano de eleições o que ele pretende é subalternizar o BE e desvalorizar as posições de Manuela Alegre. Jerónimo de Sousa nunca fará qualquer aliança com o BE a não ser que este o papel que no passado teve o MDP/CDE.

A SANTA CÂMARA

«Conheço, superficialmente, Baptista Bastos e Ana Sara Brito. Tenho simpatia pelos dois. Por isso mesmo, esta coisa das casas da Câmara de Lisboa ainda me faz mais impressão. Leio as justificações de um e de outro e fico consternada. Diz Baptista Bastos, na sua coluna de opinião neste mesmo jornal - e neste mesmo espaço -, que em 1997, estando desempregado e com filhos a cargo, vivia numa casa arrendada em Alfama há 32 anos na qual chovia e havia rachas nas paredes e recebeu, na sequência de uma vistoria camarária e de uma análise aos seus proventos, um fogo da autarquia cuja renda se recusa a revelar mas garante ter-se actualizado desde então "ao ritmo da inflação". Diz o Correio da Manhã que B. B. vive num prédio na Estrada da Luz e paga 215 euros de renda. Isso implicará que a renda terá começado por ser de pouco mais de 150 euros. Em contrapartida, uma casa em Alfama arrendada há 32 anos e nas condições descritas teria em 1997 uma renda consideravelmente mais baixa. Logo, se a história é assim e os valores estes, B. B. foi pagar mais na casa da Câmara - embora muito menos do que pagaria por uma casa a preços de mercado. Mudou, pois, para uma casa melhor com uma renda superior - coisa normalíssima, não fosse dar-se o caso de a casa ser camarária e de ninguém conseguir explicar quais os critérios que presidiam, em 1997, à atribuição de casas da Câmara. Explico melhor: é garantido que outra pessoa qualquer a viver num apartamento velho com rachas onde chovesse e com rendimento igual ao auferido em 1997 por B. B. conseguisse uma casa da Câmara igual à dele?» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

LIBERALISMO RAFEIRO

«Um dos cães que cá passou pela família era um soberbo Schnauzer gigante, com nome de família, "Bruxa", trazida de um canil espanhol, e que me custou mais que uma série de acções EDP(R) (lagarto, lagarto). Tinha tudo o que pode ser um aristocrata. Ascendência exactamente determinada até à 4ª geração, porte altivo e ar arrogante, parece que ainda era prima do Bismarck.

Tinha um problema: era estúpida de doer, nem conseguia regressar a casa, naquelas escapadelas tipo Manuel Alegre, "anti-establishment". O género que justificou o Robespierre.A "Lola", a antecessora, era um tanto arrafeirada, mas uma inteligência, maior que muita gente que eu conheço, e, seguramente, mais que 50% daquele povo com momentos magistrais, nos fóruns de opinião, que às vezes fazem lembrar com saudade o próprio José Estaline (porque, ao menos, não estavam a debitar barbaridades, e, no final, eram fuziladas).» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por Fernando Braga de Matos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

APETECE FUGIR DE PORTUGAL, O PROBLEMA É SABER PARA ONDE

«Face a uma maioria que usa e abusa do poder que tem, a oposição não perde uma ocasião para criar má impressão. E não se vê forma de sair deste filme macabro, em que somos tratados como acéfalos figurantes.» [Público assinantes]

Parecer:

Por José Manuel Fernandes.

PS: Pacheco Pereira que é o português com mais tempo de antena sente-se asfixiado pela comunicação social, Ferreira Leite que tem um problema de tiques autoritários está preocupada com a democracia e agora é o José Manuel Fernandes que quer fugir. Coitados, andam com falta de imaginação.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

O MEDO

«O primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, queixava-se de que, neste tempos conturbados, tudo mudava a cada hora que passava. Tinha razão, estamos a viver um PREC financeiro. Mas vale a pena respirar fundo e olhar a crise financeira internacional com alguma distância. Algumas lições já podem ser tiradas.

