sábado, junho 05, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

"Trabalhando" na Rua Augusta

JUMENTO DO DIA

Pacheco Pereira, deputado do PSD

A declaração de voto apresentada por Pacheco Pereira na votação das medidas de austeridade, para além de serem uma mentira política pois resultam mais das pressões internacionais do que da situação interna, são um ataque frontal a Pedro Passos Coelho, ainda que disfarçado de um ataque a José Sócrates, o seu ódio de estimação.

É uma pena que Pacheco Pereira não tenha enfrentado Pedro Passos Coelho em vez de o fazer de forma disfarçada numa declaração de voto.

«O deputado do PSD, Pacheco Pereira, justifica o seu voto favorável à proposta de lei do Governo que prevê as medidas adicionais de combate ao défice “por razões de exclusiva disciplina partidária”. E defende que a bancada até se poderia abster, mas “nunca” dar “um voto favorável”.

Na declaração de voto entregue hoje, Pacheco Pereira sustenta que “embora em muitos aspectos as medidas propostas neste diploma sejam contraditórias com propostas particulares do Programa” do PSD, “elas não contradizem a necessidade nele apontada de medidas de controlo de contas públicas e da dívida”. Pacheco Pereira lembra que o Programa do PSD e declarações feitas em campanha eleitoral “denunciavam o caminho para o abismo a que a política do governo de José Sócrates e do PS conduziam o país”. Mas sublinha como essencial “impedir a queda dos portugueses numa situação de falência nacional com elevados custos sociais e de Portugal numa situação de pedinte público à comunidade internacional”.» [Público]

"THE BEAR", POR JEAN-JACQUES ANNAUD

TÍTULO 10 'INOCENTES' ÚTEIS

«Na semana em que o PS veio formalmente apoiar a candidatura presidencial de Manuel Alegre, surgiram notícias várias de que estaria em curso uma busca de um candidato alternativo ao actual Presidente da República na área da direita.

O pretexto seria o facto de o professor Cavaco Silva não ter exercido o veto político em relação à lei que regula o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Alguns comentários que vieram a público, sem nunca assumirem a paternidade de tal busca de um candidato alternativo, acabaram por alargar a crítica ao actual Chefe do Estado evidenciando uma avaliação globalmente negativa do seu primeiro mandato. Os argumentos dessa avaliação crítica vão desde uma leitura demasiado institucional do cargo por parte do professor Cavaco Silva (que implicitamente beneficiaria o actual Governo e o partido que o apoia) até ao facto de não ter promovido um "Governo de unidade nacional" após a perda da maioria absoluta pelo PS nas eleições legislativas de Setembro do ano passado. O facto de não ter vetado a lei dos casamentos gay seria apenas a gota que teria feito transbordar o copo…

Estas críticas que agora surgem não foram, contudo, formuladas anteriormente nos momentos mais apropriados. Com efeito, não me lembro de ninguém ter defendido uma fórmula governativa abrangente após as eleições de 2009. Antes me lembro bem, isso sim, das vozes que criticaram como pura hipocrisia a ronda de contactos que o primeiro-ministro levou a cabo com todos os partidos no tocante à fórmula governativa a adoptar, dada a ausência de uma maioria absoluta no Parlamento…» [DN]

Parecer:

Por António Vitorino.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CORPOS DE DEUS

«Ontem celebrou-se o feriado católico identificado nos calendários como "Corpo de Deus". Neste feriado, ocorre uma procissão alusiva que sai da Sé de Lisboa. Durante todo o tempo da procissão e da celebração que se lhe seguiu, altifalantes colocados nas ruas limítrofes transmitiram, em altos berros, as palavras do oficiante. Tratou-se, pois, de uma missa campal, só que urbana e entrando pelas casas de todos os moradores da zona.

