Há poucos dias Passos Coelho sugeriu aos seus ministros que as eleições ganham-se em Portugal, deixando no ar a ideia de que uma boa parte dos nossos governantes aparecem por cá de vez em quando. Curiosamente uma das bandeiras populista deste governo era o corte das gorduras do Estado resultantes dos excessos de passeio por parte dos governante.
Se um governante quiser conhecer todo o mundo pois há dezenas de eventos organizados pelos mais diversos governos e entidades, em regra organizados em locais aprazíveis e que criam um mercado de turismo governamental muito apreciado em Portugal. Num governo anterior houve um secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que à conta dos acordos de dupla tributação conheceu os destinos turísticos do mundo pois para uma assinatura que qualquer cônsul podia assinar o rapazola fazia-se acompanhar de vasta comitiva e aproveitava sempre para estar uns dias a descansar da pesada tarefa que tinha sido pegar no raio da caneta.
Mas deixemo-nos deste lado da miséria humana pois não era isso que preocupava Passos Coelho, o que o parecia preocupar era o desaparecimento de muito boa gente do governo. Passos Coelho tem toda a razão, só Nuno Crato viajou em 2014 mais de 150.000 quilómetros, Paulo Portas aparece por cá de vez em quando. Mas será que Passos Coelho ganha mais votos se amarrar Nuno Crato a uma cadeira para o obrigar a dar a cara mais vezes?
Este é o grande dilema de Passos Coelho, o único ministro que ainda tinha alguma boa imagem pediu a demissão cedendo o lugar a uma senhora que bem podia ter a alcunha da ministra invisível. Passos vai ter um problema de solidão pois a maioria dos seus ministros são detestados pelos leitores, uma boa parte são considerados incompetentes pela generalidade da população. Até o manhoso Dr. Paulo macedo, um especialista em propaganda pessoal acabou por “partir” uma pena com as mortes nas urgências e depois de ter aparecido tardiamente a dar a cara, voltou a desaparecer.
Quem vai dar a cara pelo governo ao lado de Passos? Não será boa ideia levar o Aguiar-Branco e os seus drones que vão parar ao malagueiro, a maluca da justiça ninguém a quer ver ao lado a não ser, talvez, o seu amigo António Costa, o Maduro azedou e o seu Lomba dos briefings desapareceu, Paulo portas deverá estar a equacionar a hipótese de ir vender o Magalhães a Marte, o Macedo anda com um cemitério às costas, o Crato é o que se sabe, a senhora da Administração interna parece ser muito envergonhada e até o humorista da Horta Seca parece ter desaparecido.
Curiosamente, num governo que desvaloriza os secretários de Estado é neste grupo que ainda se vão vendo algumas personagens, é o caso do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que parece ser o verdadeiro ministro das Finanças pois a Maria Luís deu o fora, e o Monteiro dos Transportes, ainda que este tenha sido apanhado nos negócios dos swaps e também deverá andar desaparecido durante uns dias.
A este governo não vale a pena dizer desapareçam pois eles já andam desaparecidos, eles e o próprio Cavaco. O problema é que desapareceram e esqueceram-se de desamparar a loja.