Se perguntarem a um jovem português o que mais ambiciona para o seu futuro a resposta mais provável é reformar-se com uma boa pensão, somos um país de velhos, de jovens velho e de velhos de meia idade, estamos todos velhos. Não admira que os dois principais candidatos a Presidente da República sejam dois velhos, que na hora de negociar com o governo do PS Passos Coelho tenha ido buscar um velho, que os presidentes dos dois maiores bancos sejam dois velhos.
Quando se debate economia não se vê um jovem e há muitos bem sucedidos na liderança das maiores empresas portuguesas, aparece um conselho de anciãos formados por ex-ministros das Finanças, precisamente os grandes responsáveis pela desgraça a que chegou o Estado português.
Nas elites há uma verdadeira caça às pensões, há pensões para todas as idades, os ex-governadores do Banco de Portugal recebem pensões como se tivessem sido bailarinos do Ballet Gulbenkian, o Presidente da República é um papa pensões, uma boa parte dos nossos políticos já são pensionistas, até houve um que em tempos esteve uns meses no parlamento contra a vontade do seu partido só para completar o tempo necessário para receber a pensão.
Não admira que muitos dos nossos jovens tenham por ambição ser pensionistas, a lista da Caixa Geral de Aposentações distribui mais riqueza do que a dos prémios do Euromilhões, o maior aumento dos funcionários públicos ocorre quando estes se reformam. Pior ainda, todos queremos reformar-nos quanto antes pois cada ano que passa o dinheiro para distribuir pela burguesia pensionista é cada vez menos.
Daqui a vinte anos deixarão de haver classes sociais no sentido marxista do termo, os portugueses passarão a ser classificados como os vinhos, quanto mais velhos melhor, teremos os reformados de 2000 que são ricos, ganham várias pensões de montantes elevados, os reformados de 2010 que ganham um pouco menos do que os de 2000, os reformados de 2020 que ganham metade dos de 2010 e quando chegarem os reformados de 2030 não só receberão nada como ainda terão de pagar as reformas dos de 2010 e 2020.
No Portugal de 2030 não haverá lutas sindicais, haverá confrontos na rua com os velhos reformados de 2030 à cajadada com os de 2020.