Ainda ontem Leite Campos protestava contra o acesso do fisco a informação sobre juros de poupanças, protestava politicamente e questionava a legalidade. Quando era questionado sobre se essa era a posição do partido de que é vice-presidente respondeu dizendo que não sabia qual era a posição do PSD. Ingenuidade de Leite Campos porque se tivesse dito que é essa a posição do PSD o problema ficava resolvido, saberíamos que era assim que Pedro Passos Coelho pensa. É um pouco como faz Ângelo Correia, desde que o seu pupilo chegou a líder do PSD tem-se desdobrado em entrevistas em que costuma dizer o que o líder do PSD pensa, vai pensar daqui a uns dias ou há-de pensar daqui a uns tempos.
Passos Coelho tem-se desdobrado a propor uma revisão constitucional esperando que o PS crie condições para o seu programa político, mas ninguém sabe o que Passos Coelho defende, ouve-se aqui e acolá uma ideia vinda de um dos sábios constitucionalistas, como o retirar a república da constituição, mas quanto ao que Pedro pensa ninguém sabe muito bem. Muito provavelmente nada vai pensar enquanto o grupo de sábios não lhe disser o que há-de pensar.
Como primeiro-ministro estagiário Pedro Passos Coelho pode limitar-se a gerir a agenda política de forma a ganhar votos e se o conseguir apoiando medidas antipáticas do governo melhor ainda, pede desculpa aos eleitores e leva os desejados votos. Um pouco mais complicado é aprovar umas SCUT e chumbar outras, ainda por cima quando em muitas delas os afectados são eleitores de municípios geridos pelo PSD. Nesse caso o melhor mesmo é não pensar e ser contra os chip.
Só que um dia destes Pedro Passos Coelho terá de dizer o que pensa sobre tudo, sobre os temas simpáticos e sobre aqueles de que evita pensar. Não só terá de dizer o que pensa como terá de defender essas ideias como se fosse suas, algo que não conseguiu perante os adversários fracos que enfrentou nas directas do PSD.
Até agora o que se sabe das ideias de Pedro Passos Coelho, não passam de bitaites ditos ao seu ouvido por vozes amigas, mas não passam disso mesmo, de bitaites, muito pouco para governar um país. Enquanto apostar no desgaste do PS subirá nas sondagens, o problema é quando tiver que convencer os portugueses, para isso terá de ter um programa e ser capaz de o defender.
