segunda-feira, abril 27, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Nenúfar [Nymphaeaceae] no Jardim da Fundação Caloust Gulbenkian, Lisboa

IMAGEM DA SEMANA

[Karen Warren/Houston Chronicle via Associated Press]

«Nicole Babineaux sat in a homemade chair/trailer as her boyfriend, Jones Bedford, biked along a Houston street Thursday. Mr. Bedford usually uses the trailer to tow his lawn mowing equipment. » [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Vital Moreira, candidato do PS às europeias

Depois de ter criticado o cabeça de lista do PSD por tentar reservar o debate das europeias a temas de ordem nacional o pior que Vital Moreira poderia fazer era escolher um tema como a questão da maioria absoluta. Não só legitima a estratégia do PSD como antecipa um debate que não faz sentido nesta ocasião e só leva ao aumento da abstenção nas europeias.

AVES DE LISBOA

Trepadeira-comum [Certhia brachydactyla]
Local da fotografia: Estádio Universitário

DOZE ANOS OBRIGATÓRIOS

«O Governo acaba de aprovar a lei que estabelece a escolaridade obrigatória de 12 anos. Há muito que se esperava e estava anunciada pelos programas deste e de anteriores Governos. Aliás, a medida tinha já sido aprovada por um governo do PSD, mas, no trânsito entre Barroso e Santana, o Presidente da República, Jorge Sampaio, não tinha homologado o decreto-lei. Ao mesmo tempo, o Governo anuncia uma decisão de aumentar o número de bolsas de estudo para os alunos que tenham dificuldades económicas em frequentar o ensino secundário. Esta medida não suscita objecções de maior. Uma escolaridade de 11 a 13 anos é geralmente considerada como adequada e necessária. Há já muito que em Portugal deveria vigorar esta norma. Aplauso, pois. Mesmo considerando que a noção de "escolaridade obrigatória" é obsoleta. Na verdade, esse imperativo aplicava-se aos pais que, desde o século XIX, não estavam facilmente predispostos a dispensar os filhos de trabalhar. Hoje, a educação é mais um direito social do que uma obrigação. Admita-se, todavia, que a escola compulsiva ainda faz sentido.

O alcance deste novo regime é moderado. Com números de hoje, serão cerca de trinta mil os alunos que, em condições normais, virão aumentar a frequência do secundário. O universo actual deste ensino, em todas as variantes, incluindo a profissional, é de mais ou menos 350.000 (segundo os jornais, o Governo diz que são apenas 307.000, para uma capacidade de 330.000; as estatísticas oficiais dizem 335.000 só no continente). Mesmo assim, a decisão justifica-se. Já o modo como foi preparada a reforma deixa a desejar. Não foram tornados públicos estudos preparatórios relativamente aos custos, à reorganização e às necessidades de instalações, docentes e outro pessoal. Os responsáveis do ministério disseram publicamente que não pensavam que houvesse necessidade de aumentar os recursos humanos, financeiros e físicos. Sem mais. Aprovada a lei em 2009, só se torna efectiva em 2013. Isto é, só os alunos que no presente ano iniciarem o sétimo virão a ser abrangidos pela obrigatoriedade de prosseguir estudos a partir de décimo.

Com uma legislatura de quatro anos completos a chegar ao fim, as circunstâncias desta aprovação tardia são estranhas. Com um prazo diferido como este, não se percebe por que não foi aprovada a lei em 2006. Já hoje estaria totalmente em vigor. Mas a existência desse prazo é também discutível. Com um ou dois anos de preparação rigorosa, a aprovação da lei poderia ter efeitos imediatos: logo nesse ano, os alunos que terminassem o básico seguiriam todos para o secundário. Não é de excluir que, mais uma vez, tenha sido o ano eleitoral responsável por estas decisões fora do tempo e aquém do modo. Sem o esforço de preparação e sem a organização rigorosa, fica o mérito da decisão. Sem, realmente, justa causa.

As deficiências na preparação surgem de todos os lados. O facto de não se conhecerem as implicações reais deste alargamento é já bastante. É uma antiga tradição. A feitura das leis é, em Portugal, pouco rigorosa e pouco competente. Se forem leis de carácter essencialmente administrativo e jurídico, são preparadas em gabinete, ao milímetro, com recurso a este talento nacional que é o do regulamento. Podem passar completamente ao lado da sociedade e da realidade, mas são minuciosas. Se forem leis que tratam de dinheiro grande, são feitas nos escritórios dos grandes advogados, servem para o que servem, aplicam-se ao que se devem aplicar. Todas as outras, com implicações sociais e económicas vastas e profundas e que afectam toda a população, são geralmente malfeitas, incompletas, sem estudos preparatórios capazes ou, quando estes existem, com estudos secretos e confidenciais. Um dos resultados desta tradição é a multiplicidade de leis sucessivas, de correcções, de rectificações e de interpretações que transformam os sistemas normativos em selvas tropicais.

