Abril é o mês de todas as utopias de uma esquerda envelhecida que incapaz de aceitar as mudanças no mundo se refugia em utopias, no nosso caso a utopia é o mítico mês de Abril que designa genericamente o pós-25 de Abril de 74. Curiosamente é um período em que não há socialismo nem democracia, a não ser que se entenda por democracia as decisões tomadas nas assembleias do MFA.
Foi, todavia, um período de sonhos em que conquistas há muito alcançadas nos países ocidentais tinham um sabor especial. Apesar de ainda serem recentes as consequências da crise petrolífera foram bons tempos para experiências sociais, muitas vezes promovidas por um activista da OCMLP, um sargento do MFA ou pelo controleiro local do PCP. Se o patrão tinha contas no cartório ia lá um tenente do exército e a empresa entrava em auto-gestão, todos os problemas estariam resolvidos, pelo menos enquanto houvesse matéria-prima em armazém.
Eram bons tempos para experiências, o mundo andava devagar e se não fossem algumas invenções supostamente revolucionárias até se poderia dizer considerar a experiência positiva, os nossos empresários mereceram os susto que apanharam ainda que, por aquilo que se vai vendo não tenham aprendido a lição.
A esquerda de Abril gostou mais da conquista da democracia enquanto esta foi uma excepção à própria democracia do que da normalidade democrática, mal se realizaram eleições para a Assembleia da República começaram-se a ouvir apelos à defesa das conquistas de Abril. Desde então Abril é um mito nacional, em que a fruta da época é a utopia.
Para uns a utopia era o chavismo à portuguesa, para outros um a antecâmara do socialismo, uns pensavam que a mistura de capitalismo de mercearia com a democracia representativa alimentada por milhares de comissões que obedeciam à assembleia do MFA seria uma transição suave para o socialismo, outros aguardavam autorização de Moscovo par dar forma a esse socialismo.
Entretanto foram-se zangando, escolheram praças diferentes para grandes manifestações, zangaram-se no interior dos partidos, alguns até foram os últimos a descobrir quem foi Estaline e desde então querem renovar o PCP. Voltaram a reunir-se com a última crise financeira, redescobriram Marx e voltaram a acreditar que seriam as crises do capitalismo a dar lugar ao socialismo. Foi como se tivessem uma alma nova, já não precisam de aceitar a realidade nem de fazer propostas, basta negar essa realidade e propor a solução final.
Esta velha esquerda costuma reaparecer em Abril defendendo que o país foi vítima de uma grande fraude que levou os portugueses a elegerem governos que durante três décadas optaram por adoptar os programas em que os eleitores votaram em vez de cumprir o ingénuo programa do MFA. Sonham com unidades impossíveis como a da candidatura de esquerda à CM de Lisboa ou insistem em negar o mundo tal como é hoje, assumindo-se como vítimas da ignorância de um povo que não os entende enquanto vanguarda.
Mais uma vez teremos um Abril de utopias, em vez de celebrarmos a democracia vamos sonhar com um tempo em que os “esclarecidos” apontavam o caminho aos outros, em nome da liberdade e da democracia vamos ver procissões de ilustres onde não faltarão muitos que em nome dessa mesma liberdade sonham utopias que não passam de ditaduras.
Foi, todavia, um período de sonhos em que conquistas há muito alcançadas nos países ocidentais tinham um sabor especial. Apesar de ainda serem recentes as consequências da crise petrolífera foram bons tempos para experiências sociais, muitas vezes promovidas por um activista da OCMLP, um sargento do MFA ou pelo controleiro local do PCP. Se o patrão tinha contas no cartório ia lá um tenente do exército e a empresa entrava em auto-gestão, todos os problemas estariam resolvidos, pelo menos enquanto houvesse matéria-prima em armazém.
Eram bons tempos para experiências, o mundo andava devagar e se não fossem algumas invenções supostamente revolucionárias até se poderia dizer considerar a experiência positiva, os nossos empresários mereceram os susto que apanharam ainda que, por aquilo que se vai vendo não tenham aprendido a lição.
A esquerda de Abril gostou mais da conquista da democracia enquanto esta foi uma excepção à própria democracia do que da normalidade democrática, mal se realizaram eleições para a Assembleia da República começaram-se a ouvir apelos à defesa das conquistas de Abril. Desde então Abril é um mito nacional, em que a fruta da época é a utopia.
Para uns a utopia era o chavismo à portuguesa, para outros um a antecâmara do socialismo, uns pensavam que a mistura de capitalismo de mercearia com a democracia representativa alimentada por milhares de comissões que obedeciam à assembleia do MFA seria uma transição suave para o socialismo, outros aguardavam autorização de Moscovo par dar forma a esse socialismo.
Entretanto foram-se zangando, escolheram praças diferentes para grandes manifestações, zangaram-se no interior dos partidos, alguns até foram os últimos a descobrir quem foi Estaline e desde então querem renovar o PCP. Voltaram a reunir-se com a última crise financeira, redescobriram Marx e voltaram a acreditar que seriam as crises do capitalismo a dar lugar ao socialismo. Foi como se tivessem uma alma nova, já não precisam de aceitar a realidade nem de fazer propostas, basta negar essa realidade e propor a solução final.
Esta velha esquerda costuma reaparecer em Abril defendendo que o país foi vítima de uma grande fraude que levou os portugueses a elegerem governos que durante três décadas optaram por adoptar os programas em que os eleitores votaram em vez de cumprir o ingénuo programa do MFA. Sonham com unidades impossíveis como a da candidatura de esquerda à CM de Lisboa ou insistem em negar o mundo tal como é hoje, assumindo-se como vítimas da ignorância de um povo que não os entende enquanto vanguarda.
Mais uma vez teremos um Abril de utopias, em vez de celebrarmos a democracia vamos sonhar com um tempo em que os “esclarecidos” apontavam o caminho aos outros, em nome da liberdade e da democracia vamos ver procissões de ilustres onde não faltarão muitos que em nome dessa mesma liberdade sonham utopias que não passam de ditaduras.