segunda-feira, junho 28, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Contra o azar, Parque Florestal de Monsanto

JUMENTO DO DIA

Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas

Quando os assessores começam a abandonar os gabinetes é sinal de fim de regime ou, pior ainda, de que estão a tentar arrecadar o que podem enquanto é tempo. Quando estas situações ocorrem num momento em que um governo impõe sucessivas vagas de medidas de austeridade são inaceitáveis, imorais, abusivas e ofensivas, são uma vergonha para um governo e um primeiro-ministro que tantas vezes invocou a ética republicana. Se isto é a ética republicana então bardamerda para isto tudo. O mínimo que posso dizercomo defensor das portagens é que me sinto enganado!

Estas situações são imorais de mais para que José Sócrates lhes seja indiferente, ou demite o secretário de Estado que contratou tal assessor ou está a dar ao país um sinal de que concorda com tão grande oportunismo.

«Um assessor do secretário de Estado Paulo Campos deixou o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações para assumir o cargo de administrador executivo em Portugal da Q-Free, empresa fornecedora dos chips de matrícula que o Governo queria usar nas Scut. O gabinete de Paulo Campos diz que as "opções profissionais" do ex-assessor são "da sua inteira responsabilidade".

De acordo com o o semanário ‘Expresso’, Pedro Bento foi assessor do governante até que, em Outubro do ano passado, passou para a administração da empresa pública que gere o sistema de pagamentos nas auto-estradas. O gestor e antigo capitão da Força Aérea pediu uma licença sabática em Janeiro último, e, em Março, assumiu a direcção da representação portuguesa da marca norueguesa que forneceu os equipamentos electrónicos instalados nos pórticos das três Scut que vão ser portajadas e os controversos chips.

Em comunicado emitido ontem, o Ministério das Obras Públicas sublinha que as relações e de trabalho de Pedro Bento com o gabinete governamental cessaram, "a seu pedido" em Dezembro de 2009. O documento adianta que "as opções profissionais tomadas pelo dr. Pedro Bento são da sua inteira responsabilidade e no âmbito das suas escolhas pessoais e éticas".» [CM]

PROGNÓSTICO ANTES DO JOGO

«Três dias. Três dias para varrer da cabeça o choro do comerciante português comum: "Ai, neste Natal ninguém compra nada..." Choro consequência do choro antigo e causa do choro generalizado. O que, em seleccionador português antes de um Azerbaijão ou uma Bósnia, é traduzido por esta cautela: "A bola é redonda..." Extraordinária e mentirosa sugestão de a bola poder rolar da mesma forma seja para toscos, seja para artistas. Dois dias para varrer da cabeça essa tolice - "a bola é redonda", entre futebolistas desiguais - e meter nela, na cabeça, a verdade que há para meter nesta altura do campeonato: "A bola é redonda." Agora, sim, é para dizer: "A bola é redonda." A partir dos oitavos-de-final, pode ganhar-se a qualquer adversário, convicção que deve ser mantida até o dia 11 de Julho, na final em Soccer City. Depois de amanhã é um jogo entre iguais, o que quer dizer que as duas equipas devem partir para ele sublinhando as suas qualidades desiguais. Cada uma tirando o máximo partido dos seus. Espanha fará isso, com certeza, mas confesso que me preocupam mais as medidas portuguesas para sublinhar o seu melhor. Por isso insisto: há que entrar convicto de que é um jogo entre iguais. Esse ponto assente, decorre dele que a equipa que tem um Cristiano Ronaldo, perigoso e solidário, vai jogar ao ataque. A bola sendo redonda, só pode. » [DN]

Parecer:

Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ASSIM VAI A COOPERAÇÃO ESTRATÉGICA

«Não faria mal o primeiro-ministro reconhecer alguns erros ou a inconsequência de algumas medidas. Mas o facto de isso não suceder não deveria ser tentação suficiente para Cavaco Silva vir a público falar como um dirigente da Oposição

Por uma qualquer razão não facilmente descortinável, o presidente da República afirmou esta semana que a situação do país está insustentável. A afirmação, mesmo que corresponda à verdade, não faz qualquer sentido.

