um dos erros de António Guterres foi a vaga de reestruturações que promoveu na Administração Pública, os resultados foram desastrosos para o Estado e, como hoje se percebe, para os contribuintes, o Estado paralisou com muitos serviços lançados na instabilidade e os institutos multiplicaram-se como cogumelos.
Sócrates não aprendeu a lição e lançou mais uma vaga modernizadora, arranjou uns estudiosos e lançou o PRACE, o Estado voltou a ser mergulhado na instabilidade com centenas de serviços sem saber qual seria o seu futuro. Depois de tanta instabilidade sucedeu o que era de esperar, os cientistas escolhidos para remodelar o Estado limitaram a deixar tudo na mesma e a criar mais alguns institutos, chega-se ao ridículo de o ministro das Finanças vir a assumir o papel de homem rigoroso extinguindo um instituto que ele próprio criou.
Como se tanta desorganização não bastasse veio agora o secretário de Estado da Administração Pública dizer, com aquele ar ameaçador que acha que fica bem a um governante, que vai reduzir 20% das chefias do Estado, isto é que para decapitar a despesa pública a solução mais adequada é decapitar os serviços públicos.
Independentemente de ser óbvio que alguns serviços públicos multiplicaram as chefias esta abordagem só revela ignorância e incompetência, a mesma incompetência comprovada pelo falhanço das reformas como o PRACE ou a avaliação do desempenho, esta última enterrada com a decisão orçamental de suspender os prémios, agora os que dão o litro vão ter direito a um “santinho” oferecido pelo ministro. Recorda-me a anedota em que duas amigas falavam sobre as ofertas que recebiam dos amantes, uma gabava-se o casaco de peles, a outra queixava-se com tristeza de que o padre Zé só lhe dava santinhos.
Como explicar que se reduzem agora 20% das chefias quando há pouco tempo e com recurso a numerosos estudos Não o fizeram? É evidente que à bordoada tudo é fácil e de um secretário de Estado que em tempos ameaçava trucidar quem se atravessasse à frente das suas reformas tudo se espera. Da reforma científica passa-se à bordoada cartesiana, agora já não interessa a qualidade dos serviços públicos, o que importa é uma estratégia populista que vai exibir a cabeça dos chefes da Administração Pública à horda de contribuintes revoltada com os cortes nos seus rendimentos.
Declaração de interesses: Não sou chefe de nenhum serviço, nunca aceitei ser chefe, nunca concorri ou meti cunha para ser chefe e nunca exerci qualquer cargo nomeado do qual resultassem benefícios pessoais. Mais, até acho que o Estado tem chefias a mais, provavelmente mais do que os 20% que se pretende cortar