Ora bem: é perfeitamente normal haver uma procissão (o feriado é outra loiça) e que quando ela passa haja música e cânticos e portanto barulho, como é normal no que respeita a qualquer manifestação, seja qual for o seu cariz. Estender a noção de normalidade ao transformar de um bairro numa espécie de colónia religiosa é decerto ir um pouco longe de mais. Como o seria, de resto, se em vez de se tratar de uma manifestação religiosa fosse um evento político, cívico ou comercial qualquer. Sucede que a assunção da "normalidade" por parte de quem - a administração camarária - autoriza o descrito é de que a religião, neste caso o culto católico, não é "uma questão". Ou, para usar uma estafada e irónica expressão, não é "fracturante" - e portanto questionável. Esta ideia, que descende em linha recta do tempo, pré-República, em que existia "uma religião do Reino", sempre foi no entanto desmentida na lei, e nem mais nem menos que na lei penal - e, incrivelmente, ainda hoje. O actual Código Penal, revisto em 2007!, penaliza aquilo que costumamos chamar blasfémia e que tanto brado levanta, e justificadamente, de cada vez que é invocada, na voz de seguidores da religião islâmica, para qualificar opiniões, actos ou criações que no entender desses seguidores atentem contra a respectiva crença/fé (vide o célebre caso das caricaturas dinamarquesas). Os artigos 251.º e 252.º do CP, com epígrafe "Crimes contra os sentimentos religiosos" elencam uma série de actos com pena de prisão até um ano nos quais se inclui "publicamente vilipendiar acto de culto de religião ou dele escarnecer". » [DN]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A SITUAÇÃO ESTÁ PRETA

«As agências de notação financeiras com aquele ar grave que põem para baixar notas acabam de dizer que vêem a BP numa "perspectiva negativa". A sério? As ratazanas do rating chegaram lá mais lentas que os pelicanos (e, estes, de asas coladas e patas presas na maré negra do golfo de México). A Fitch e a Moody's baixaram a BP do "AA+" para "AA". Agora que corre tanta tinta negra é que lhes deu para diminuírem os caracteres. As autoridades americanas estenderam a primeira factura: 69 milhões de dólares. Que pode chegar a 20 mil milhões. Mas até esses números são tragáveis comparados à cara dos responsáveis da BP quando sobem a uma plataforma e se lhe estende um microfone. Ter uma branca é a expressão que se dá a quem nada lhe ocorre e tem mesmo de dar uma resposta. Ter uma branca é uma ironia quando se vê o que corre sob a plataforma. Mais preciso foi o patrão da empresa, Tony M. Hayword, falando para o Financial Times: "Não temos os instrumentos necessários na nossa caixa de ferramentas." A jusante, na garagem, já ouvi mecânicos a dizer isso, tão a montante, à boca do poço de petróleo, nunca. É assustador. E pensar que o anterior patrão, Lord John Brown, queria, ainda há pouco, mudar o nome de British Petroleum para "Beyond Petroleum" (Para lá do Petróleo)... Mas, para arroubos líricos nas petrolíferas, nada melhor do que um susto real. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

VIDA ARTIFICIAL

«O tema da semana deveria ser a última barbaridade de Israel. Mas não vale a pena gastar muitas palavras. Trata-se de um Estado falhado governado por uma extrema-direita inqualificável. A eficácia das suas ações brutais é mais do que duvidosa. Os israelitas vivem apavorados, rodeados por muros, alienados. As liberdades são cada vez mais escassas. E, a cada crime em nome da segurança, são mais uns milhares de bombistas suicidas que emergem no mundo islâmico. Alguns chegarão às nossas ruas civilizadas.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por Leonel Moura.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UM PAÍS EUROPEU À BEIRA DA BANCARROTA

«A Hungria pode entrar em bancarrota admitiu hoje um porta-voz do governo do país, citado pela agência de informação financeira Bloomberg, que afirmou que o governo anterior "manipulou" e "mentiu" sobre o estado da economia.