Antes de mais importa recapitular o seu desenvolvimento. Tudo se inicia quando os empréstimos à habitação nos EUA se mostram mais frágeis do que poderíamos imaginar: é a crise do subprime e o rebentar da bolha do imobiliário. Além disso, o volume dos maus créditos era imenso e boa parte deles tinham sido titularizados (ou securitizados) e passados a outros. Desde fundos de pensões a investidores comuns que pouco percebiam destes assuntos, mas que ficaram com os problemas. Por outro, sobre estes créditos tinham sido feitos seguros de várias formas que põem bancos de investimento e seguradoras na falência. Por último, os EUA têm há longo tempo um défice nas contas externas, o que significa que foram vendendo estes créditos e espalharam o problema por todo o mundo. Os agentes principais do problema eram instituições financeiras várias, mas, principalmente, bancos de investimento, security houses, seguradoras e agências de rating. Os principais prejudicados (os tomadores destes riscos) eram os fundos de investimento, fundos de pensões, seguradoras e o público em geral. 1)

Nos mercados financeiros vende-se risco em troca de rentabilidade: é a vida deles e nada de grave há nisso. Simplesmente, com o dinheiro barato, há quatro ou cinco anos, todos andavam à procura de rendimento, o que levou muitos daqueles agentes a aplicarem em activos sofisticados de maior rendimento e assumindo, sem pensarem, maior risco. Deviam ter tido mais cautelas, mas a pressão é sempre brutal e quase todos cederam.

Primeira lição: quando pedir conselhos para os seus investimentos, faça-o a alguém que já tenha passado por uma crise financeira. Quem acaba de sair da universidade é tecnicamente sofisticado, mas nunca viveu uma crise, só a estudou.

Com os créditos a falharem, os prejuízos a somarem e a pressão nos balanços a apertar (sem possibilidade de obter mais capital), as garantias e os seguros foram accionados, mas estes estavam, igualmente, nos bancos de investimento, nas seguradoras, fundos... O efeito de dominó financeiro mundial intensificou-se e chegou a todos. Neste momento, todos desconfiam de todos, ninguém empresta a ninguém, mesmo entre instituições que, inicialmente, nada tinham a ver com o assunto. O medo instala-se para além do razoável. Há dias, com a taxa do Fed a 2%, a taxa de juro O/N ultrapassava os 6%, a diferença era o medo.
Segundo aspecto e muito importante: nesta situação de emergência, a taxa dos bancos centrais é irrelevante como vemos. Outras actuações, como cedência generosa de liquidez ou intervenção directa, são as únicas que interessam para minorar o aperto na quantidade de crédito à economia. Pressões sobre o BCE para baixar as taxas reflectem apenas não perceberem que o problema não é de juros altos, mas de não haver crédito.

Terceira lição: quais os países que têm tido mais problemas? Os EUA e o Reino Unido, exactamente os países em que os bancos de investimento estão fora da supervisão dos respectivos bancos centrais. Que instituições chocaram o problema? Bancos de investimento, seguradoras, bancos de crédito imobiliário, etc. Nos EUA a banca de retalho, que tem sido vítima e parte da solução e não parte do problema, está supervisionada pelo Fed. Mas a banca de investimento e security houses são, basicamente, auto-reguladas ou vagamente reguladas pela entidade de regulação do mercado de capitais (a nossa CMVM). E no Reino Unido toda a supervisão está fora do Banco de Inglaterra. Assim, a supervisão (de todas as instituições do sistema financeiro) nos bancos centrais tem-se revelado fundamental. É bom que assim continue, espero que me entendam.

O natural é que os EUA tentem fazer um dique neste efeito de dominó e de contágio em que a falta de confiança mina todo o sistema. Essa barragem - o plano Paulson - cifra-se em 700 mil milhões de dólares. Qualquer coisa como 3 vezes o PIB português. É bom que seja para salvar empresas e as suas obrigações para com clientes e não para salvar os donos dos bancos e seus gestores com o dinheiro dos contribuintes. Até porque há quem coloque as necessidades em 2.000.000 milhões (8 vezes o PIB nacional) e os próprios EUA começam a ser questionados sobre a sua sustentabilidade financeira. Penso, e comigo os mercados, ser um exagero, pois a dívida pública há um ano rondava os 30% do PIB americano, quando na Europa era o dobro. De qualquer modo - em quarto lugar -, finanças públicas saudáveis têm sido muito oportunas. É mais uma herança Clinton.

Em quinto lugar, é de salientar o desempenho muito razoável que Portugal tem tido. As razões são várias. Por um lado, a situação orçamental está muito melhor que há três anos. Por outro, o facto de estarmos na zona euro dá uma credibilidade que nunca teríamos, se ainda tivéssemos moeda própria. Caso contrário, estaríamos com taxas de juro de 20% para defender a moeda, com desvalorizações dramáticas, com subidas da inflação para dois dígitos, etc. Estes são dois aspectos cruciais em que é bom lembrar quem andou a perorar contra a consolidação das contas públicas e duvidava da bondade de estarmos na zona euro.