O governo "julga" que não vão ser necessários edifícios, equipamentos, recursos financeiros e docentes. Julga! Não é uma maneira de gerir o maior departamento do Estado. A criação do limite de 18 anos sugere imediatamente um problema: a idade de acesso ao mercado de trabalho é de 16 anos! Há aqui qualquer coisa que não bate certo. O Governo "pensa" que não. Pensa! E que dizer dos alunos de 18 anos feitos a quem falta um ano de escolaridade no secundário? O Governo "entende" que não há problema. Entende! Quem são estes trinta mil alunos que vão ser abrangidos? Trabalham? Onde? Em quê? Por que saíram do sistema? São pobres? Incompetentes? Incapazes de estudar? Sem apoios familiares? O Governo não sabe. Se sabe, não diz. Mas vai fazer qualquer coisa. Quer dizer, vai dar dinheiro. Parece ser a única coisa que ocorre ao Governo: dar dinheiro. Que vai o Governo fazer com os que já fizeram 18 anos, mas ainda estão por exemplo a acabar o básico? Não sabemos. Será que o Governo mandou estudar seriamente as razões concretas do abandono no fim do básico e no secundário? Que se saiba, não. Teve o Governo a preocupação de investigar esta população que abandona a escola? Tem algum conhecimento, não apenas uma ideia, das consequências desta entrada na escola de umas dezenas de milhares de alunos renitentes, de jovens que já trabalham ou de adolescentes cujos pais não ajudam? As declarações dos governantes sugerem que têm mais palpites.

Esta teria sido uma excelente oportunidade para repensar o ensino secundário, a sua função e a sua natureza. Poder-se-ia ter examinado o ensino profissional equiparado ao secundário, dando-lhe mais importância. Era uma ocasião excelente para revigorar o ensino tecnológico, que este Governo promoveu, é certo, mas que espera pela definição de uma vocação forte e de uma missão de longo alcance. Teria sido possível rever questões fundamentais como sejam a duração do secundário ou a organização curricular que, actualmente, deixa muito a desejar. Era a altura ideal para apreciar serenamente a articulação do secundário com o ensino superior, tanto politécnico como universitário. Era uma grande oportunidade, era. Mas já não é. » [Público assinantes]

Parecer:

Por António Barreto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ANTÓNIO COSTA GANHA EM LISBOA

«O eleitorado de Lisboa dá a vitória ao actual presidente de câmara, António Costa, apenas com uma diferença de 6,5 pontos percentuais face ao candidato social-democrata Pedro Santana Lopes. Se as eleições autárquicas fossem hoje a candidatura socialista conseguiria sozinha eleger oito vereadores contra sete da coligação PSD/CDS-PP, segundo uma sondagem CM/Aximage.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Tenho algumas para não dizer mesmo muitas dúvidas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

SANTANA TEM PROJECTO PARA OITO ANOS

«Pedro Santana Lopes assumiu este sábado a candidatura à Câmara de Lisboa, apresentando um projecto para dois mandatos e prometendo recuperar a "alegria" perdida na capital nos últimos quatro anos.

'Espero nos próximos oito anos estar à frente dos destinos da Câmara Municipal de Lisboa', afirmou Santana Lopes, numa declaração no seu canal de candidatura da Internet.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Ainda não ganhou e já faz contas para oito anos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Santana Lopes onde é que já se aguentou durante oito anos seguidos.»

CAVACO ORGULHOSO COM NUNO ÁLVARES PEREIRA

«"A canonização de Nuno Álvares Pereira constitui um gesto que honra uma das figuras mais marcantes da nossa História, uma figura em que os Portugueses se revêem como símbolo de amor ao seu País, de defesa corajosa da independência nacional, de vontade de triunfar mesmo nas horas mais difíceis", declara o Presidente da República.

Na mensagem, Cavaco Silva recorda Nuno Álvares Pereira como um português que soube ser humilde, "o que o levou a retirar-se do gozo das grandezas mundanas em nome da fé que possuía". » [Jornal de Notícias]

Parecer:

O curioso é que Cavaco elogia muito os feitos militares.

VOO VIRTUAL SOBRE NOVA IORQUE [Link]

AS OCORRÊNCIAS DA GRIPE SUÍNA NO GOOGLE MAPS [Link]

PIOTR SCHILLING

MUSEUM OF SEX