"Não é nenhum exagero" falar em bancarrota, disse Peter Szijjarto, porta-voz do primeiro-ministro Viktor Orban (na foto), citado pela Bloomberg.

A comissão de inquérito ao estado da economia, chefiada pelo Secretário de Estado Mihaly Varga, vai apresentar os dados preliminares sobre o estado da economia no fim de semana.» [DN]

Parecer:

Não eram só os países do sul?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «espere-se por mais países com problemas.»

LOUÇÃ FAAZ POPULISMO À CUSTA DA ZONA FRANCA DA MADEIRA

«Francisco Louçã frisou que o fim dos benefícios da Zona Franca da Madeira podia evitar a subida do IVA sobre os medicamentos e bens de primeira necessidade. José Sócrates acusou BE de ser "contra o euro" e querer fazer o aproveitamento político da crise.» [DN]

Parecer:

À conta do argumento dos medicamentos Louça transformava Portugal na Cuba da Europa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se a Louçã que seja menos enjoativo.»

CARLOS QUEIROZ ESTÁ COM SORTE

«Sven-Goran Eriksson, seleccionador da Costa do Marfim, declarou esta sexta-feira que Didier Drogba se lesionou "à altura do cotovelo" e que não sabe se o capitão poderá jogar no Mundial.

"É inquietante, bem entendido. É o nosso capitão e o nosso melhor jogador. Ainda não falei com ele, mas o que é seguro é que a dor é muito forte", acrescentou o treinador sueco.

Drogba partiu o braço durante o jogo de preparação da Costa do Marfim com o Japão (2-0), em Sion. » [DN]

MAIS UMA BALDA NAS ESCOLAS

«O primeiro-ministro, José Sócrates, confirmou hoje que os alunos com mais de quinze anos e o oitavo ano de escolaridade podem passar para o décimo se tiverem aproveitamento nos exames do nono ano.

"É falso que é permitido passar do oitavo para o décimo ano. O que é permitido, como já estava indicado genericamente, é que os alunos com mais de 15 anos e que têm o oitavo ano podem fazer o exame do nono ano", afirmou José Sócrates. » [DN]

Parecer:

Se têm quinze anos e não passaram do 8.º ano o que vão fazer para o 10.º a não ser reduzir a qualidade do ensino nas turmas em que forem colocados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Sócrates que os passe logo para a discussão da tese de mestrado.»

A ÉTICA DO GOVERNADOR

«O deputado do PSD Cristóvão Crespo questionou esta sexta-feira o Ministério da Administração Interna (MAI) sobre uma declaração do governador civil de Portalegre, Jaime Estorninho, em que este terá afirmado que «quando é necessário mentir tenho que mentir».

Numa pergunta dirigida ao MAI, a que a Lusa teve acesso, o parlamentar social-democrata refere que as declarações de Jaime Estorninho terão sido proferidas durante uma palestra, promovida por uma escola profissional, sobre «Ética Profissional». » [Portugal Diário]

Parecer:

Digamos que é a ética da mentira responsável.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

PS DÁ PREJUÍZO

«O Partido Socialista devia mais de 35 milhões de euros no final de 2009, o que representa um agravamento de 32 milhões (969,6 por cento) face a 2008. As dívidas dos cinco maiores partidos totalizavam 48,9 milhões de euros no final do ano passado, contra apenas 7,8 milhões um ano antes. Ou seja, o PS sozinho já tem mais dívidas do que todos os outros juntos, substituindo assim o PSD que, em 2008, era o partido que detinha este registo. Estas são algumas das conclusões que se podem retirar da análise efectuada pelo PÚBLICO às contas anuais de 2009 dos partidos políticos, entregues no Tribunal Constitucional. O prazo para entregar as contas naquele tribunal - para que a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos as possa agora auditar - terminou a 31 de Maio.» [Público]

Parecer:

Sinal de que a Sorefame não lhe paga as dívidas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Sócrates que adopte um PEC para o PS.»

POLKOSH