domingo, abril 19, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Flores silvestres, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Oded Balilty/Associated Press]

«A Palestinian boy played with an inflatable toy during Nebi Musa celebrations in Jericho, West Bank, Friday.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

Era certo que mis tarde ou mais cedo Manuela Ferreira Leite iria recorrer ao caso Freeport, por agora fá-lo com a defesa de bons princípios, mais tarde ou mais cedo a sua tendência para a velhacaria vai levá-la a ser mais objectiva. Depois de tanta mudança de estratégia o melhor resultado que conseguiu nas sondagens foi uma recuperação de 0,3% o que significa que em condições normais vai perder as eleições legislativas.

Para o PSD e para Manuela Ferreira Leite está em causa a sobrevivência e vão recorrer a tudo o que for necessário para impedir a derrota.

AVES DE LISBOA

Garça-real [Ardea cinerea]
Local da fotografia: Terreiro do Paço

O MASOQUISTA PSD DE FERREIRA LEITE

«A desertificação provocada pelas divisões internas na máquina executiva do PSD acelerou a confirmação de Paulo Rangel como um político com futuro. À frente de um grupo parlamentar complexo, tem sido a voz mais consequente do partido (às vezes a única) no combate ao Governo, gerindo como pode as opções da líder e as pressões dos adversários internos.

Apesar de tudo isto, Paulo Rangel acabou por ser a mais recente vítima do masoquismo, que é hoje já quase uma imagem de marca do PSD de Manuela Ferreira Leite. A estratégia de adiar mais que todos os outros partidos o anúncio do cabeça de lista às eleições europeias é, só por si, bastante discutível, pois na política, como nos negócios, a antecipação conta - e muito. Mas havendo a hipótese de a opção recair sobre Paulo Rangel, teria sido fundamental chegar primeiro que os adversários. Por ele, Paulo Rangel, forçado a chegar tarde a uma corrida já em marcha e logo rotulado de segunda escolha, e pelo partido, que assim perdeu mais uma oportunidade de passar as suas ideias, em vez de entrar logo a discutir as ideias dos outros. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Rui Hortelão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UMM MAL PROFUNDO

«Oprojecto legislativo do Bloco de Esquerda, abolindo o sigilo bancário para efeitos fiscais, é um bom princípio no combate à corrupção e à evasão fiscal. O PS (à data em que escrevo) preparava-se para o aprovar na generalidade — o que não significa que, depois, na especialidade, não trate de lhe retirar todo o alcance prático. Veremos. Mas é um bom princípio, que caminha no sentido de garantir a efectiva igualdade de todos perante a lei.

Diferente é a questão da criminalização do enriquecimento ilícito. Para começar, o nome do novo crime que se pretende estabelecer é enganador: o que se vai punir não é o facto de alguém ter enriquecido por métodos ilícitos; é sim, o facto de alguém não ser capaz ou não querer explicar como é que enriqueceu — tenha sido ilícita ou licitamente. Sempre defendi que o súbito enriquecimento de tantos figurões que por aí andam, sem que se consiga entender como, deve ser objecto de escrutínio e crítica social e ética. Numa sociedade de valores, e não apenas de aparências, não devia bastar ter um Mercedes topo de gama, devia também ser preciso que no espírito dos outros não houvesse dúvidas de que o Mercedes tinha sido pago com dinheiro honestamente ganho. Mas nem tudo o que é objecto de crítica social legítima pode ser transformado em crime no Código Penal — ou não haveria prisões que chegassem. Criminalizar o que se chama de enriquecimento ilícito envolve a derrogação de um princípio essencial da justiça e um direito fundamental dos indivíduos: o de que, quando alguém é acusado de um crime, cabe à acusação fazer prova de que o crime existiu mesmo, e não ao acusado fazer prova de que está inocente. Eu sei que a necessidade imperiosa de combater o cancro da corrupção justifica que se suscitem novas questões que precisam de ser ponderadas. Mas o problema aqui é o da porta que se abre e que nunca mais se fechará: amanhã, o dono do Mercedes terá de fazer prova de que não excedeu os limites de velocidade na auto-estrada, mesmo que nenhum radar o tenha detectado e apenas porque o carro é capaz de andar a 240.

Convém não esquecer, que, apesar de tudo, não apenas se têm aumentado constantemente os meios disponíveis para a investigação criminal, como também se têm agilizado os próprios métodos e regras de investigação. Já lá vai o tempo em que era um juiz de instrução (equidistante entre as partes) que presidia à investigação: hoje ela está a cargo da PJ e do MP. Todos os prazos de investigação foram alargados, generalizou-se, e sem controlo algum, o uso de escutas telefónicas, tornou-se banal o cruzamento de dados pessoais de toda a ordem e a troca de informações policiais a nível internacional, fez-se legislação mais apertada para reger os movimentos bancários e até é possível seguir o paradeiro de alguém, mesmo no passado, através do registo da utilização dos cartões de débito e crédito e do telemóvel — como se viu no processo Casa Pia. Há muito que as autoridades de investigação ultrapassaram o período de Sherlock Holmes e da pedra lascada. Mesmo que os próprios crimes de colarinho branco se tenham especializado, é hoje possível investigar mais e melhor, sem ter de estar permanentemente a exigir leis de excepção, que são um atropelo aos direitos individuais.