Antes de mais, Cavaco Silva, sendo presidente da República, não pode pactuar com uma situação insustentável. Tem de agir. Nem que isso signifique demitir o Governo. Depois, não adianta a Cavaco dizer que se pauta na vida pública por honestidade e por verdade. Não se duvidando que tal seja verdade, todos os políticos dizem o mesmo. Essa é, aliás, a sua obrigação. E não adianta também recordar que há muito vem chamando a atenção para a situação, porque isso significa apenas uma de duas coisas, e ambas más para si próprio: ou ninguém o ouviu, ou os seus reparos caíram em saco roto.» [JN]

Parecer:

Por José Leite Pereira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CRISE ATINGE PROSTITUIÇÃO

«Na rua, a vida está mais difícil do que nunca. Os clientes aparecem menos, regateiam mais, e as mulheres precisam de passar longas horas à espera para conseguir sobreviver. Em desespero, arriscam-se mais. Conseguir sair da prostituição também é mais difícil em tempo de crise: não há empregos para quem não tem outra experiência e os salários não chegam para quem tem filhos para sustentar.

"Não é que eles não queiram, mas não há dinheiro. Sempre tentaram regatear, mas agora regateiam ainda mais..." Clara anda na vida desde os 20 anos. Agora, aos 36, quando os clientes escasseiam por causa da crise, está a tentar abandonar a rua. Mas a mesma escassez de dinheiro que lhe tem diminuído a procura ainda a obriga a procurar "amigos" nas pensões do Intendente, em Lisboa. » [DN]

Parecer:

Se recebessem subsídio de desemprego o Paulo Porta defenderia que prestassem trabalho comunitário?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao líder do PP.»

CASAMENTE GAY JUNTO À SÉ DE LISBOA

«Quem passou na manhã deste domingo pela Sé de Lisboa deparou-se com um casal de noivos em plena sessão fotográfica. Chegados em carros separados, encontraram-se no local para satisfazer um desejo agora concretizado. Até aqui nada de estranho, não fosse a noiva chamar-se Manuel.

Manuel Correia, de 54 anos, e Fernando Fonseca, de 32, levaram a cabo este domingo um acto simbólico na escadaria da igreja mais emblemática da capital. Companheiros há um ano, foi desta forma que resolveram assinalar o casamento, que se deverá oficializar ainda durante esta semana. "Encontrei o homem dos meus sonhos", confidenciou Manuel, explicando de que forma um encontro fortuito se transformou na relação que agora mantém com Fernando.

Vestidos a preceito para a ocasião, ele de fato, 'ela' de vestido branco e tiara, posaram para as fotografias e chamaram a atenção das dezenas de turistas que por ali passaram. Fizeram-no na companhia de alguns amigos, uma vez que nenhum familiar do noivo e da 'noiva' apareceram no local. Também ausentes do local estiveram as figuras públicas que o casal afirma ter convidado para assistir ao momento, entre as quais Cinha Jardim, que os noivos esperam ainda ver durante o dia de hoje.» [CM]

Parecer:

À falta do padre apareceu o fotógrafo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao casal como é que escolheram o ele e o ela.»

MANDARAM A FACTURA DO TRATAMENTO DO HOMICIDA AO MORTO

«Factura do tratamento do suspeito do homicídio enviada para casa dos familiares da vítima. Família de homem assassinado revoltada com hospital.» [CM]

Parecer:

Nada garante que o "morto" não tenha sido o responsável.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ainda assim deviam ter mandado a factura a alguém que não estivesse impedido de pagar.»

TESOURO: FALHOU VENDA ATABALHOADA EM HASTA PÚBLICA

«Não correu como esperado a venda de 15 imóveis do Estado em hasta pública realizada na semana passada, que rendeu apenas 4% do previsto. De acordo com as informações avançadas pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, a venda em hasta pública destes imóveis, realizada nos dias 22 e 23, rendeu ao Estado apenas 158 mil euros. Um valor muito abaixo dos mais de 3,5 milhões de euros esperados pelo Ministério das Finanças. Apesar do fracasso da operação, os mais de 300 milhões de euros que o Estado prevê arrecadar com a venda de imóveis em 2010 não estão em perigo, uma vez que serão garantidos pela empresa estatal Parpública (ver texto ao lado).

