terça-feira, janeiro 26, 2010

Então e as grandes obras públicas?

Desde que chegou a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite não parou de embirrar contra as obras públicas, primeiro porque era contra, depois porque o dinheiro devia ser para os pobrezinhos, a seguir porque não havia dinheiro, depois porque o financiamento das obras secava o crédito ao sector privado, mais tarde e graças ao contributo de Cavaco por causa da relação custo benefício, por fim, por causa do endividamento externo.

Chegados à discussão do Orçamento eis que Manuela Ferreira Leite nos surpreende com exigências negociais vagas e sem se referir uma única vez às grandes obras contra as quais tanto tinha lutado.

Coincidência, ou talvez não, também Cavaco se esqueceu do tema, deixou de pedir estudos a associações empresariais amigas, deixou de manifestar a sua preocupação com o impacto no endividamento, nunca mais questionou a relação custo/benefício e nunca mais disse que as estradinhas municipais rodeadas de muitos eucaliptos desenvolviam mais o país do que o TGV.

De repente a direita esqueceu-se desta sua grande bandeira e Paulo Portas considerou ser mais importante contratar mais meia dúzia de polícias, para conseguir o voto das velhinhas assustadas, do que discutir investimentos de muitos milhares de milhões de euros.

Porque será que os líderes da direita mudaram de opinião ou optaram por silenciar as suas opiniões catastróficas? Imagino, todos imaginamos, mas não digo.

O que digo é que mais uma vez constato que neste país o futuro não é discutido com um mínimo de seriedade, uma boa parte da nossa classe política está mais interessada nos seus negócios do que com os “pobrezinhos” que todos os dias usam nos seus discursos.