Um último aspecto que tem facilitado a nossa vida - ironia das ironias - é o facto de há uns dez anos termos um défice externo significativo - ou seja, tal como os EUA, andámos no negócio de vender activos, pelo que, em média, não devemos ter comprado activos tóxicos do subprime. Há males que vêm por bem...

O Governo pouco poderá fazer neste momento. Pode, no entanto, sinalizar que está preparado para apoiar qualquer instituição em crise, como já o fizeram a França e, mais dramaticamente, a Irlanda. Pode, e deve, repensar os grandes projectos, pois os custos de financiamento subiram fortemente (e os concursos estão aí) e a sua mais que duvidosa rentabilidade fica ainda mais em dúvida.

Há mais problemas nesta crise internacional, que não mencionei, e há culpados, naturalmente. Mas isso fica para mais tarde e Greenspan não deixa de ficar chamuscado. Mas há mais, muitos mais.

1) As garantias dos créditos eram, fundamentalmente, os próprios bens imobiliários, os seguros de crédito e credit default swaps (cds).» [Público assinantes]

Parecer:

Por Luís Cunha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO QUER REJUVENESCER A AGRICULTURA

«'Em Portugal apenas 3,7 por cento dos agricultores são jovens, o que é menos de metade da média da União Europeia. Isso dá-nos a ideia de que temos de fazer mais, encontrando uma estratégia adequada para que mais jovens agricultores se instalem”, entendeu o Chefe de Estado, após uma visita a uma exploração leiteira, em Mancelos, Amarante, e a uma unidade vitivinícola, em Sousela, Lousada, ambas exploradas por jovens empresários.» [Correio da Manhã]

Parecer:

De boas intenções está o inferno cheio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Presidente da República quantos jovens da sua família vivem em Boliqueime.»

MANUELA DIZ QUE DEMOCRACIA ESTÁ DOENTE

«“A nossa democracia está muito doente”, diagnosticou na noite de quinta-feira a líder do PSD, Manuel Ferreira Leite, atribuindo as culpas ao Governo socialista, que restringe liberdades para continuar no poder.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Se é isto que preocupa MFL então é ela que deve estar doente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Meça-se a temperatura a MFL.»

MICROSOFT APOIA MAGALHÃES

«O presidente da Microsoft, Steve Ballmer, anuncia hoje um conjunto de aplicações exclusivamente desenvolvidas para o Magalhães. O minicomputador produzido em Portugal vai ser o único no mundo com a nova Learning Suite, numa estratégia de exportação assinada também pelo Governo português. Este é o mais recente resultado da pareceria estabelecida entre Portugal e a Microsoft em 2006, que já levou o gigante informático a investir 346 milhões de dólares, cerca de 245 milhões de euros.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Agora é que o Pacheco Pereira vai ter uma crise de nervos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Apoie-se o projecto.»

GOVERNO VAI RECONHECER O KOSOVO

«O Governo português decidiu reconhecer a independência do Kosovo. A decisão pode tornar-se oficial na terça-feira, dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros vai à comissão parlamentar da especialidade informar formalmente os partidos políticos sobre a alteração da posição portuguesa. Luís Amado poderá, em seguida, fazer uma declaração pública. "O ministro nunca falará antes de terça-feira", indicou fonte do seu gabinete ao DN. » [Diário de Notícias]

Parecer:

E depois reconhecer todos os micro estados?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro dos Negócios Estrangeiros.»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Cu-Cu" gostou da fotografia de Matthew Scherfenberg.
  2. O "Politikae" gostou da forma de a Sonae fazer as contas.
  3. O "Café Margoso" pescou uma fotografia divulgada n'O Jumento.
  4. O "Câmara de Comuns" sugere a leitura do post dedicado à nova nobreza.
  5. O "Imhotep Portugal" pescou algumas imagens n'O Jumento.
  6. O "Ava Kedavra" anda incomodado com a censura que o blogger está a impor nalguns blogues.

ORCA [Flickr]

TUBERCULOSE EXTREMA [imagens]

JAN SCHOLZ

DAGENS INDUSTRI