Tal como vejo as coisas, acresce que o problema da corrupção na sociedade portuguesa tem razões mais profundas que uma deficiente capacidade de investigação. Se é certo que a incapacidade de ser eficaz no combate à corrupção gera uma sensação de impunidade cujos efeitos são tremendos, não é por isso, todavia, que a corrupção atinge, aparentemente, níveis de flagelo público. Não é porque suspeitamos que a Brigada de Homicídios possa ser incompetente que nos vamos desatar a matar livremente uns aos outros. Se a sociedade portuguesa é hoje corrupta a vários níveis é porque esse é o patamar ético normal que atingimos. E não me venham remeter as culpas todas para cima do poder político, como se houvesse duas espécies de portugueses: os políticos, que são todos uns bandidos, e os desgraçados dos cidadãos, que são todos vítimas e modelos de comportamento.

O problema profundo da corrupção tem que ver com uma sociedade em que os valores éticos e de cidadania se perderam. Podemos começar por cima — pelos banqueiros do BCP ou do BPN, devotos católicos e chefes de família, exemplos de sucesso profissional e estatuto social, que lançavam mão de truques sujos para empolarem os resultados do banco e cobrarem os respectivos prémios de gestão, no caso do BCP, ou que, pura e simplesmente, roubavam o banco em proveito próprio, como no caso do BPN. Mas, se descermos a escala por aí abaixo, vamos encontrar uma sociedade que abundantemente vive de fugir ao fisco e roubar o Estado sempre que pode, gente que está disponível para se deixar comprar e vender, para habitar no mundo do pequeno tráfico de influências nos negócios, na profissão e no resto — e onde acham que o que fazem, por ser pequeno e próximo, está dispensado de preocupações éticas. E isto — esta ideia de que a vida em sociedade se move pelo dinheiro, pelo sucesso pessoal e por um código de conduta que apenas privilegia a vontade e os interesses próprios e onde há sempre direitos a reclamar e nunca deveres a cumprir — atravessa hoje, de cima a baixo, o modo de estar na vida do comum dos portugueses.

Começa nos pais que acham que educar os filhos é dar-lhes um computador, um ipod, uma televisão e uma play-station e deixá-los no quarto para que não incomodem. E continua nas relações familiares, de amizade, de trabalho, de simples convivência com os outros, onde já poucos se lembram que é preciso dar para receber, é preciso pagar para ter, é preciso acreditar em princípios e valores e segui-los — não quando é fácil, mas quando é difícil. Uma sociedade inteira vive mergulhada num mundo de facilidades e aparências, afogada em sms, mails, blogues e redes sociais, onde procura criar uma estranha forma de vida e de relacionamento humano, que garante o contacto e o sucesso imediato e dispensa o incómodo que é enfrentar a vida real, sem ser a coberto do anonimato ou do disfarce hipócrita, e sem ter de assumir as consequências dos seus actos nem o vazio de passar por aqui sem ter feito nada de útil para os outros.

A corrupção é apenas a ponta do icebergue da crise de valores e princípios que hoje nos caracteriza. A falta de consciência social de muitos patrões, a baixa produtividade laboral que é a nossa imagem de marca, são outras das consequências dessa crise. Como o são a falta de sentido de serviço público na política, como na justiça ou no ensino, ou a ausência de um espírito de solidariedade ou de altruísmo para com os outros. Somos católicos sem ser cristãos, somos ricos sem vergonha dos meios usados para tal, somos famosos só porque nos vendemos às revistas ‘sociais’, somos corajosos só porque podemos espalhar boatos e difamações nos blogues, a coberto do anonimato e sem ter de prestar contas. E, quando não conseguimos ser nada disso, somos só invejosos e revoltados contra a “corrupção dos políticos todos” na mesa do café. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Miguel Sousa Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UMA HISTÓRIA DE ESQUERDA

«Há dois meses, numa conversa de ocasião, Jorge Sampaio e José Saramago concordaram que fazia falta uma "frente de esquerda" para impedir Santana Lopes de ganhar a Câmara de Lisboa. Depois disso aparentemente nenhum deles voltou a pensar no assunto. Mas, não se sabe como, foram os dois promovidos a "mentores" de um putativo "movimento de unidade" contra o espectro do "menino guerreiro". Neste "movimento", que não tem um chefe ou mesmo uma pequena comissão directiva (só uma petição on-line), entram alguns políticos na reforma, algumas personagens sem destino, alguns velhos "militares de Abril" (como se costuma dizer), meia dúzia de socialistas que se acham de esquerda e um pequeno molho de "intelectuais" que ressuscitaram inesperadamente para o efeito.

