Chegamos ao ridículo de ver a direita andar a reboque dos movimentos sindicais inspirados pela estratégia política do PCP ou mesmo alinhar com a extrema-esquerda parlamentar dando ao seu líder o estatuto de primeiro-ministro sombra.
Por exemplo, o que distingue os discursos económicos do PSD e do PCP? O primeiro está preocupado com as PME e o segundo com estas e as micro-empresas, o que vai dar na mesma pois uma micro empresa mais não é do que uma pequena empresa. Chegamos ao ridículo de ver a direita alinhar com a extrema-esquerda na estigmatização das grandes empresas, o BE desconfia de quem é rico e o PSD concorda que quem tem muito dinheiro deve ser suspeito. Este populismo oportunista começou com Pedro Santana Lopes e foi aprofundado por Manuela Ferreira Leite.
O PSD chegou a um estado tal em que os antigos líderes fogem dele, a maioria das personalidades de direita do país demarcam-se da sua liderança, até mesmo alguns vices de Manuela Ferreira Leite parecem ter vergonha de aparecer em público, como é o caso de António Borges que desapareceu depois do frete eleitoral das legislativas.
Durante algum tempo o caso Face Oculta ocultou a crise interna do PSD, até parece que muito boa gente esperou que com este processo se conseguisse o que não conseguiram com o caso Freeport. Perdida a esperança de chegar ao poder sem o voto dos portugueses a crise voltou a instalar-se no PSD.
Temos uma líder que num dia diz que concorda com o congresso santanista para uns dias depois ensaiar soluções que evitem esse congresso, temos um candidato perpétuo à liderança que tenta lançar um congresso para ganhar por aclamação sem ter que enfrentar as directas, até temos um candidato que já anda em campanha pelas regiões autónomas propondo a construção de túneis que unam as ilhas açorianas. Já só falta mesmo o autarca de Faro entrar na liça para propor um túnel que una o Algarve a Tânger.
A verdade é que há muito que em vez de ser a nata o PSD é a borra da direita, são cada vez menos as personalidades com alguma credibilidade que assumem a simpatia pelo partido. Os que são militantes desde sempre lá têm que assumir esse fardo mas fazem os possíveis para que ninguém repare neles, os que têm a sorte de nunca terem assinado a ficha assumem as suas posições em público mas demarcam-se do PSD como quem foge das cruz.
Quando Santana Lopes foi derrotado por Sócrates foram muitas as vozes que falaram em refundar a direita, Marques Mendes ainda percebeu que era preciso reflectir e avançou com a renovação programática. Mas com a crise financeira a tralha cavaquista tomou conta do PSD, colocou na sua liderança essa nulidade intelectual que se dá pelo nome de Manuela Ferreira Leite (se não fosse ofensa ao velho treinador do Benfica, diria que foram buscar o Mário Wilson do PSD), devidamente apoiada pelos dotes intelectuais do Pacheco Pereira e foi o que se viu, o PSD concorreu às legislativas sem programa, pensavam que o caso Freeport e as falsas escutas a Belém faziam o resto.
Este PSD não tem condições para governar, já não é mais do que a borra da direita.