Agora que o foguetório acabou e os vapores alcoólicos se dissiparam recordo que na última semana de 2014 as urgências do hospital Amadora Sintra e de outros hospitais estiveram num caos, chegando ao absurdo de os doentes terem de esperar 24 horas para serem atendidos. No Hospital de São José um homem morreu esquecido numa maca a aguardar tratamento, tendo sido um filho a constatar o óbito.
Como era de esperar o Opus Ministro Paulo Macedo não deu a cara, podia ter feito uma das suas encenações tipo ébola para mostrar como poderia ter sido salvo o homem, até poderia ter convocado o ministério da Saúde para uma missa na Sé de Lisboa ou podia ter convocado os médicos para tocarem cornetas de feira como fez com os dirigentes do fisco. Paulo Macedo não fez nada disto, nem sequer apareceu ao lado da Catarina Furtado para uma qualquer manobra de propaganda, simplesmente não deu a cara e desapareceu.
Bem, não desapareceu totalmente, desapareceu para não ter de assumir responsabilidades mas aproveitou-se das situações para mais uma das manobras de propaganda em que se tornou especialista nos tempos da DGCI. Começou por autorizar o Hospital-Amadora Sintra a contratar uma dúzia de médicos para passarem a passagem do ano nas urgências e perante o avolumar do escândalo mandou dizer que iria perseguir as empresas,
A culpa não foi do ministro mas sim das empresas que não serão incomodadas e das quais ninguém falará daqui a uma semana. Graças a manobras de propaganda a culpa ficará solteira e daqui a uns dias continuarão a dizer que Paulo Macedo é um bom ministro. O Paulo Macedo beneficiou da pressão sobre o preço dos medicamentos que já tinha sido iniciada antes de se imaginar ministro, beneficiou do aumento de uma hora de trabalho gratuito, beneficiou dos cortes brutais nos vencimentos do pessoal médico e mesmo assim cortou brutalmente na saúde. Brutalmente e de forma irracional como se viu.
A morte ocorrida no Hospital de São José não +e a única que pode ser atribuída à responsabilidade política do ministro, já o mesmo tinha sucedido em Évora onde ocorreram duas mortes porque as ambulâncias ficavam nas garagens. Mas o corajoso Opus ministro Macedo não teve a coragem de assumir as responsabilidades, em todos os casos escondeu-se nos gabinetes e só voltou a parecer em público quando tudo estava esquecido.
O Opus Macedo é bem diferente do ex-ministro Miguel Macedo que não tendo quaisquer culpas ou responsabilidades pessoais teve a coragem de assumir as responsabilidades políticas no caso dos vistos gold. O mesmo não fez o Opus Macedo que apesar das mortes pelas quais é politicamente mais do que responsável, escondeu-se e desde o seu esconderijo desencadeou manobras de propaganda para iludir as suas responsabilidades.
Apetece-me imitar Passos Coelho e dizer que os Macedos não são todos iguais.