À primeira vista, nenhum destes salvadores da Pátria (ou de Lisboa) inspira grande confiança. Júlio Pomar, Carlos do Carmo e Maria Teresa Horta não movem montanhas. Nem Carlos Brito, Vera Jardim e Leonor Coutinho. E muito menos Costa Martins, Martins Guerreiro e Vasco Lourenço. Para não falar do inevitável Sá Fernandes, que está persistentemente em toda a parte. Parece que se abriu por engano uma gaveta de um armário antigo e saiu de lá esta gente esbracejante e desorientada. Ainda por cima, os dois "mentores" já tomaram as suas distâncias. Saramago não quer prejudicar o PC e Sampaio já se declarou "pouco optimista". Mas, para lá da melancolia da coisa, o episódio é uma boa história de exemplo e edificação: basta pensar no que sucederá quando Sócrates perder a maioria.

O PC recusa qualquer espécie de aliança com um PS que "virou completamente à direita" e acha como sempre que o PS se deve emendar. O Bloco, que António Costa descreveu como "um partido oportunista, que parasita a desgraça alheia", com certeza que não anda ansioso por se abraçar ao referido Costa. Ou, para não ir mais longe, a um PC que o despreza e combate. De resto, fora este ódio trilateral, há um ódio comum (e suponho que retribuído) aos "Cidadãos por Lisboa" de Helena Roseta e ao índio sem tribo Sá Fernandes, que não pára de arranjar sarilhos. Vale a pena perguntar qual é o objecto de tantas querelas? Vale a pena perguntar quais são, do PS a Roseta, as grandes diferenças políticas sobre Lisboa? Não vale. A esquerda gosta de se dividir e detestar; e a seguir de sofrer porque se dividiu e se detesta. A "frente" e a "unidade" são uma parte indispensável do cerimonial.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FERREIRA LEITE TENTA EXPLORAR CASO FREEPORT

«Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD, defendeu esta sábado "a independência do poder judicial e da investigação", por considerar que no país existe um "clima de perda de autoridade".

"A independência do poder judicial e da investigação são valores inestimáveis para os cidadãos e, é por isso, que a ideia de que possa haver a tentação de os diminuir ou de os condicionar, é algo que é intolerável, mas infelizmente temos assistido a essa irresponsabilidade", afirmou a líder social-democrata sem nunca se referir em concreto ao caso 'Freeport'.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Era de esperar que sem subir nas sondagens a líder do PSD recorresse à velhacaria.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Ferreira Leite que concretize as insinuações que fez.»

SANTO ALVAREZ

«Os convites para a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, domingo, 26 de Abril, começaram a chegar. E, com eles, uma novidade. Afinal, D. Nuno não se chama Álvares, mas "Alvarez". É o que vem escrito nos ingressos enviados pela "prefeitura da casa pontífice Bento XVI". Uma gralha? É o que parece ser, mas não deixa de ser uma estranha coincidência. O Condestável surge com um nome espanhol, precisamente o povo contra quem sempre se bateu. E os defensores da sua canonização até dizem que foi por vontade de Espanha que D. Nuno não foi santo mais cedo.» [Diário de Notícias]

PROCURADOR SIMPÁTICO

«Um jovem foi detido pela GNR de Vizela a assaltar o banco alimentar da delegação da Cruz Vermelha, mas foi libertado por um procurador do Ministério Público que lhe deu 2,5 euros para comprar o bilhete de comboio.

Antes de ser detido, cerca das 6.30 horas da madrugada de ontem, o jovem, de 19 anos, residente na freguesia de Miragaia, no centro histórico do Porto, tinha tentado assaltar duas residências.» [Jornal de Notícias]

CASO FREEPORT BATE À PORTA DO PSD

«O advogado Albertino Antunes foi esta sexta-feira ouvido na Polícia Judiciária de Setúbal no âmbito das investigações ao "caso Freeport".

Trata-se de um antigo sócio do escritório de José Gandarez, inquirido quinta-feira no âmbito do mesmo processo. Gandarez é dirigente do PSD e actualmente sócio do escritório do ex-ministro social-democrata Rui Gomes da Silva.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Onde há dinheiro há sempre gente do PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pela conclusão das investigações.»

A ANEDOTA DO DIA

«A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, disse hoje concordar “inteiramente” com o Presidente da República que defendeu o aproveitamento do momento de crise como “um ponto de viragem”.Cavaco Silva disse sexta-feira que seria politicamente perigoso e eticamente reprovável repercutir os custos da situação económica sobre os mais desfavorecidos.» [Público]

Parecer:

Desde quando é que Ferreira Leite tem autonomia intelectual para discordar de Cavaco Silva?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»

A PAIXÃO DE ... MEL GIBSON

«No hace ni una semana que se conoce la separación de Mel Gibson y su mujer Robyn, y ya le ha salido una presunta novia al actor. La ruptura definitiva ha sido motivada por unas fotos recientes del protagonista de Braveheart con una joven, con la que se le ve en actitud cariñosa en una playa de Costa Rica.

Frente a la discreción de Mel Gibson y su mujer, que han pedido de forma implícita en un comunicado que se respete su privacidad, la nueva acompañante del intérprete ha gritado a los cuatro vientos su amor por Gibson en el rotativo The Sun.
Así, Oksana »
[20 Minutos]

DARIUSZ LANGRZYK

CARTTON DO ANTÓNIO: PORQUE NÃO ME OUVES [Expresso assinantes]

ABSOLUT VODKA