Apesar de Cavaco Dizer que não pensa nas presidenciais e de Alegre evidenciar que não pensa noutra coisa esta semana foi marcada por manobras dos candidatos e dos seus apoiantes e promotores.
A primeira manobra de campanha pertenceu a Cavaco Silva que terá escrito um artigo e mandou o Lima de Belém assinar ou terá sido mesmo o Lima a escrever, mas inspirado na estratégia eleitoral de Cavaco Silva. O artigo do assessor de Belém, publicado no Expresso, evidencia a preocupação da candidatura de Cavaco com a manobra falhada nas eleições presidenciais, que se veio a saber ter sido uma manobra conspirativa promovida a partir de dentro do Palácio de Belém. Ao manter Lima como assessor Cavaco assumiu a co-responsabilidade e sabe que esta será uma grande nódoa na sua candidatura, com o artigo pretendeu-se branquear o assunto, esgotando a sua discussão muito antes das eleições.
Louçã que nas últimas presidenciais não conhecia os valores ideológicos de Manuel Alegre, que na época era, como se sabe, um ilustre desconhecido, decidiu adiantar-se no apoio ao candidato da cidadania, ainda antes do anuncio da candidatura e de saber qual o programa. Percebendo que Manuel Alegre pode vir a ter o apoio formal do PS o líder da extrema-esquerda antecipou-se fazendo de Alegre o seu candidato. Isso significa que vamos ter um PS a apoiar o candidato do Bloco de Esquerda? Não, Alegre sabe que tem de se desparasitar do BE e antecipando-se ao afastamento do candidato Francisco Louçã pretende capitalizar as mais-valias ganhas com os devaneios do poeta fazendo dele o seu candidato à força.
Cavaco viu no orçamento a forma de matar três coelhos com uma cajadada, promovendo a sua candidatura presidencial ao mesmo tempo que vai dizendo que o assunto não o preocupa, dar ares de quem ajuda Sócrates, dá um pequeno empurrão na credibilidade de Manuela Ferreira Leite e chama a si a paternidade de um orçamento capaz de afastar a crise financeira. Preocupado em chamar a si os louros fez como Louçã e capitalizou antecipadamente as mais-valias dizendo que tinha a certeza de que iria haver acordo orçamental. Ficou evidente que contava com a obediência de Manuela Ferreira Leite que acabou por fazer figura de parva, ficou evidente que a decisão do PSD estava traçada desde a primeira declaração do seu candidato presidencial.
Condicionada pela estratégia de Cavaco Silva a líder do PSD foi o único líder partidário a negociar com o ministro das Finanças e quando se apercebeu da subalternização pediu uma reunião com José Sócrates. Acabámos por ver uma Ferreira Leite toda contente por estar a ser recebida com José Sócrates, é por isso que enquanto Portas foi a São Bento e só foi visto no carro, com Ferreira Leite a reunião teve direito a fotografias e vídeos com Ferreira toda inchada no sofá enquanto Sócrates fazia cara de frete.
Apercebendo-se da manobra de Cavaco Silva o líder do PSD foi mais esperto que Ferreira Leite, adiantou-se nas negociações e no momento exacto inventou um impasse e chamou a si o protagonismo, todos esqueceram o PSD e as atenções centraram-se em Portas sem que este se exibisse à comunicação social. Quando Ferreira Leite se apercebeu foi tarde, o negócio entre Sócrates e Portas estava quase concluído, as negociações com o PSD perderam importância e Cavaco passou a dizer que contava não só com a aprovação mas também com um apoio parlamentar mais alargado. Mais uma vez Porta revelou ter mais inteligência do que todos os lideres do PSD junto.
Manuel Alegre, o único candidato mais ou menos assumido, manteve-se em silêncio, para o poeta essa coisa de orçamentos e políticas económicas são preocupação de gente como o Cavaco. Para ele o país deve ser gerido com poemas, romantismo e copos de vinho tinto.