Passos Coelho que lê mais as sondagens do que os orçamentos, quase aposto que não se deu ao trabalho de ler um, exigiu redução na despesa e Sócrates fez-lhe a vontade, serviu-lhe numa bandeja os funcionários públicos que ganham mais do que a imensa fortuna de 1.500 euros. Passos Coelho ficou danado, junto aos cortes nos vencimentos vinha um aumento do IVA e pior ainda do que isso, vinha um corte nos benefícios fiscais das despesas de saúde.
De um lado temos Sócrates que prometeu não cortar uma parte do décimo terceiro mês e por pouco não capava uma boa parte da Função Pública, do outro está um Passos Coelho que acha que um corte de 10% nos vencimentos é pouco e exige mais cortes na despesa não vá o consumo prejudicar a SONAE e o Pingo Doce ou os cortes nos benefícios fiscais prejudicar as contas do grupo Mello.
Mas em que despesa se deve cortar perguntam ao Passos Coelho? Que não tem de ser ele a dizer, apesar de já no tempo das directas no PSD ter dito aos seus adversários que sabia como, que o seu grupo de sábios tinha chegado a essa brilhante conclusão. Não faz propostas, discorda de um orçamento que desconhece mas não questionou o corte nos vencimentos, isto é, concorda com essa par do orçamento. Isto é, se Sócrates tivesse ido mais longe cortando 10% da massa salarial do Estado e evitado o aumento dos impostos já teria concordado.
Eu até acho que se Sócrates decidiu cortar na despesa pública deveria ter tido a coragem de ter ido mais longe, incluindo não só todos os funcionários públicos como também os aposentados. Seria o suficiente para evitar um aumento da taxa do IVA e minimizar os efeitos recessivos das medidas de austeridade.
O problema é que Passos Coelho é um político pouco corajoso, não diz o que quer e como lhe basta abster-se na vocação do orçamento nem precisa de concordar com as medidas que exige, é por isso que discorda do aumento do IVA e dos cortes nos benefícios fiscais na saúde mas quanto ao corte nos vencimentos não concorda, não discorda, aliás, nem sequer ouviu falar do assunto.