No lote de imóveis que as Finanças pretendiam ter alienado na última semana destacava-se um prédio situado na Alameda D. Afonso Henriques - que tinha como base de licitação 1,5 milhões de euros - e três parcelas de terreno com 19 mil metros quadrados no complexo desportivo do Jamor, avaliadas em mais de dois milhões de euros. No entanto, apenas dois imóveis foram adjudicados nos dois dias: um T2 em Odivelas por cerca de 68 mil euros e a fracção autónoma de uma terreno no Beato, por perto de 90 mil euros. Os restantes imóveis colocados em hasta pública não receberam qualquer licitação.

Para o falhanço desta venda em hasta pública muito terá contribuído o facto de, à última hora, terem sido retirados os terrenos do Jamor, destinados à construção de acessos viários para o Complexo do Alto da Boa Viagem. O anúncio da venda destes terrenos foi alvo de uma forte polémica ao longo dos últimos meses e, depois de ter sido interposta uma providência cautelar para impedir a sua alienação, o secretário de Estado da Juventude e Desporto suspendeu a venda no dia 15, alegando que a condição de reduzir o trânsito na zona "não estava garantida".» [DN]

Parecer:

Cheira-me a alguma incompetência no processo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicitem-se explicações.»

AMERICANOS E EUROPEUS IRRITADOS COM A GUINÉ-BISSAU

«A nomeação do general António Indjai para a chefia do Estado-Maior das forças armadas da Guiné-Bissau mereceu críticas americanas e europeias, mas estará a ser aceite pelos países vizinhos. Amanhã, realiza-se na capital guineense uma reunião de chefias das forças armadas dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e será ali discutida a situação do país.

Fonte da presidência guineense disse ao DN que a comunidade internacional precisa de "estar consciente da situação da Guiné-Bissau". Segundo este dirigente, o "contexto não é fácil" e "as instituições são extremamente frágeis". Os líderes civis querem garantir a estabilidade e dizem que o "país não pode ser abandonado pelos seus parceiros no momento de maior dificuldade".» [DN]

Parecer:

Um dia destes a capital da Guiné-Bissau fica nas florestas da Colômbia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o percurso triste de um país que desde a independência só se afundou.»

ESTADO DEVE CRIAR OS SEUS PRÓPRIOS BANCOS

«“Nos Estados Unidos entregámos à banca 700 mil milhões de dólares. Se tivéssemos investido apenas uma fracção dessa quantia na criação de um novo banco teríamos financiado todos os empréstimos necessários”, explicou Joseph Stiglitz em declarações ao jornal “Independent”. Na realidade, adiantou, teria sido possível atingir esse objectivo com muito menos.

Para o Nobel da Economia, o problema dos Estados Unidos é que o estímulo fiscal não foi o que era necessário. Depois dos ataques dos mercados financeiros à Grécia e a Espanha, o consenso aponta para a poupança por parte dos governos, critica Stiglitz que compara a situação actual com a dos Estados Unidos durante a presidência de Herbert Hoover.» [Público]

Parecer:

Faz sentido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário aos que defendem a privatização da CGD.»

CIENTISTAS PORTUGUESES PROCURAM BURROS SELVAGENS NA CHINA

«Partiram de Portugal para viajar quase cinco mil quilómetros, pelo coração da lendária Rota da Seda, em versão genética. Tinham em mira burros, marmotas e aves. Primeira de duas partes de uma expedição científica.» [Público]

Parecer:

E O jumento aqui tão perto...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Meta-se uma cunha aos cientistas para que arranjem um desses aqui para o palheiro, ainda por aí muito boa gente a precisar de uns coices no dito cujo.»

NINA CLARIDGE

SETE LÉGUAS BOOTS