Teixeira dos Santos deve estar muito grato aos mercados, graças aos malditos especuladores pode tentar iludir os portugueses fazendo-lhes crer que governou exemplarmente as finanças públicas durante seis anos e agora se não fosse ele a apresentar o “orçamento mais importante dos últimos 25 anos” os portugueses veriam o seu país entregue aos cuidados paliativos do FMI. Portanto, Teixeira dos Santos não é responsável, transformou-se em salvador, um salvador a que quem estiver interessado em deixar o orçamento pode telefonar-lhe das 0 às 24h.
A culpa não é dos que pedem dinheiro, que não controlam as despesas e são obrigados a empenhar-se cada vez mais, a culpa é dos que emprestam o dinheiro e não deviam cuidar dos seus interesses emprestando-o a um país que caminha para a bancarrota. Foi culpa dos mercados o descontrolo intencional da despesa durante 2009? Não me parece.
Se um país está à beira da bancarrota e o ministro das Finanças está no cargo não se pode aceitar que em vez de ser avaliado ainda se arme em fanfarrão e venha dizer que fez uma grande coisa e deve ser tratado com a reverência merecida a um herói. Se eu roubar um papo-seco no Pingo Doce ou no Lidl corro um sério risco de ir a julgamento e um ministro que conduz as finanças públicas a um ponto em que se tira uma parte substancial do rendimento dos portugueses ainda tem a distinta lata de falar de cima para baixo?
Os portugueses estão a pagar a ineficácia da máquina fiscal gerida pelo ministro, estão a pagar o excesso de despesa que os famosos controladores financeiros deveriam ter controlado, estão a pagar a despesa resultante das decisões do ministro das Finanças em relação ao BPN. É verdade que também pagamos os submarinos do Portas mas as finanças estão demasiado no fundo para que tudo se explique com submergíveis.
Há um senhor que deve ser julgado antes de qualquer outro, é Teixeira dos Santos, ministro das Finanças. É verdade que os especuladores fizeram com que os juros da dívida subissem, é verdade que a actuação de Pedro Passos Coelho, mas antes de condenar um e julgar o outro é Teixeira dos Santos que deve ir a julgamento e em democracia esse julgamento.
Teixeira dos Santos falhou todas as previsões, nomeou chefias inúteis só para empregar amigos como controladores financeiros, deu sinais errados aos portugueses dizendo-lhes que a despesa estava sob controlo, mentiu sistematicamente sobre a real situação financeira do país. Teixeira dos Santos é o responsável pela uma das situações financeiras mais difíceis do país desde o princípio do século vinte, mas não teve que enfrentar qualquer revolução ou guerra, governou as contas em democracia, com Portugal na EU e com maioria absoluta durante mais de quatro anos, não tem desculpas.
Nas democracias os cortes salariais ou nos direitos dos cidadãos são decididos por consenso e em resultado do debate parlamentar, são conseguidos com contrapartidas negociais para os que são penalizados, são feitos com objectivos de progresso. Não é normal que em democracia um ministro decida a quem tirar 15% do rendimento sem que a vítima se possa pronunciar e em consequência da sua própria incompetência.
Se eu fosse ministro das Finanças e fizesse o que Teixeira dos Santos fez ao país e aos portugueses pediria humildemente desculpa aos meus concidadãos pelos prejuízo que a minha incompetência lhes provocou e apresentaria o pedido de demissão.