Já no final do Verão Teixeira dos Santos teve um sobressalto e o défice pulou dois pontos, agora pulou mais dois. A desculpa da receita não pega pois a DGCI controla online cada tostão que entra, o ministro até recorreu ao argumento inédito da tolerância de ponto para aldrabar as contas e transferir para 2009 as cobranças do primeiro dia de 2010! Com este grau de imprevisibilidade os défice orçamental deixou de ser um indicador económico para passar a ser tratado como uma catástrofe natural, resta agora esperar que o ministro e o governador do Banco de Portugal se deixe de dar palpites e designe o Instituto Nacional de Meteorologia como a entidade competente em matéria de défice orçamental. Já estou a ver as “boas abertas” da SIC informarem que a temperatura vai subir, as ondas na costa orçamental serão de dois metros e quanto ao défice orçamental está a subir com a aproximação do fim do ano.
Quem também anda um pouco imprevisível é o candidato que ainda não é candidato mas que o mais certo é vir a ser o candidato que já era desde à quatro anos, Manuel Alegre calou-se, agora que era de esperar que falasse, que fosse de esquerda, que fosse solidário, calou-se. O governo reúne com a direita e deixa de fora a esquerda moderna do seu camarada Louçã e Alegre calou-se. Os feirantes fecharam o trânsito em Lisboa e Alegre Calou-se. Os enfermeiros fizeram greve e manifestaram-se em Lisboa, mas Alegre ficou calado. Enfim, há sempre uma voz que se cala, até as daqueles que falam demais.