Cavaco decidiu dar instruções aos responsáveis pela sua campanha para que não gastem mais do que metade do permitido por lei, pretendendo assim dar o exemplo em tempo de crise e condicionado porque os eleitores não admitiriam outra decisão.
Com este truque Cavaco dá um golpe baixo nas candidaturas adversárias, usando e abusando do estatuto de Presidente da República pretende limitar as outras candidatura ampliando a vantagem que resulta do seu estatuto e, por outro lado, avança com um argumento populista inadmissível num Presidente da República, tenta condicionar a actividade política dos outros candidatos colocando-os na posição de gastadores mesmo que cumpram a lei.
É um argumento estranho pois há cinco anos a situação da economia portuguesa não era assim tão diferente da actual mas Cavaco não ficou envergonhado por gastar o que a lei permitia e lançou vagas sucessivas de outdoors sem qualquer receio da opinião dos portugueses. Só que nessa atura Cavaco Silva não beneficiava do estatuto de vantagem de que dispõe agora e, ainda por cima, vinha de uma derrota presidencial frente a Jorge Sampaio.
Se Cavaco quer dar um exemplo de poupança então que mostre aos portugueses quanto do orçamento da Presidência da República poupou ao longo do seu mandato, que mostre aos portugueses as contas da Presidência da República provando que poupou no dinheiro dos contribuintes.
Se Cavaco acha que se gasta demasiado em campanhas eleitorais então porque não usou da sua magistratura de influência para propor ao parlamento uma alteração da lei?
Infelizmente Cavaco começou a pré-campanha das presidenciais sendo igual a si próprio, com um golpe oportunista que usa a situação do país em seu favor, tentando condicionar as campanhas dos outros candidatos, ele que na última campanha terá sido muito provavelmente o candidato que gastou mais dinheiro.