Agora os pressupostos deste exercício da teoria dos jogos alterou-se radicalmente, o PCP pode ganhar mais foram de uma aliança, o Bloco de Esquerda terá mais a ganhar se recear concorrer isoladamente e o PCP ficar de fora de uma aliança e Helena Roseta só retirará benefícios de garantir uma posição de destaque na nova liderança da autarquia, algo impossível se o PCP e/ou o Bloco de Esquerda decidirem participar.
Para PCP e o BE os objectivos políticos situam-se no médio e longo prazo, estão nas obras do marxismo-leninismo e trotsquismo. No caso dos PCP estes livros estão bem visíveis nas prateleiras, no caso dos envergonhados do BE estão bem guardados na gaveta da mesa de cabeceira. Participar na gestão da CML é um objectivo menor e meramente conjuntural que deve ser avaliado na perspectiva dos grandes objectivos. Ainda por cima travam uma guerra surda pel liderança da “revolução” e a capital tem sido uma das praças mais disputadas pelos dois partidos.
Helena Roseta dificilmente aceitará a perda do protagonismo que conseguiu, algo incompatível com uma perda de influência a favor do PCP, do BE e muito menos dos fantasmas renovadores do PCP que todos juntos não conseguiriam eleger uma freguesia do Alentejo. Helena Roseta quererá reservar o seu espaço em Lisboa, nunca aceitará uma perda de influência da mesma forma que Manuel Alegre não deixará de querer o seu grupo parlamentar pessoal no parlamento. Nem um nem outro excluíram totalmente uma futura aventura partidária.
E o que pretende a esquerda para Lisboa? Pelo que se ouve pouco mais do que evitar que Santana Lopes complete a borrada que fez da primeira vez. A verdade é que nem a esquerda nem a direita têm um projecto próprio para Lisboa, mais obra menos obra as duas governações da capital têm sido semelhantes, obras e apoios para velhos e “pobres”, de foram ficam as crianças que não votam e os que trabalham, pagam impostos e pensam por si próprios.
A verdade é que Lisboa está cada vez mais pobre, é um local com cada vez menos qualidade de vida, as infra-estruturas sociais ou estão degradadas ou deficientes, a segurança é coisa do passado. É o resultado de uma gestão eleitoralista da autarquia, onde os votos contam mais que o futuro da cidade. Ao fundamentar uma aliança na captação de votos, sem qualquer projecto está-se a pensar no poder e a esquecer os lisboetas.