Experimentem a juntar nas contas do Estado as contas de todas as organizações estatais e considerem as regras contabilísticas em uso até aos anos oitenta e saberemos o real das economias europeias e, em particular, da economia portuguesa. Estes truques deram jeito aos políticos para iludir os eleitores, criarem uma infinidade de empresas públicas e institutos estatais onde empregaram boys, aumentaram a despesa pública permitindo-lhes governar em função das sondagens. Mataram três coelhos com uma cajadada e nalguns países mataram também a esperança dos cidadãos.
Não deixa de ser irónico que tenham sido os critérios do EUROSTAT que tenham servido ao ministro das Finanças para justificar o défice de 2010, como se o contrato, a data de entrega e o pagamento dos submarinos não estivessem estabelecidos no contrato.
A União Europeia, Conselho e Comissão, têm grandes responsabilidades na crise que alguns dos seus países estão atravessar, ainda há dois anos os conselhos europeus estimularam o descontrolo orçamentais, a mesma Alemanha que hoje exige rigor não pensava assim quando receou que o controlo do consumo prejudicasse as suas exportações. Ultrapassada a crise nos países mais ricos da zona euro regressou o rigor e a preocupação com os contribuintes alemães, como se um empréstimo à Grécia com juros de 5% pudesse ser considerado um favor.
A verdade é que a Europa é um espaço de mentiras contabilísticas onde tudo vale para desorçamentar despesas ou iludir os défices, por cá já poderíamos exibir uma vasta colecção de truque de ilusionismo, desde a famosa venda de dívidas incobráveis ao fisco às parcerias com o sector privado na gestão do hospitais.
A génese da actual crie financeira não está apenas nas políticas governamentais, está na contabilidade de mentiras em que se transformaram os orçamentos dos paíse do euro, em particular daqueles onde os défices são maiores.