A estratégia tem tanto de inteligente como de demasiado evidente, podendo levar os eleitores a perceberem-no, o que poderá levar muitos a interrogar-se se os pedidos de desculpas de Pedro Passos Coelho serão sinceros ou não passam de um comportamento manhoso. Até porque pelas propostas de revisão constitucional vindas de personalidades próximas de Passos Coelho percebe-se que Passos Coelho não só quer a “casa arrumada” como ainda pretende uma revisão constitucional que lhe abra as portas a um programa liberal.
Passos Coelho quer chegar ao governo com as medidas difíceis adoptadas pelo actual primeiro-ministro, com as contas públicas arrumadas e sem entraves constitucionais para privatizar uma parte significativa da saúde e do ensino, restando saber se as reformas que pretende ficam pelas mais ou menos assumidas ou se regressa aos velhos projectos da direita de reduzir a Função Pública em 150.000 funcionários.
Se conseguir uma maioria absoluta, isoladamente ou em coligação com o CDS, Pedro Passos Coelho teria uma situação financeira que lhe permitiria adoptar medidas eleitoralistas capazes de abafar alguma contestação social, que nem será significativa pois a esquerda conservadora costuma ser dócil com governos de direita, podendo, finalmente, promover a reforma que a direita liberal sempre desejou.
Resta saber se Pedro Passos Coelho vai alimentar tricas políticas para gerir as sondagens ou se terá coragem para dar a conhecer aos portugueses todo o seu programa. Por outras palavras, resta saber se Pedro Passos Coelho terá coragem ou se optará por adoptar uma estratégia manhosa, se apresentar os programa pode perder votos ainda que elimine o CDS, que optar por ser manhoso poderá ser “apanhado” pelos eleitores.