O PSD, que desencadeou uma campanha para que todos os cargos públicos sejam ocupados por seus militantes com o argumento de que tudo o que não é Governo deve ser entendido como contra poder, exerce chantagem sobre o PS para que haja um apoio “nacional” a Durão Barroso numa lógica de que o que “é nacional é bom”.
É bom recordar que quando Barroso chegou a presidente da Comissão Europeia havia um candidato português cujo mérito era reconhecido na Europa. Durão Barroso apoiava António Vitorino e não me recordo de qualquer dirigente do PSD exigir de todos os seus militantes o apoio público ao candidato militante do PS. Recordo-me, isso sim, de ver Durão Barroso eleito de um dia para o outro, de abandonar o Governo e deixá-lo entregue a Santana Lopes. Nunca deu explicações para o golpe de teatro nem o PSD se sentiu incomodado com a forma como António Vitorino foi tratado. A verdade é que Durão Barroso recebeu o cargo como prémio do seu empenho no envolvimento de Portugal na invasão do Iraque.
É bom recordar também que Durão Barroso justificou a sua ida abrupta por Bruxelas em nome do interesse nacional, não se cansou de insinuar que no cargo poderia puxar a brasa à nossa sardinha. A verdade é que Não só Durão Barroso foi um fraco presidente da Comissão Europeia, onde tem sido a voz do dono, como o país nada deve ao seu desempenho no cargo.
Não me incomoda que Sócrates apoie uma candidatura de Durão Barroso, ainda tenho esperança de que na primeira oportunidade lhe faça o que presidente da Comissão Europeia fez a António Vitorino, que o apoie em público e lhe dê um chuto em privado.
Mas deve recordar-se ao PSD, que tanto luta por “abichar” cargos públicos que Durão Barroso ocupa uma vaga de comissário que pertence a Portugal e que no passado foram os governos a designar o seu titular, quando o PS governou foram socialistas e quando o PSD esteve no poder foram pepedistas. Isto é, se Barroso permanecer na Comissão isso significa que um cargo que não pertence ao PSD está a ser ocupado por um militante seu. È bom recordar isto face ao comportamento que o PSD tem tido na escolha do Provedor de Justiça e que teve recentemente na disputa pela presidência da Caixa Geral de Depósitos.
De qualquer das formas a posição de Portugal na escolha do presidente da Comissão Europeia pesa pouco e ainda tenho a esperança de ver Barroso devolvido à precedência, afinal, faz mais falta ao PSD do que à Europa.